“Sentes-te em baixo?
Sobe a uma cadeira e deixa-te ficar alto, até passar a neura…no cancro aconselho sorrir”
É um desafio? Sim…mas que é da Vida sem um belo desafio, num dia em que nos vestem de preto pela notícia partilhada, enviada…matamos o mensageiro, ou, recolhemos ao interior de nós, e fazemos aquilo que a Vida nos ensina ao longo das múltiplas etapas pelas quais passamos e caímos e, nos permitem, aprender a levantar.
Viver com cancro, saber que se tem cancro, lidar com quem nos rodeia e que sabe o que sabemos…lidar com as nossas lágrimas e as dos outros, agarrar os aspectos lógicos e práticos, ou implorarforças metafísicas…ter de ter forças para mim e para o outro, ou mandar dar tudo uma volta, e recolher,a um cantinho, recusando-me a crescer, a aceitar…
Mergulhos de um infinito pesar, cheios de fragilidades, que noslevam ao medo…que escurecem a estrada, quem me diz…como sair daqui…todos me dizem ou sugerem “tem força”, “vais vencer isto”…”vais ver que não é nada, que vais ser um doscasos de sucesso”, mas olho no olho, cara na cara, sinto, leio… as mentiras em que, nem eles, nem eu, acreditamos.
Passo fases, claro que passo, e nem todos nós enfrentamos situações destas da mesma maneira, com as mesmas forças, vontades, redes de suporte, ou garra, de lutar pela Vida, seja ela apenas a que me resta (copo meio vazio), ou aquela que eu quero que seja, em pleno e até onde eu for (copo meio cheio).
Estas lutas internas existem porque temos que pensar, por nós, pelas condições com as quais me confronto, mas o meu pensar não é virgem, ileso, carrega-se de circunstâncias vividas, da minha personalidade e de todo o passado e bagagem que carrego até…ao maldito momento de confronto com o pássaro preto…portador de notícias…mas o que dita o meu pensar dai para a frente também vai depender daquilo que é o meu comportamento típico, o estado de animo que me costuma caracterizar e as reacções físicas que estes socos no estomago vão evocar em mim, no meu corpo, na minha alma, e na minha mente…
Aquilo que sei, por trabalhar há mais de vinte anos com pessoas, é que frequentemente demasiadas pessoas, demasiadas vezes, se desvalorizam, não reconhecendo a grandeza do ser humano, e acabam por valorizar em excesso, ou pior ainda, desmesuradamente aquilo que não são…logo este pensar pode trazer um desequilíbrio entre, o que eu realmente sou capaz de fazer, por mim, pela doença, pela luta em que me enfiaram sem ter sido convidado, ou sem ter sido parceiro activo; e aquilo que me sinto realmente capaz de fazer, de sentir. Chegando a questionar as forças que me levam dali para a frente, ganhando uma amnésia de sentir, que me impede de reconhecer em mim o anterior guerreiro, lutador, que se agarrava a qualquer coisa, para alimentar a caminhada em frente.
Então qual é o meu papel neste capítulo…? Mostrar que é possível pensar positivo no cancro, e ajudar a mostrar através de algumas partilhas e reflexões, que depois da pancada inicial, depois de ter ido ao chão, e batido com a cara, a pessoa ajudada pode lutar contra o previsível, mudar as marés, alterar os caminhos e os destinos, enganar o tempo, por em causa as decisões da natureza ou do Criador...e tomar por suas mãos, um processo, que ainda que não seja totalmente vitorioso, afasta a pessoa da sombra, do certo e faz nascer esperança no desconhecido, no 1%, nos anjos da guarda, nas estrelas, na força que se encontra dentro de si.
Porquê? Porque o fim é certo para mim, para ti, para si…e é tão só chegar lá só…e mais cedo.
Porquê? Porque se eu puder fazer crescer a minha vida um minuto, e que esse minuto seja de prazer, enganei o destino, e curti, maisum pouco…
Porquê? Porque sim, porque quero, porque vou decidir que esse é o caminho e esse é o que me assegura respeitar a minha pessoa até ao fim, permitindo que tudo aquilo a que tenho direito não me seja violentamente roubado, e porque se assim fizer, vou ter forças para enfrentar as tretas que resultam dos tratamentos, as dificuldades que me vão fazer querer desistir meia dúzia de vezes…senão uma dúzia mesmo.
Porque, na realidade eu não sabia quão forte eu era, até perceber que ser forte é a única escolha que tenho…porque só assim vivo, não estagno, não me resigno, a uma doença, que se impôs sem convite dentro do meu corpo…e sei, que com esta atitude, vou fazê-la sentir-se estranha, incomoda, a mais…e talvez se conseguir fazer esta dança, de expulsão, eu ganhe de novo o controlo sobre a minha casa, este habitáculo onde aprendi a viver os anos todos que me ficam para trás, e no qual não permito, gente que me queria mal.
É pensar…eu posso conseguir tudo (…querendo lá eu saber o que é “ tudo”agora, no meio de viver com cancro), se o quiser com toda a força, no meio de pensamentos mágicos, desejando-o mais do que tudo, com uma força que me rasga a pele, e se une às energias dos que me amam, e zelam por mim, que me sai pelos poros, e se junta e flui de mim para a energia do mundo inteiro, ao qual pertenço…do qual faço parte.
E ao pensar tudo isto, cresço, ganho tamanho de gigante, alcanço o céu com as pontas dos dedos, e acredito que vou vencer, agarro-me a essa escada vinda do céu, lançada por mim, e subo por ela, ganho altura, ganho sonhos… que me recordo terem ajudado na minha infância…lembro-me bem de tapar a cabeça, já na cama, no escuro, depois de ter visto um monstro no quarto, e para surpresa minha sempre que voltava a destapar a cabeça, o monstro tinha desaparecido, e assim percebi que tinha poderes mágicos…que uso até hoje, que quero usar agora e acreditar.
Quero acreditar que independentemente da minha idade, da minha doença, eu sou jovem! Eu tenho forças dentro de mim que me permitem acreditar que o positivo também existe, e que vem equilibrar o negativo. Numa luta entre super-heróis, em que um é o bom, reservando esse papel para mim, e o outro é o mau da fita, deixando esse papel para o cancro. Acreditar que a Vida me tem mostrado que com o negativo vem sempre o positivo, ou vice-versa, como se inseparáveis fossem. E se assim é, porque me deixaria eu, desligar do positivo, ignorar os seus acenos, focando-me naquele que me suga e me destrói…nem pensar, eu tento é desequilibrar a balança…e aumentar o positivo. Um dia a vitória vai ser nossa. Sim, eu consigo!
Acreditar que conheço velhos de 18 anos, mas que eu não vou permitir que um conceito criado pelos humanos –o tempo – me prenda, me restrinja, me deprima, e me mande abaixo. Não, eu agarro nos meus próprios ombros, abano-me, abraço-me, inspiro forte e sinto a Vida a fazer-se entrar pela minha boca e nariz…carregada de estrelas, magia, suspiros de Vida e amor, que me encherá de uma luz, minha, só minha, que me ilumina os passos, a Luta, o caminho.
Poderia falar de estudos controversos, cientificamente incorrectos, milagres mal explicados, a ciência no seu auge, em que todos ou alguns, discutem casos de cancro que se curam sem explicação, pelo menos plausível …poderia falar de teorias que existem em que, nos colocam a pensar nas células más que em mim habitam, e aprendendo posso visualizar a sua expulsão do meu corpo, e numa forma específica de meditação tentar que uma a uma, saíssem por onde entraram, sem qualquer cerimónia…mas neste capítulo, não me cabe provar a existência de estudos ou curas, mas sim despertar a vontade de perceberque o positivismo, o humor, a ajuda à luta que tem de ser travada, e a ajuda que permite desacelerar, parar e, prolongar a Vida dos processos que fazem parte, ou podem ser parte, do combate ao cancro.
Cabe-me criar uma esperança, uma fé, uma visão dourada e optimista das diferenças que crenças, atitudes e pensamentos podem desempenhar no desenrolar de uma história, da qual, me parece que, aparentemente todos têm medo de já saber o fim.
Todos temos a experiência, sem novidade, que quando pensamos positivo, conseguimos estar melhor, sentirmo-nos mais felizes, muito mais capazes de enfrentar tudo o que a Vida decida presentear-nos…os desafios que se nos colocam no dia-a-dia. Pensar bem, pensar de forma a identificar o que existe de positivo, e conseguir agarrar-me a esses pensares de forma a conseguir acreditar que mesmo no meio de tudo, há sempre algo que se pode fazer, um sentimento que ainda não se teve ou viveu, um amor por nós e pela nossa Vida…conseguimos então “curar”as enfermidades que nos assolam, quer a alma, quer o corpo.
Quanto mais feliz ando, mais apaixonado me sinto, pela Vida, pelo próprio viver, por quem sou, por quem me ama…melhor me sinto, menos stress, menos dores de costas, ou de cabeça…se conseguir recriar estes sentires, estas vontades, e canaliza-las para esta batalha, uma atrás da outra, posso pensar que talvez vença a guerra, e que talvez mesmo que não a vença, a cada batalha vencida, ganhei no contra-relógio, lutei contra o previsível, enganei e defraudei, o senhor do fato preto.
E decidi que hoje é um bom dia, para ter um bom dia!
Hoje é um bom dia, para me virar para o meu interior e agarrar-me pelas pontas e tomar uma decisão que me pode ajudar a mudar radicalmente o percurso que se vai seguir, com a decisão que esse caminho estará sob parte do meu controlo, ainda que tenha de partilhar o lugar de condutor de vez em quando.
Na relação, com os outros, ou connosco mesmos, temos todos os nossos momentos. Momentos de prazer em que nos olhamos nos olhos, e sentimos que o outro nos conquista, no dia-a-dia, nos seus gestos de prazer que até já podem ser gestos conhecidos de cor...Momentos em que sabemos de certeza absoluta que gostamos de nós, até mesmo muito, e que gostamos da nossa vida, mas se num improviso nos atrevemos a questionar, porquê? Vamos levar o nosso tempo a filtrar toda uma série de informações, mal- arrumadas e confusas, que tendemos a organizar de forma que nem nós percebemos porquê, mas que no fundo nos asseguram a certeza de sentimentos que muitas vezes nem questionamos.
Na vivência da rotina, do quotidiano, das pequenas coisas da Vida, esses cantos já não muito organizados, ou até arrumados, podem ficar esquecidos ou pelo menos arrefecidos, mas no meio de um processo de procura, de encontro, de luta, por mim, pela minha Vida, pelos outros que me rodeiam, vão ganhando forma se deixarmos, e vão dando força para lutar em acreditar que todas as situações podem vir a ficar melhores.
Aqui, começou-se um caminho de reconstrução pelo qual vale a pena caminhar, pois todas as conquistas, ainda que pequenas são nossas, são suas...e daí, ainda que com alguns recuos, a caminhada pode continuar e com mais sentido, sem nada adormecido ou arrefecido. Claro que dá trabalho, e em momentos como estes, enfrentar a doença, os outros, e ganhar esta vontade de trabalhar para seguir em frente, pode tornar-se difícil. Mas, peço-vos que pensem em exemplos, exemplos de algo que vocês sintam que vos preenche, encante, vos dê sentido à Vida e a quem somos ligados, ou queremos ser. E digam-me, que não vos dá trabalho! Não acredito, que o consiga fazer. Tudo na nossa Vida, bom, melhor, mau, dá trabalho, por isso vale a pena trabalhar, lutar para transformar o mau em bom, ou não deixar o bom ficar mau.
A cada passo para trás, ou pausa, ou caminhada para o lado, pense na conquista, no fim, e pense em tudo o que já ganhou só porque tentou e não desistiu. Pense que ao dar tudo por tudo, não desiste, e transforma o que não era bom, em possibilidades. Melhora-se a si no processo.
E se às vezes me apetece desistir, não deixo, faço com que acorde, e tento pensar que não passou de um sonho mau, reencontro o desafio de atingir
o que quero, lutar contra o que me invade,e na minha luta mostrar que consigo viver a minha Vida, que faço questão de o fazer, de seguir em frente, e conseguir viver prazer, um prazer máximo de viver tudo como se fosse a primeira e a última vez, de tirar prazer de pequenas coisas, e neste momento de procura intensa de felicidade, encontra-la nestas coisas, nestes momentos, e com isso ter sentimentos positivos, energias que me levantam e permitem viver a Vida em pleno, independentemente das cargas que carrego nas costas.
Faço-o só, faço-o junto daquele(s) que, mesmo que às vezes eu não saiba porquê, eu tenho a certeza de que quero e amo…que caminham comigo nesta estrada como se fosse a única que eu alguma vez conheci. Eu decidi-me,
Temos a responsabilidade de incendiar os nossos corações e ensiná-los a amar esta nova forma de Vida e a viver em paixão, e intensamente os seus momentos.
O meu tempo é agora, e não posso perder tempo a falar de um tempo que já foi, e um tempo que tive em tempos…E se não reflectirmos um pouco sobre a nossa Vida, a paixão e entusiasmo que temos de ter, baseados numa esperança vinda de dentro, leva-nos a um sentimento generalizado de impotência e tristeza, e connosco, arrastamos os que nos rodeiam, dando espaço à doença.
A palavra de ordem para o combate é Paixão por nós, por quem somos, por aquilo que representamos, em nós e dentro de nós, por aquilo que valemos e defendemos, é paixão por saber que podemos sempre ser melhores, podemos sempre surpreender o outro e nós próprios, acreditando que esta força que nos dá energia e brota dentro de nós, nos apaixona com força suficiente para acreditar que tudo isto, este turbilhão de cores e forças, se revolta no nosso interior, e encontra expressão no gesto que fazemos ao cuidar de nós.
É o reconhecer com optimismo quem somos neste momento das nossas vidas, com tudo o que é de bom e de mau, mas sem os quais eu não seria eu, e por isso, os outros também não poderiam ser os outros. É amar em mim o que existe,e numa entrega quase louca encontrar um propósito, que me dá um caminho e me indica o que quero ser, onde quero chegar, e tudo aquilo que represento e em que acredito, recusando-me a ser menos do que isso, só porque tenho cancro…
É gostar de mim, aceitar-me, não querendo com isso estagnar, e reviver os ditos momentos de juventude já idos, em que fui isto ou aquilo, mais feliz do que agora (penso eu), e que me arrasta constantemente para um passado, não me permitindo viver o presente e assumir que, independentemente do desafio imposto pela doença, a idade que tenho agora me permite aceitar em mim, coisas que levei uma vida a combater, que me permite batalhar agora por aquelas que faz sentido mudar, mudar por mim, mudar por amor, mudar porque sim, não mudar é que não.
É encontrar um caminho, mesmo onde eu não o tinha desenhado, pois tenho e descobri de dentro, uma paixão de viver, esta vida, pois é a que tenho, e que não me vai deixar desistir. Deixemo-nos então, de não sentir, de fugir, de nos rodearmos de afazeres como formigas obreiras, que não param, e que se focam em construir algo, grande, e que não nos permite viver o positivo, a dádiva que a vida é…em si e nos relacionamentos que asseguramos.
Não deixemos que a paixão morra, não se deixem afogar em lágrimas de desânimo, momentos de incerteza, e uma mudez que não nos permite dar voz, a tudo o que brota de dentro de nós e nos diz para fazermos diferente, para sermos diferentes. Não deixemos a chama apagar-se, e dar lugar a um sentimento que nos prega, não a uma cruz de vida, mas uma desistência amarga, e com mais uma ou menos uma lágrima, vamos culpando outras entidades, por esta morte lenta do sentirvivo.
Deixamos voar a nossa vida das nossas mãos, sem controlo, entregando e confiando, não sei muito bem em quê ou quem, e se por momentos temos rasgos de lucidez, acordamos e agarramos quem amamos para um beijo,um afago, a agarrarem a Vida, e a não a deixarem ir.
Nós todos temos de acreditar, acreditar em nós, na mudança, nos outros e na energia que move este acreditar e esta mudança, fazendo nascer o potencial, do sonho, do desejo, do querer, daquilo que uma vez mais nos caracteriza. A criatividade de dar a volta por cima, o desejo de resiliência, que nos impulsiona a levantar mesmo depois de cair...desejo esse que para ocorrer, eu tenho de me sentir vivo, dono de mim, e com forças para acreditar que ainda sou capaz.
Desejos para que do nada surja algo, um novo eu, que se encontra com outros, e neles também renasce. Um eu, que quer ser diferente e arrastaratrás de si, uma multidão, uma comunidade, que quer acreditar que pode vencer por ter as ferramentas que os deixem sonhar, por sonhar junto deles baixinho, na terra da fantasia, onde todos somos iguais.
Olhar à nossa volta e sentir que há algo belo, e que viver essa beleza, intensamente, no dia-a-dia, com os que me rodeiam, me responsabiliza, me obriga a respirar essa energia, positiva, que me permite analisar e dizer neste momento posso estar feliz. E que amanhã posso repetir, e acreditar que se eu não me deixar acomodar, não resolvo todas as dificuldades e não acabo com os problemas no mundo, mas minimizo, e muito, os meus e a forma como os carrego.
Abrir os braços e respirar fundo, dando a mim mesmo momentos em que me encontro comigo sem reservas e jogos de escondidas e me prometo, a mim mesmo, me entrego a amores meus, para depois me entregar aos teus amores, com toda a força e energia, e nesse exemplo, sem palavras, dar esperança de vida a mim, não me deixando desistir, ou acomodar. Num respeito pela linha da minha Vida que carrego entre as minhas mãos nos meus actos de todos os dias, e no respeito a essa oferta, faço melhor uso dela. Claro que não estou a ignorar a doença, e todos os seus problemas, pois essa é a natureza da "besta", a Vida assim é, e está constantemente a por à prova todos os nossos conceitos e forças. No entanto, se todos os dias, eu me esforçar por não me esquecer, por me dedicar, por me querer manter vivo, e acima de tudo, aprender o que é que na realidade isso significa para mim, então, quase que de forma religiosa, como alguns cultivam o corpo, a mente, a fé, eu cultivarei esta minha vontade de estar vivo, apaixonado, e cheio de esperança.
E com todas as forças que tenha naquele dia, naquele momento, agarrar-me-ei ao que for preciso para acreditar que o amanhã pode sempre ser melhor, que eu posso sempre ser melhor, e que se eu me entregar, se eu der, se eu viver intensamente cada momento, bom e mau, não deixo que a esperança morra, não me deixo morrer de desgosto, nem da doença.
Eu consigo, eu viverei!
Para sempre...
Obrigada Vanessa e Rodrigo...que as minhas palavras façam sentido, abraço do coração...
Para sempre...
Obrigada Vanessa e Rodrigo...que as minhas palavras façam sentido, abraço do coração...