quinta-feira, 28 de junho de 2012

Valores...

Tantas conversas que se têm, sobre o futuro, sobre o destino, sobre a educação a dar aos nossos filhos, sobre mudança, progresso, o amanhã de quem fica, mas ouve-se pouco, falar dos valores, dos valores humanos, dos valores que se definem e nos dignificam, pois fazem de nós melhores pessoas, fala-se tão pouco desta vida que se leva à margem destes pilares, e destas definições, que vão além de definir o comportamento, definem quem somos, definem o que somos e de que somos feitos, e tocam a alma, a minha, a tua, a de todos.
Porque falamos tão pouco deles...assusta-nos julgarmos-nos, mas julgamos os outros?
Assusta, porque não sabemos viver sem eles, mas não os tendo, não sabemos que fazer?

Onde andam os Homens direitos?

Onde andam as pessoas que são o que mostram, mostram o que são, e vão até ao fim sendo verdadeiras a si mesmas e a tudo aquilo em que acreditam e defendem, não recuando um milímetro sobre aquilo que lhes foi ensinado, sobre o que é certo ou é errado.
Nestas áreas teremos nós variações de cinzento, ou os valores são em sim monocromáticos.
Nunca vi uma mentira não o ser, tenha ela as justificações que quisermos.

Nunca vi tirar algo a alguém, que não é meu, não ser roubar ou furtar, ou foi ou não foi...ninguém empresta sem saber...

Do que precisamos todos nós para acreditar que amanhã pode ser, em que nos baseamos nós para viver a nossa vida e para que na entrega que fazemos a quem nos rodeia e a nós mesmos, aos nossos projectos?

Será que as nossas preocupações se vão perder pelos corredores e pelas ruas, numa chuvada de verão, que acalma poeiras, e nos faz esquecer...será que conseguimos viver e dormir todos os dias, um a seguir ao outro conosco e com os outros, sabendo que esta questão se está a levantar em voz alta, e as sociedades fingem não a ouvir?

Com honestidade, que digo eu aos meus filhos hoje e amanhã sobre valores e humanidade, nas suas questões existencialistas, se os heroís que nos rodeiam, não se erguem altos como as árvores, não estão direitos sem vergar, e mudam agora, daqui a pouco e depois, logo a seguir.

Que lhes digo eu sobre direitos, liberdade, amor e paz...como lhes ensino entrega e responsabilidade...nós sempre aprendemos mais pelo exemplo do que pela palavra...onde vamos nós buscar exemplos, que nos ajudem a ensinar aquilo em que acreditamos, aquilo que constroi sociedades...

Estaremos nós numa sociedade, num mundo que se desprotegeu, e que se esqueceu, e do dinheiro fez Deus? Da mentira fez naturalidade, dos valores, fez tapetes?

Não, eu assim não sou, e assim não acredito, com todas as famílias que trabalho, luto, apoio, e ajudo-as, a serem quem são, a lutarem por aquilo em que acreditam, a serem diferentes, para sermos, um dia todos iguais, na nossa diferença.
Que não se percam os valores, pois esses ensinam, e um dia em que todos precisemos de quem está ao nosso lado, e que por nós pode fazer algo, dar algo, pedir algo, etc., esperemos que se reja pelos mesmos valores, para estarmos todos num mundo de humanidade e entrega, onde a tal dita felicidade, que defendo, e em que acredito, se encontra, na mão que se estende a pedir ou a dar.

Valores...que estejam para ficar...

terça-feira, 26 de junho de 2012

Conversas de sofá...mais uma...

Cá estamos nós mais uma vez, vamos para o sofá falar de nós, falar da Vida e das coisas sérias, para nesse aconchego, encontrar sentido, e sabermos onde estamos os dois...pois isso é mais do que necessário, é obrigatório.

Precisamos falar de nós e das nossas conversas...

Precisamos falar de nós e do que não anda bem...

Precisamos de falar daquilo que não fazes, porque não sabes, ou não te é natural...

Precisamos de falar sobre o que me queres pedir, e não tens feito...


Precisamos de estender a nossa relação, soltá-la ao ar, e ver o que nos falta, precisamos de olhar, com olho critico e ver o que ainda não vimos, ver e gozar o que já vivemos, e falar, falar até adormecer, abraçados no aconchego de quem se quer. Os assuntos que vou abordar, são temas que me foram trazidos, nos últimos tempos para o meu sofá...e quero reflectir com e para vocês, sobre esses mesmos dilemas, e com isso criar um espaço de tempo para todos nós, vamos a isso?


Falemos então...estes últimos tempos temos sentido que o tempo não chega, não chega para mim como pessoa, não chega para ti no casal, e às vezes não chega para a família, ou a que queremos constituir, ou que já temos. Parece-me que o tempo foge, acelera-se, e se existir um descuido da minha parte, hoje já foi há um mês, e o que eu queria fazer amanhã, não fiz num ano...sensação dolorosa, de que me perco no tempo e que te perco a ti, em nós. Sensação de que não controlo nada, e que me arrasto numa linha, a fazer tudo o que posso, que não deixa de me parecer o mínimo, e que eu sinto, como que se me esgotasse além do que consigo dar.

Faz sentido?
Esta sensação de esgotamento, de entrega, de nunca chegar para o que é preciso, de sentir que já não tenho energia, antes mesmo de começar?

Sim faz, porque nós somos seres muito pouco disciplinados, e facilmente nos esquecemos de conseguir enganar o tempo, e a Vida, e organizar as coisas num constante jogo de cintura, que com disciplina me ganha ou compra tempo, que terei de saber gerir, para me dar a mim o luxo do silêncio, da reflexão, de sentir o que sinto para saber pedir ao meu companheiro o que preciso, para não me distrair a assumir o papel de tratar de tudo e não delegar, sufocando-me a mim e exigindo aos outros paciência para a minha crescente irritabilidade. Para nos dar a nós o tempo para fazermos algo juntos, para te pedir o que quero, e para te dar aquilo que celebra o que sinto por ti, temos de ter tempo, e paciência para partilhar esse tempo em conjunto, mas se eu não for disciplinada(o), a esta altura eu posso até, nem te querer ver pintado, quanto mais falar contigo, quando até pareces não me ouvir (ou será que eu nem falei??). 

A rotina do tempo a dois, não se descuida, pois é um acumulador negativo...nunca acumula positivo...confiem em mim, por isso atentos, nas rotinas têm de guardar momentos que sirvam de aconchego, de tratamento paliativo, em que ambos se sentem apoiados, entendidos...em que haja espaço para um abraço de urso, ou um beijo de amigo...para que conversas se tenham, e nestas rotinas, se sonhe outra vez, e novas paixões surjam com o oxigénio que vocês garantem à relação.

Mais disciplina ainda, conseguir ter tempos na semana, com paciência e energia para os outros da família: os filhos...estes ainda são mais duros, se todos os anteriores forem descurados, e o tempo, torna-se um inimigo, torna-se angustiante e promessas que fazemos a nós mesmos, segundos depois de começar uma brincadeira com o pimpolho, evaporam-se, e de repente estou zangado(a), não quero brincar e por ai ficam as boas intenções...e num rodopio, estou zangado(a) com o companheiro(a), com a Vida, comigo...e estou infeliz.

Vejam esta minha teoria, o tempo, para nós, seres com planos e desejos de felicidade, é como a insulina ou uma boa dieta para um diabético, se se descuidam, morrem...ainda que seja só por dentro e lentamente...acham-me exagerada e fúnebre...talvez, mas ao fim de 18 anos a ouvir partilhas sobre o tempo e a sua fragilidade, e o desejo de o voltar atrás, não pela idade, mas pelas oportunidades, aprendi, que temos de o respeitar muito, e geri-lo como um dos nossos bens mais preciosos. Temos de o dominar, e ser malabaristas das suas dádivas.

Vou vos dar alguns exemplos meus, eu sei em média quanto tempo levam as minhas deslocações todas (típicas) de um dia normal, sei quanto tempo me leva um banho demorado, uma ida ao cabeleireiro, uma ida ao supermercado para compras diárias ou para as do mês, quanto tempo levo a caminhar uns km à beira-mar, quanto tempo levo a dar uma volta pela minha loja de roupa favorita, quanto tempo demoro no parque infantil com os miúdos, quais são os meus tempos para cozinhar, quanto me leva o trajecto do supermercado à creche, do trabalho ao café, etc..., e estes cálculos, ajudam-me a gerir o tempo normal, e o que ganho...

Mais, tenho umas listas separadas do que tenho para fazer, do que preciso de fazer e do que gosto/gostaria de fazer, com um limite temporal.

E, que faço eu, se por exemplo, tenho inesperadamente um intervalo de 1 hora. Sim, que faço eu??? Das minhas listas de prazeres, obrigações, deveres, etc, "saco" aquela que consigo executar neste intervalo de tempo, e engano-o...prego-lhe a rasteira, de eu o controlar. E mais logo, tenho mais...tempo. E faço a gestão de ir tentando ter tempo para mim, para os dois, para a lista dos "to do", e para os filhos. E se estou em baixo aumento a lista dos prazeres e das pausas, se estou bem, dou-me aos miúdos, ou surpreendo o companheiro.

Fácil?
Não, mas completamente fazível, e se nos tornarmos religiosos e disciplinados, e acreditarmos que o tempo pode jogar a nosso favor, há tempo, não que sobre, mas quanto baste.
Sentem-se no sofá e falem sobre isto...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Exercícios de amor...

Hoje vamos fazer um exercício...um exercício de amor, para vos trazer próximos, para dar início a uma relação mais próxima, orientada para o diálogo e para a partilha, deixando de lado questões de conflito e que podem muitas vezes separar...


Seguem-se as instruções e os materiais necessários...sigam os passos, e divirtam-se com a partilha.




Primeiras instruções:

  1. Preparar a compra de um bem alimentar que o outro goste, para lhe oferecer no fim do exercício (ambos têm de fazer isto).
  2. No postal do ursinho (abaixo), ou num outro à sua escolha, escrevem, com o menor número de palavras, uma coisa que gostem no outro.
  3. No cartão em branco, que têm de imprimir a dobrar, e recortar, ou num outro que queiram arranjar, escrevem uma coisa que gostavam que o outro mudasse por você   (com poucas palavras), papel esse que arrumam dentro de uma caixa de fósforos, com apenas um fósforo lá dentro.
  4. No outro cartão, escrevem um segredo/sonho vosso, que queiram partilhar. 
  5. Por fim, no outro cartão, escrevem uma fantasia que gostava de realizar um dia.
  6. Todas as actividades, até este ponto, foram feitas a sós, sem a participação ou conhecimento do outro.





Segundas instruções:
  1. Escolhem um sítio sossegado e com algum significado para os dois, pode ser em casa, ou na rua, mas onde garantam privacidade por uns momentos.
  2. Dão ao outro o postal do ursinho, e dão tempo para que outro leia, e digam um ao outro o que sentiram por saber/descobrir que aquela característica vossa é apreciada pelo outro.
  3. Depois trocam as caixas de fósforos, e cada um lê em silêncio o pedido que lhe é feito, sem falarem sobre o pedido, queimam o papel, e ficam de pensar e de se comprometerem a tentar fazer pelo outro, o que foi pedido.
  4. A seguir partilham o vosso sonho, um de cada vez, com o outro, conversem um pouco e descubram se poderá ser possível ajudarem-se a concretizar tal sonho, questionem-se sobre os pormenores do sonho, e fiquem a conhecer o que o outro gostava de fazer...
  5. Partilhem as vossas fantasias, trocando de papéis, expliquem pormenores, contem os porquês, e fica à responsabilidade do outro, fazer cumprir a fantasia do outro, num prazo de tempo que vocês combinam.
  6. No fim, de mão dada, ou em abraço, ou deitados, ou...(sabemos lá)...partilhem o que compraram para comer, alimentem-se um ao outro, partilhem a comida, acabem com um beijo cheio de promessas...
Boa sorte e bom namoro!

Amores doentes...

O meu texto de hoje é dedicado aquelas pessoas que gostam dos seus companheiros, que os amam, mas que se sentem sugados e presos na relação, e não sabem como resolver a situação...é quase que como que uma situação de abuso não planeado de uma das pessoas, por insegurança do outro, e numa dança, que a certa altura entontece, a relação permanece e adoece, e sofrem os dois. A estes, eu chamo amores doentes...


O amor não é só coisas boas...
O amor pode ser aquilo que de mais maravilhosos existe entre duas pessoas ou uma multidão, é um sentimento nobre e muitas vezes puro, mas quando mal gerido, acondicionado, arrumado, etc..., pode tornar-se num elemento doente ou que causa doença...

O amor na sua proximidade, pode fazer-nos esquecer que podemos ser nós mesmos, e que não precisamos de deixar de existir para sermos amados...mas às vezes nas nossas histórias, o outro, que nos ama, vai fazendo com que o meu eu, se possa perder, esconder algures, e depois embora lá no fundo o meu eu saiba que estou certa(o), e por muito que grite bem alto, fica preso na garganta, e no coração, e faz com que eu não consiga lutar para manter esse amor, mas mostrar ao outro onde eu estou, e o que me faz sofrer, se para amar eu não puder ser.

O sofrimento, às vezes vem dos dois lados, um lado porque não sabe ter, sem sufocar, o outro porque não sabe estar, sem se anular...os labirintos mentais que criamos e que nos justificam muitas das vezes atitudes menos saudáveis ou de entrega, fazem-nos perder dentro de nós mesmos, faz-nos desejar a liberdade, mas amar ao mesmo tempo, faz-nos desejar deixar, e ser incapaz de partir...o outro enraizou-se em mim, e mesmo nesta relação doente ou fusional, enciumada, eu não consigo ver claro, não consigo nadar para terra, pois é como que se dentro de mim crescessem algas que me prendem os pés, me tornam infeliz, mas não me permitem ou a liberdade, ou a sabedoria, para fazer o outro ver o que me faz.

Nos nossos comportamentos, criam-se rotinas, na nossa entrega criam-se confianças e inseguranças, e tudo isto entra em jogo, quando na relação eu me sinto menos, mas não quero sair, quero lutar, pois não quero falhar de novo...e nesta luta o outro, inseguro também, aproxima-se cerca-me, exige a minha dedicação total, e eu gritando em sons mudos, permito e sigo-o, pois não quero falhar, pois quero dar, pois gosto, mas...sofro intensamente...criamos entre nós um equilíbrio precário, sobre o qual não falamos, só discutimos, e depois em pazes mal-feitas, nada se resolve, tu dás-me umas flores, ou um vestido, eu dou-me a ti, prometemos não voltar a fazer, mas como não nos entendemos de um todo, os erros voltam, pois não houve discurso que apaziguasse as nossas almas, não houve entendimento dos erros que fazemos e repetimos vezes sem conta.

Carregamos esta relação como um peso na alma, e só de vez em quando, quando tudo está bem, somos felizes, e isso, nesse momento, é uma cola que nos une e explica o porquê de aguentar tudo o que é negativo, esses momentos, são a nossa borracha emocional, ai, eu e tu, sabemos porque gostamos, mas esses momentos às vezes são curtos ou começam a existir pouco, pois zangamos-nos, às vezes sem saber porquê...e não havendo esses momentos, mais inseguranças surgem, e deixa de haver espaço para os outros na nossa relação, só estamos bem, quando estamos sozinhos, e isso não é a a realidade, isso pesa-nos no coração, mas nós vamos em frente...

Para que alerto eu, alerto para um diálogo próximo, verdadeiro, onde ambos falem de vós, das vossas inseguranças, do que trazem do passado na vossa história, e que neste momento envenena ou adoece a vossa relação. Renovem os vossos compromissos. Digam um ao outro o que precisam da relação, e confiem, renovem essa confiança, com provas de afecto e entrega, não com superficialismos, que não valem uma palavra, quanto mais sentimentos. Partilhem o que sentem, e o que o outro vos faz sentir quando vos sufoca, quando vos anula...expliquem o que precisam do outro e o que estão capazes de dar.

Relembrem os bons momentos, e vejam porque é que conseguiram que fossem bons momentos.

Relembrem como a relação começou, e vejam o que mudou, e descubram o porquê ou o para quê, para discutirem como se protegerem dessas armadilhas.
Ajudem o outro a saber quem vocês são, a saberem o que sentem e o que querem, valorizem o outro, mas obriguem o outro a reconhecer o que valoriza em vocês.

Não permitam a "não conversa" ou a "não discussão", pois isso é um fosso numa relação que já está doente. Se realmente existir afecto e amor, a relação aguenta umas discussões profundas de mudança, a estagnação e a aceitação cega é que não vos leva à resolução dos problemas.

Com o tempo a angústia sobe, o descontentamento existe, a sensação de perda é tão grande que eu me vou sentindo cada vez mais só, ainda que em companhia, sinto que a relação é uma prisão, e em vez de perceber que com alguma determinação e vontade, mostrando respeito e auto-respeito, eu poderia levar o outro a ver comigo...

Eu vou pensando que não há escapatória e que a única solução é desistir, ou porque fico e já não espero nada, ou porque vou, de coração nas mãos, num vazio profundo pela falha que levo. Chegar a esta etapa, é por vezes não ter tentado, é por vezes ter permitido à relação seguir um rumo sem sentido, na esperança que se encontrasse, por si, e isso não acontece, a responsabilidade é dos dois, seja qual for o que está doente de amores...a responsabilidade é dos dois, no dia-a-dia, de tentar resolver na hora o que surge, não acumulando assuntos, roupa suja, que se empilha e não nos permite chegar ao outro sem mágoa.

Falem...discutam, muito. Partilhem o que sentem, e peçam o que precisam, isso é amar, não fazer isso, é estar indiferente e desistir, ainda antes de se ter perdido.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Abraços

Abraços,
rasgos de emoção transportados para os teus braços.
Abraços,
entrega de corpo e de amor,
num toque profundo,
no aroma dos teus cabelos.
Abraços,
sentidos, contidos e entregues
na mensagem de uma vida.
Abraços,
sedentos de acolhimento,
de resposta...de encontros,
num espaço só nosso,
num sentir vivido,
num viver entendido,
respeitado,
entre nós...e não com os outros.
Abraços,
beijos e nós...
segurança de quem quer,
esperança que se mantém...
abraços, eu e tu...
hoje e amanhã...

Espaços...

Espaço...conceito de...

Extensão indefinida que contém e envolve todos os objectos, o espaço é imaginado como tendo três dimensões:
  • Extensão limitada, intervalo de um ponto a outro: grande, pequeno espaço, e tudo o que pode ser intermédio.
  • A imensidade, a extensão dos ares: os corpos celestes, o espaço que nos transcende.
  • Intervalo de tempo: no espaço de um determinado período de tempo...por exemplo, um ano.
Ainda existe uma outra dimensão, que tem a ver com a questão do Espaço vital, que é o território que uma nação julga necessário adquirir. Para a nossa reflexão, quando eu falar em espaço vital, estarei a falar do indivíduo, e não da nação, pois nós seres humanos também temos uma necessidade de espaço a que denominamos o nosso espaço...
 
Hoje quero falar da nossa grande necessidade, de vivermos bem connosco e com os outros, objectivo este que se relaciona de uma forma estreita com o espaço que temos e damos. Claro que estarei a falar de diferentes dimensões de espaço, posso por vezes falar do espaço físico que nos é necessário para vivermos bem, para termos a noção do que é nosso, dos nossos limites geográficos, do nosso estatuto social, da nossa importância, etc., mas outros momentos, estarei a falar do espaço emocional, que também ele se associa a vivermos bem, mas que se não for bem cuidado, tem repercussões em nós bem mais graves, do que por momentos deixarmos de cuidar do nosso espaço físico. 
 
Espaço é liberdade, é escolha, é decidir a entrega e onde estar. Espaço é poder também pensar com quem quero estar, onde, e por quanto tempo...
E, nas nossas relações do dia-a-dia, muitos de nós temos dificuldades em saber gerir os espaços, e com isso, não só deixamos que todos eles se misturem, como também ás vezes, perdemos o controlo de nós nesses espaços, e pior, perdemos a noção de parar, de saber ser ou estar, de sentir, de viver bem, e nesta misturada que permitimos, por falta de assertividade ou disciplina própria, sofremos e sofrem os que partilham espaço connosco.
 
Parece confuso, mas não é, o que vos estou a sugerir, e que comecei, tentando introduzir este conceito, é que saibamos definir muito bem que espaço físico precisamos para estar bem. Por exemplo, quando falo com alguém de quem gosto, a que distância pode essa pessoa estar, mais ou menos próxima, pode tocar-me ou não, como me deixa se se aproximar mais, ou me disser algo, que me incomoda, que espaços invade, com a sua presença...e se eu não conhecer, ou não gostar? Preciso de mais espaço entre nós ou não? Penso que a resposta é sim, para quase todos nós, como é que asseguramos isso? Muitas das vezes com linguagem não-verbal, dando a entender ao outro onde deve parar...fisicamente, mas, como funciona isto a nível emocional, quando o meu espaço pessoal é invadido, uma e outra vez, e eu não sei como dizer, pois parece que a linguagem não verbal nestas questões não funciona tão bem...
 
E, que história é esta de invadir o meu espaço pessoal emocional?
Pensem em todos aqueles momentos em que não queriam atender o telemóvel, mas fizeram-no, pensem em todos os momentos em que queriam estar em silêncio a ler uma revista e alguém vos pediu para conversar um bocadinho, lembrem-se daquelas discussões em que vocês não queriam pensar mais no assunto, ou discutir, e o outro, insistiu...As sensações que relembraram, dizem-vos que o vosso espaço pessoal emocional foi invadido...
 
Mas, não são só os outros os responsáveis por estas invasões, nós também o fazemos, vejam por exemplo, aquelas vezes que saíram mais cedo do trabalho, e que em vez de pararem numa esplanada para respirar fundo e beber um café, ou irem dar uma caminhada, ou irem ao ginásio, ou irem à manicura, foram a correr culpabilizados buscar os vossos filhos à escola, pois já lá estão há tempo demais...ou aquela vez em que não queriam sair do sofá, mas foram arrumar a cozinha...aqui, também nós invadimos o nosso espaço pessoal, fazemos porque nos sentimos culpados, porque queremos ser melhores, porque nos descuidamos de nós, porque somos pouco assertivos ou disciplinados em saber manter ou até assegurar que temos, momentos nossos, que nos dão, um espaço, que precisamos, para estarmos mais tranquilos, mais em contacto connosco e com quem somos, o que queremos fazer e para onde vamos a seguir.
 
No conceito de espaço, recomendo vivamente, que durante o dia, a semana, o mês, se vão lembrando de respeitar o vosso espaço físico, não deixando que qualquer um o invada, respeitem também o vosso espaço emocional, não permitindo violações dessa atmosfera, sem a vossa permissão, e acima de tudo, nos dias que correm, que se disciplinem para conseguir criar cortes entre uns espaços e outros, de forma a irem renovados, de forma a conseguirem paz, tranquilidade, e não permitir contágio de ambientes.
 
Se eu for de seguida para casa, logo após trabalhar 8 ou 9 horas, cansativas, e por vezes stressantes, e assim que entrar em casa assumir a farda da dona-de-casa, sem antes, respirar fundo, e pausar de uma forma qualquer à minha maneira...desgraçados...dos tachos, dos miúdos e dos companheiros...pois que se preparem, não há espaço para ninguém.
 
Experimentem, fazer cortes entre ambientes e depois digam-me das vossas experiências, um destes dias deixo uma lista de exemplos para estes cortes e quebras...Boa semana!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

E sei...

Vejo-me nos teus olhos,
e sei.

Respiro-te, na minha pele,
e sei.

Entrego-me nos teus braços para que saibas,
e...não sei.

Entrego-te as minhas dores,
os meus segredos,
a minha alma,
o meu ser, e sei...

Fico à espera de ti,
a meio caminho,
no vazio, de não saber se vens, se voltas.

Fico à tua espera no caminho,
de sorriso no rosto,
com frio na pele
e fogo em mim,
e nos teus olhos vejo que sim.

Entrego-me, no meio do caminho,
e tu abraças-te, a mim...
e sei...

terça-feira, 19 de junho de 2012

Caminhadas...


A Vida, o caminho, o encontro, os companheiros, as vivências, os risos e os choros...nas caminhadas que fazemos, pelos caminhos que escolhemos, em que vamos sendo cada vez mais nós, ou cada vez mais o fantasma de quem queríamos ser, vamos sendo quem queremos, ou vamos sendo quem os outros querem, vamos criando as próximas escolhas ou cegamente seguimos ordens e instruções...quem somos nesta vida, ou neste caminho, é definido por mim ou por quem?

A reflexão de hoje, vai basear-se nas partilhas que recebo de sonhos incompletos, de desejos desfeitos, de sorrisos por acabar...vamos reflectir, pois quero partilhar convosco a força que precisamos para dar a volta, para caminhar, sempre em frente, erguidos, com a força que temos.

Que caminhadas fazemos, porque as fazemos e para onde nos queremos levar, são questões que temos de carregar connosco a vida toda, e que de vez em quando merecem um certo tempo de reflexão para que não nos deixemos seguir caminhos pouco ponderados, ou vazios no seu sentir. É nestas caminhadas que podemos ser felizes, e não nos destinos, por isso, se não formos cuidadosos e atentos às nossas escolhas, podemos muitas das vezes encontrarmos-nos a viver como que anestesiados, seguindo percursos não questionados, que nos levam a "sentires" pouco felizes, ou a realizações que nunca chegam.

Nos dias de hoje, quer por mudanças culturais, quer por excessos de pressões psicológicas, quer por crises económicas ou ideologias mundiais, que nos fazem temer o futuro e com isso ter incertezas das decisões tomadas no dia-a-dia, na pressão do aqui e agora, vivem-se tempos em que nos entristecemos e esquecemos de ser felizes, tontos, de saber encontrar nas pequenas coisas, ou em pequenos pormenores de improviso, aquela felicidade de quem está bem, consigo e com o caminho, com as escolhas e com quem nos segue...

Todos os dias me confronto com pessoas desesperadas por se encontrarem, por se sentirem melhor, por gostarem mais de si, ou voltarem a gostar de alguém, por se sentirem vivos, por quererem saber nas suas escolhas, que estão certas, ou que caminham bem...e esta é sem dúvida uma tarefa difícil que nos cabe a nós humanos, com ou sem fé...porquê?

Porque sabendo que temos um fim determinado, obrigamos-nos a planear uma vida cheia de objectivos, desejos, degraus de subida, para nos levar a sítios onde achamos que vamos encontrar o que dará sentido à vida que escolhemos e aos caminhos que seguimos...caminhada esta cheia de sacrifícios, desvios, desafios, perdas, despedidas...daí nos questionarmos, daí querermos numa ambição merecida, viver felizes, mas, o para sempre, talvez seja mesmo impossível...

Felizes sim, na medida do possível. Na medida em que eu aprenda a apreciar os momentos que consigo criar, obter, ou até roubar, à Vida, que me segue ou me guia, e que neste jogo de ir atrás ou à frente, eu consigo driblar os jogadores da outra equipa, e sempre que me encontro em jogo, conquisto esse momento para mim, e para os que amo, numa partilha que me dá sentido, que me dá alento, e que me dá forças, com ou sem fé, para ser feliz agora, mais logo, ou quando for...pois para sempre, eu não estou cá. 

Nesses momentos desenho eu o caminho, dou eu sentido à minha vida, não deixando por mãos alheias as decisões da caminhada, e exploro, todos os cantos e recantos, vejo e absorvo todas as paisagens, guardo numa memória só minha todos estes instantes, num álbum fotográfico que visito e revisito, que me inspira a continuar, que me ensina a ser melhor, que me faz rir, nos momentos de chorar.

E, com fé ou sem fé, mas com muita força, nos labirintos de decisão, nos momentos de encruzilhada, procuro a luz em mim, procuro nos meus problemas as minhas soluções, e com ajuda, minha, tua, dos outros, de todos, vejo que posso rir, posso ser eu, pois quem me ama, entende, quem me ama acompanha, dá-me a mão e vamos juntos, com fé ou sem fé, eu sou capaz, pois em mim há força, há uma energia, que se eu permitir, fala mais alto, grita, liberta-se e mostra-me para onde ir, mostra-me como quero ser feliz, e ajuda-me a seguir caminho, sem sede, sem fome, a sorrir, pois afinal, se der alento a esta força, a minha fé em mim, na minha decisão, em quem eu sou, é o pontapé de arranque para esta Vida tão curta, que só pode fazer sentido se eu souber vive-la em pleno, intensamente, e na procura em todo o lado, de ser  feliz, a todo o momento....eu realmente o seja, e me torne capaz de aceitar pequenas gotas de água, que me vão dando, e que se eu souber apreciar, não só me matam a sede, como me ensinam a apreciar o seu valor...

Não há oásis, lagos ou oceanos de felicidade, onde chego um dia e me banho, enchendo-me deste sentir...existe um caminho, premiado, com gotículas que me vão dando esperança, que me vão alegrando, que me vão alimentando...mas tenho de estar acordado, vivo, alerta, para as ver, para as saborear...

Não nos deixemos dormir, usemos esta força interna, de fé intensa no nosso ser, na humanidade, nas capacidades que temos, para acreditar que realmente somos capazes de feitos inimagináveis, que nos permitem ser quem somos, e que nos mostram nos nossos caminhos pedras, diamantes, luzes e estrelas...e com eles, conseguimos construir castelos, sonhos, vidas, felicidade!

Amar

Amar,
rasgar em mim, na minh'alma
o sentir que me respira, me absorve...


Amar,
Querer-te mais,
profundamente, na minha pele, no meu coração,
sentir que és tu em mim,
que estremeço e angustio a tua ausência.


Amar,
dar, sem troca, mendigando uma dádiva de ti...
dar-me, em ti, sentir que sou porque és...
fusão de dois, na independência de ser.


Amar, viver contigo, para ti,
hoje, ontem, amanhã,
de igual forma,
reencontrar em ti, todos os dias,
quem sou,
uma novidade...um desejo de mudança.


Amar, amar,
porque sim,
porque és...
porque sou, e sem ti não era.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eu quero que tu mudes, que me entendas, e que me digas quem és...

Falemos de novo, de relações, das relações que queremos ter com o outro, em que esperamos ou desejamos com todas as forças dos nossos seres que tu, o outro, mudes e sejas quem eu quero, quem eu preciso, quem eu desejo, e que nunca me faltes, pois eu sem ti, não gostava de viver....

Quero que me compreendas, que me leias e entendas, que te entregues de uma forma que me faça sentir especial no dia-a-dia, que eu sinta, que mesmo longe, ou ainda que perto, se eu não estiver, tu não estás.

Quero que nas questões que eu coloco à nossa relação, não me surjam dúvidas, sobressaltos, que os imperfeitos e não-completos, não façam parte das histórias que vou contar sobre nós...que as minhas questões se resolvam ao olhar para ti, nos teus olhos, e através deles, conseguir ver-me lá dentro, num sítio só meu, dentro de ti. Que consigas ser o meu príncipe ou a minha princesa, e que só eu veja isso, pois os outros não necessitam de ter acesso a esse teu eu, que só deve ser meu.
Desenho-te, todos os dias à minha maneira, com características que adoro, com feitos maravilhosos, em que me sinto sempre mais que amada ou amado, e em que as nossas aventuras, baseadas nas histórias de contos de fada, naquelas em que os personagens vivem felizes para sempre, mesmo que as bruxas más, os dragões, os poderes e os vilões, lutem incansavelmente para que assim não seja.

Imagino-me a viver nestas angústias de borboletas no estômago, aceleração do pulso, dores de barriga e paixão, para todo o sempre, e não sabendo usar poderes mágicos acredito, com uma fé intensa, que tudo isto é possível, mesmo nesta vida, que é nossa, repleta de desafios e labirintos, mesmo neste lar, em que acolhi as nossas crianças, mesmo neste lar em que tento, ter tudo, até mesmo o tempo, que julgo dominar e que julgo entender...vivo estas ilusões de amor, que são belas e necessárias, mas que tenho que saber usá-las, para que os seus poderes me ajudem na travessia, e para que os seus efeitos secundários não me destruam, ou não me impeçam de ver que a relação que eu quero e fantasio, pode não estar lá.

Se começamos por querer mudar o outro, começamos mal, pois o outro, pode mudar, mas não ao ponto de um conto de fadas. Pode mudar ao ponto que o respeito que nutre por mim lhe permita entender o meu pedido, e ai sim, chegar-se algures no caminho, para perto dos meus pedidos...mas o outro, é o outro, por quem me apaixonei, ainda que a sua imagem tenha sido alterada pelas minhas fantasias...e esse outro nunca poderá ser quem eu desenhei na minha memória, será aquele que me ama, e a quem terei de perdoar muita coisa, ceder em muita coisa, dar muita coisa, e sem me deixar ir, sem nunca deixar de ser, saber pedir eu também muita coisa.

Se começamos por querer que nos entenda, então falemos, contemos, partilhemos...a entrega tem de ser real e não de conto de fadas, o outro não adivinha, o outro não sabe, e a maior parte das vezes o outro não faz por mal, quando olha para nós, sem qualquer entendimento, do que se passa, do que devia ter feito, ou mais importante ainda, do que não devia ter feito. Temos de acreditar que muitas das vezes não somos capazes de ver por detrás do pano, ou daquilo que nos é dado a ver...cabe a ambos dizer, pedir, dar, exigir...sabendo que não podemos deixar de ser pelo outro, sabendo que o outro só nos ama, se formos nós próprios, pois, se eu desapareço, para ser quem o outro fantasia, o eu por quem ele ou ela se apaixonou, desaparece...e com ele o desafio, a descoberta, o incógnito.

Temos todos aspectos que o outro não gosta...grande descoberta...mas, o mais engraçado é que o outro não está isento, e também tem coisas de que não gostamos, e agora? Fácil, é saber viver com isso, como posso eu pedir que me amem com os meus defeitos, se eu não conseguir amar o outro na sua plenitude, nos seus defeitos e virtudes?
Todos temos de enfrentar o desafio, de continuar a gostar do outro, quando a passagem do tempo e das experiências, nos vai dando a conhecer aspectos que eu não gosto, que eu preferia não ter de enfrentar, mas nesse desafio, estão contidas também tantas outras coisas que eu não conhecia, que eu descobrindo gosto, e torna aquele ser numa novidade para mim, ainda que já o conheça há séculos...

Nestas relações de amor, que eu quero que funcionem, tem de haver diálogo, muitas conversas, muitas trocas e partilhas, mesmo até discussões, mas durante esses momentos em que nestes encontros verbais o outro não me entende, ou eu não entendo o outro, precisamos de assegurar que existe uma partilha de palavras de amor, um respeito que não se quebra, uma ligação forte que não se abalou, e deixemos que palavras sejam só palavras, que nos aproximam do conhecimento, mas que não podem de forma alguma tocar no sentir.

Treinem os ouvidos, oiçam, o que não é dito, o que é expresso, o que é sentido, perguntem, questionem, e devolvam, o que sentem, o que querem, como querem, e no fim de tudo isto abracem-se, profundamente, cheirem-se, e relembrem porque começaram a vossa relação. Olhem-se e perdoem-se...sigam caminho, amanhã há mais, e mais, e mais...isto é a vida a dois, a três, a quatro....

Entreguem o vosso coração e a vossa esperança à relação, que pode sempre ser a relação que vocês querem...que pode sempre ser o amor da vossa vida, entreguem-se, mais vale sofrer de amor, do que sofrer por não ter amor...a relação não tem que ser uma frustração, nem uma falha...invistam, como se não pudesse haver volta atrás...