Para mães, pais, e filhos...naqueles espaços em que não cabe ninguém, e no desespero, pensamos todos, que não sabemos o que fazer...
"Chego a um ponto de descontrolo, de lágrimas banhada, com gritos de raiva, coexistências de amor e ódio...não sei por onde ando e onde quero estar, num desassossego doido, de nem a mim me querer.
Encontro-me dentro de mim, enleada, em soluções, ilusões e perguntas sobre um mundo cheio de tudo e de nada, que nos oferece a cada encruzilhada, decisões que nem sempre sabemos tomar.
Na cabeça, reside um labirinto de opções.
Estou na estrada de deixar de ser criança, e passar a ser crescida, salto do colo da mãe e vivo a Vida, ou fico aqui parada na procura das respostas que os meus 16 anos não me dão...?
Vivo este amor por estas entidades que me fizeram, criaram e ensinaram, ou corto, desgarro-me para me encontrar em mim, e descobrir quem eu sou, quem é o EU que existe em mim, que não é parecido, tal e qual, sem tirar nem por, um alguém que já existe na linhagem que me antecedeu.
Onde estou amanhã?
Em quem acredito?
Há Deus?
Há Universo?
A minha melhor amiga é mesmo?
O que é ser pessoa?
Que valores são todos os que me ensinaram e com os quais, agora, me vejo confrontada, e não existem, ou contorcem-se nas realidades e verdades de cada um. Que não são as verdades que me ensinaram...que a verdade pode ser mentira, e a mentira, pode ser a minha verdade. Que a verdade dos adultos pode não ser a minha. Que as justiças e injustiças, minhas, dentro de mim perdidas, não se igualam ou tocam aqueles que me rodeiam.
Onde está a minha MÃE, ou PAI, as entidades perfeitas e gigantes, no cimo do trono em mim moral?
Como lido com o descobrir que são, ou que nunca passaram de ser, pessoas, daquelas, normais...mas, que amo com tal força, que consigo num rasgo de tempo, odiar com as mesmas ganas, com que amo, e morro por?
Como choro e rio, no mesmo segundo, e me encontro entre hormonas que em mim flutuam, e me fazem questionar. É tudo isto real, vivo aqui? Tenho alma, sou imortal, reencarnarei, posso ter fé...???
Fé em quem? Em mim, neles, ou num Deus que agora questiono, porque sofro só.
Mas, já me enganaram, já sofri, e neste momento, qualquer dor, a MINHA dor, é tão grande e imensa, que me deito no colo da minha mãe e não quero crescer, quero continuar ali, em sonhos de criança...mas dentro de mim rasga-se em liberdade, esta entidade que me força a encontrar espaço em mim para acreditar que tem de haver um algo, lá à frente, num fim, que recompensa estas caminhadas.
Permito-me, abro lentamente os olhos e de colo dado, numa linha de coração, em olhares cruzados contigo, minha mãe, meu porto seguro, que me embalas, atiro-me de frente para o crescer, de peito erguido em coragem de cruzado, ocultando um pintainho cheio de frio e receio do escuro da noite.
Que preciso?
Que me dês...me dêem...
Compreensão, pois tenho medo de ir, de deixar, de seguir em frente e passar a ser, sem ti, sem vós.
De colo, porque embora crescida, me sinto pequena, frágil e desprotegida do mundo que me deram.
De silêncio, para me ouvirem dizer as minhas dores, que podem ser parvoíces, mas a mim perfuram-me e tiram-me o ar.
De espaço...para estar, existir, por quem sou, no vosso mundo, na vossa casa, mas que deixe de ser vosso, até que eu possa ter os meus...
De atenção, porque às vezes não grito, não peço, mas, preciso muito...
De paciência para crescermos juntos...hoje, o meu hoje não é o vosso, ajudem-me, não me deixem só, mas sigam o tempo no meu ritmo, pois eu não tenho as vossas ferramentas, maturidade, ou coragem...
Façam de mim crescida, no meio dos meus perdidos, façam de mim perdida, mas segura e achada dentro de mim.
Obrigada pais..."