quarta-feira, 8 de março de 2017

Mulher! Dou-me o direito...de ser quem sou.

Bom dia mulheres, bons dias a nós entidades femininas, seres diferentes dos restantes, únicas no nosso desenho.

Tantas palavras e conjuntos de sílabas podemos nós utilizar para tentar captar ou homenagear este ser. Tanta tinta e fotografia surge a criar um vislumbre sobre a beleza desse mundo. Tanta publicidade e lutas se geram para defender algo que devia ter sido sempre inerente à nossa definição, mas desde todo esse sempre insistem em de alguma maneira defraudar esse espaço, único, mas no entanto igual.

Porque será que nos denominaram de sexo fraco?

Porque será que em pleno século XXI ainda temos homens em lugares de destaque a defender que devemos ser menos pagas porque somos mais estúpidas?...porque será que é necessário, numa sociedade supostamente evoluída ainda ter de defender a nossa potencialidade, a nossa virtude, a nossa capacidade, a nossa competência?

Porque será que ainda hoje se observam discrepâncias nos salários entre homens e mulheres que desempenham os mesmo papéis?

Porque será que ainda hoje as mulheres têm de ter medo em muitas das situações dos seus dia-a-dia?

Porque será que temos de ser apelidadas com adjectivos muito feios pela forma como nos comportamos ou vestimos?

Porque será que muitas de nós têm de provar que conseguem ter trabalho ou carreira, mas no entanto, acumular um outro trabalho para dentro das portas do ninho?

Porque será que temos de nos esforçar assim tanto?

Porque será?

O Homem é um ser grandioso, brutal, magnífico. O homem é um ser extraordinário, imenso, sem dúvidas...e este meu texto não tenta de forma nenhuma diminuir o quão especial os homens são ou as imensas capacidades e características que os compõem. Mas sim, vem destacar e reconhecer o sexo feminino e as suas lutas. O sexo feminino e as suas múltiplas belezas.

Hoje homenageio todas as mulheres. Todas sem excepção, por todas as suas lutas e características, por todos os seus pormenores e complexidades, por toda a sua simplicidade e fantasia. Por toda a sua magia e a sua força. Por todas as suas lágrimas e capacidade de amar. Por toda a sua inteligência e sensibilidade. Por todos os seus defeitos e virtudes, por todas as suas dores, por todas as suas derrotas, por todos os seus desejos de continuar, de seguir, de dar mais e melhor.

Hoje enalteço este ser. Este grupo. Esta essência e este tipo de alma.

Hoje o dia é nosso. Hoje o dia é grande e merecido, porque hoje todos nós, toda a humanidade, todo o Homem e homens devem parar para pensar no papel destas entidades, destas criaturas que circulam entre todos e, em muitos dos seus gestos deixam marcas indeléveis no percurso de uma história que já se mostra longa.

Hoje grito em palavras escritas o orgulho que tenho em ser mulher, em conhecer grandes mulheres e em perceber quem somos e o que nos compõe.

Hoje tentarei de forma muito modesta dedicar o meu discorrer a nós, mulheres guerreiras de lutas imensas, no viver dos nossos dia-a-dia.

Na minha opinião não há que lutar pela igualdade de ser, eu não quero ser igual, eu orgulho-me de ser diferente, de não ver da mesma maneira, de não sentir da mesma maneira, de não descrever as coisas ou falar da mesma maneira, eu orgulho-me de ser capaz de parir e de ter seios, de chorar com facilidade, de não ter a mesma força física, eu orgulho-me de tudo o que me torna diferente. Mas no meio de toda essa diferença respeito-me e a todas nós de tal maneira que não entendo a diferença no tratamento, nos direitos, no acesso, nas escolhas...

Eu admiro-nos pela forma pragmática com que encaixamos contos de fadas nos dias mundanos, sem com isso sermos princesas. Admiro a capacidade de algumas de nós de fazer em saltos altos uma luta de dragões.

Admiro a nossa capacidade de investirmos em nós a aprimorar a obra de arte que somos, vestidas ou despidas, com mais ou menos peso. Adoro ver como uma mulher amada e feliz, brilha na sua beleza. Adoro ver a beleza de um sorriso de uma mãe, quando secretamente vê o seu filho ou pensa em quem ama.


Adoro a beleza do nosso corpo, das nossas estrias, do peso dos nossos seios que amamentaram os frutos do nosso ventre. 

Admiro as de nós que optam por não serem mães ou as que tentaram e não conseguiram. Admiro a carapaça, a armadura, a robustez do nosso físico e da nossa resposta à dor. Adoro a fragilidade da pele, do tremer, do arrepiar, através das emoções que trespassam o coração.

Adoro a nossa capacidade de chorar sem saber porquê, ou de chorar a alma em silêncio. Admiro a nossa vontade férrea, a nossa obstinação e dedicação.
Adoro o tamanho do nosso coração...o calor das nossas mãos nos abraços que damos. Respeito a nossa capacidade de dar, de voltar a tentar, de não desistir...de lutar de braços caídos.

Admiro a nossa capacidade de nos darmos o direito de sermos quem somos, num orgulho de género.

Adoro a nossa capacidade de serenidade, em erupção emocional...o nosso amor filial, de companheira, de amiga, de filha e de mãe.

Adoro o nosso retrato de Evas e de Marias, num quadro combinado entre o pecado e a tentação e a pureza de ser.

Orgulho-me de ser...

Orgulho-me de ser mulher e das mulheres. Orgulho-me da nossa luta, do nosso equilíbrio, da nossa força...dos nossos erros, dos nossos perdões, das nossas vergonhas.Orgulho-me da nossa pele, dos nossos beijos, dos nossos afectos e irreverências.

Hoje é dia de reflectir, celebrar, viver, amar...hoje é um dia grande, sensível, gingantescamente discreto. Só nosso, porque não é dia para ser celebrado por quem não nos vive igualmente diferentes.

Hoje é dia mundial da beleza de ser, da enormidade do amor, da riqueza de sentir e dar.

Hoje é dia da tempestade em águas profundamente serenas.

Hoje é dia da princesa guerreira criança mulher. Hoje é um dia diferente, só nosso, de orgulho mundial. Hoje é dia de medalhas de ouro e taças mundiais.

Sem comentários:

Enviar um comentário