No caminho da Vida, na estrada que seguimos, vamos tendo alguns assuntos que nos incomodam, com os quais não estamos confortáveis, com os quais, lidamos de e à superfície, de passagem, numa fuga para a frente, sem resolução permanente, sem um alívio na mente.
Isto, é como se fossem dores crónicas, mentais ou sentimentais, que representam elefantes, que se vão sentando no nosso peito. Estes não estão no meio da sala, onde posso fingir que não os vejo, ou que andam por lá à solta, estes estão estacionados em cima de mim, confortavelmente à espera, que me dê a mim própria a oportunidade de os domesticar, mandar levantar, dar retirar, enxotar...qualquer coisa que os faça levantar.
Mas, às vezes eu não faço qualquer coisa, não faço NADA, e, eles agrupam-se, formam manadas, e, se eu NADA fizer, a certa altura não respiro, estou esmagada, não sou nada, porque o peso se torna incomportável.
Porque quero eu assuntos elefante? Porque os quero em cima do meu peito, se não me deixam respirar?
Por medo de ser livre?
De escolher, de arriscar nessas escolhas, de descobrir caminhos errados, no trabalho, no amor, na Vida...
Medo de me defrontar com as minhas limitações, os meus medos, que me congelam as pernas, os membros...e, me empurram para uma anestesia pela dor. A dose torna-se hábito, e suporto mais, a dose aumenta e, eu aguento.
Até que, já não respiro mais. Não vivo, sobrevivo. O peso esmaga, e de manhã, ao acordar, escondo-me de mim, não me quero levantar, luto insanamente, contra este peso, que me empurra para baixo, não me levanta, não me ergue.
Que elefantes carrego eu no meu peito?
Que peso dou eu aos assuntos que deposito fielmente, em cima de mim mesma e que me inibem de respirar, voar?
Às vezes dou por mim cheia de elefantes, assuntos que me esmagam no seu peso, porque não me debruço a resolver, a agir. Calço uns ténis e corro para a frente, como se eles não estivessem lá. Mas, estão, não me largam, e um dia, caio, esmagada, por este sentir.
Conselhos?
PARAR!
Questionar, se saboreamos aqueles momentos frágeis, rápidos e fugazes de felicidades, com que a Vida nos presenteia.
E, se não respiramos?
Se nos dói o peito, se nos sentimos com uma vida sem sabor, uma Vida própria engripada, com moínhas...então...
Há elefantes a mais.
Há dor a mais.
Há impotência a mais.
Há falta de confiança e fé na luz, na energia que temos em nós, no nosso amor próprio, no amor que aprendemos a desenvolver a crescer.
Então...
Analisamos elefantes, arrumamos os ditos cujos, por ordem, por gravidade, por medo, por capacidade de resolução.
Respiramos fundo, in and out, escolhemos um, e vamos...com um amor ao meu eu, com o direito à Vida, com a minha/nossa FORÇA.
VAMOS. Agarramos e falamos, gritamos ao mar, caminhamos na areia, rezamos, lavamos a cara. E, num grito de alma, agarramos nele, em peso, à bruta e, atiramos com ele.
A liberdade do agir sobre a dor do pensar, é oxigénio de alma, é renascer na nossa própria história.
É fazer uma lenda da nossa luta e como troféu temos o nosso sorriso, a nossa leveza, a alegria com que se chega a casa, com o dia conquistado, vencido por nós, na força que somos, que temos...chegamos domadores de elefantes.
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