Tenho sentido...palavras bailam-me no peito, oiço-as como se de estranhas se tratassem. Amor, amizade, solidão, empenho, paixão... Não me dizem tudo o que há para dizer, mas sinto-as como se estivesse a marcar uma pele fria com ferro quente.
Sinto-as, sei que estão lá, e acho que moram nas indecisões de quem já viveu algum tempo, mas não sabe se viveu tudo o que queria, ou podia. É ter uma indefinição, e uma sensação de vazio, quando olhamos e afinal tudo está repleto, tudo encaixou no seu local. Há uma vida definida e vivida, resultante das opções que se tomaram, e nos mas, nas entrelinhas das decisões vive-se os “e se”. E há momentos. Momentos, em que os “mas” e os “e ses”, não nos afectam, não nos deixam no vazio do silêncio ensurdecedor. Mas há outros, em que tudo isto desaba, nos questiona, nos incomoda.
É sabermos que há algo presente que ninguém vê, mas que põe em causa o que vivemos e sentimos. No fechar dos olhos, no respirar, no sentir de uma mão, liberta-se o viver apaixonado, quase que desesperado, da consciência do amadurecer. Não olho nos olhos com medo do que vou ver. Não olho nos olhos com medo do que vou deixar ver.
Sinto, sinto a noite. Baila-me no peito a sensação...não sei de quê?
Sinto, sinto no peito o amor de quem te vê.
Sinto-te perto, sinto a impossibilidade de estar próximo. Sinto que não devo e quero. Quero tanto. Queria experimentar o que não pude, ou partilhar aquilo que sonhei. Queria fazer paz, com o mundo e comigo, sem trair os que amei.
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