Momentos de desespero, de decisões, situação de vida...sensação de nos sentirmos em mar alto, revolto, sem pé e...
...a ter de tomar uma de três decisões, nado para terra e tenho fé que terei forças e chegarei a algum lado, fico a boiar e espero por um alguém que me procure, me salve...Ou, não aguento o mêdo do sofrer que se aproxima...e, desisto sem esperança, esperando afogar-me, sem sofrer mais...
Metáfora que nos alerta para a desistência, ou para nossa capacidade de luta e resiliência. Metáfora que nos ilustra caminhos que existem sempre, se nos dermos a oportunidade de acreditar em nós, na nossa força, no caminho que se segue que devido à imposição da nossa fé, se pode desenrolar de maneiras diferentes das que anteriormente poderiam ter sido planeadas, ou desenhadas para nós.
Todos eles têm a sua quantidade de sofrimento, de dor, pois todos eles, sem excepção, implicam um esforço da nossa parte, que por vezes, pode parecer desmedido, impossível, incalculável, mas, a cada braçada que damos, a cada momento em que sentimos a gana de apostar em nós, na nossa Vida, no nosso EU, mais força ganhamos para a próxima braçada.
É difícil, às vezes quase que insuportável o sofrimento de algumas pessoas, mas, o escolher viver, "o nadar", o querer ser em pleno, na segurança de terra, no desafio do Mar, vai-nos mostrando que podemos aprender a intercalar esse sofrer, com a Vida no seu lado mais belo, na essência de ser, no silêncio da alma, que às vezes nos consome de ansiedade, ou de descrença.
Somos efémeros, somos frágeis, somos pequenos, somos um átomo no Universo, mas, SOMOS, EXISTIMOS e, quando nós sorrimos, quando de nós gostamos, quando brincamos, quando rimos, quando observamos algo belo, quando beijamos, quando amamos, quando temos amor, quando temos prazer, somos um mundo, um universo, com energia para nos fazer nadar, para nos fazer querer chegar e ter uma Vida nossa, à nossa maneira.
É uma batalha, mas nenhum momento nos deve roubar o desejo, o prazer, de sentirmos em nós, um coração a bater, um viver em cada pedacinho de nós, num momento que pode ser maravilhoso, de sabermos que tem de existir sempre um depois, que nos dá menos dor, mais alegria. Há sempre um depois, se no durante, eu não desistir.
No desespero, no mar alto, não se decide, não se desiste, não se dá opções, tira-se tudo de nós, rasga-se o peito e de face erguida, com a certeza de que se ganha, de que a conquista é nossa, vamos, sem opções.
E, no silêncio da praia, no descanso da areia, na segurança do chão, na nudez do pânico, sem gritos mudos, reflectimos, vemos o sol, o Norte e, em paz, eu encontro-me com o meu eu, que está lá dentro e sobreviveu, não desistiu, viveu. Chegou à costa. E então, roubo tempo à vida, e decido a situação que me preocupa, o mêdo, a angústia, o momento...não passa de um momento.
De coração cheio e em paz, abraçada a mim mesma, respirando toda a minha essência, faço o que acho bem, faço o que me é importante, entrego-me ao destino da minha Vida, ditado por mim, escolhido por mim.
Sou eu que decido, em força, com um olhar no horizonte, fixo no futuro, no sabor do presente.
E, em força, dona do saber que sou eu que ganho esta batalha. Que o destino foi todo meu, que a minha força existe assim, cheia de mim, em alma e coração, mergulho de novo, para a viver.
A cada dia um novo nascer, a cada dia um novo viver.