Ser pai...
Começo por dizer que não haveriam mães, sem pais, e não haveriam pessoas, os nós, sem pais, e que cada vez mais devemos dar tanto destaque a este dia, como ao dia da mãe.
Por muito que as mães sejam diferentes e se assuma que o género, faz e marca diferenças acentuadas na parentalidade, ser PAI, hoje, significa muito mais do que em qualquer outro tempo significou...
Ser pai, é também parir, abrir espaço para que outra entidade parte de mim exista, primeiro no corpo de quem eu amo, na forma do que cresce, simbolizando o afecto que já não chegava ser, ou existir, "só nos dois", depois, porque partilho ou cedo, de um todo, o meu palco, para uma nova entidade, que a partir do dia que existe, me suga numa entrega desmesurada, acautelada, medrosa, nervosa...numa entrega que me faz escorregar, dar passos certos, por caminhos desconhecidos, que desbravo com essa nova entidade. A cada dia que cresce, a cada dia que cresço eu.
Perco a minha dama, para um bem maior, e passado tempos, luto também por ter o meu lugar distinto, no coração de todos.
Dizem-me que existem papéis que esperam que eu tenha, que existem modelos a seguir, e as exigências da sociedade, desta nova sociedade, cheia de novos paradigmas, coloca-me num papel novo, numa encruzilhada entre ser o pai presente, e o homem de carreira. Ser o marido participativo, o prestador de cuidados, mas ser e sentir-me masculino. Impor a minha autoridade num jogo de cintura, que nunca sei se vai de acordo com os acordes da música que toca.
Mas, certezas tenho, cada vez há mais PAIS, participantes, com voz, com um coração e amor tão grandes como o das mães, que lutam por fazer valer o seu papel, não apenas em modelos estereotipados, mas também em modelos únicos que definem cada família, nas suas estruturas.
Todo o pai faz falta, por nome, por origem, por raízes...mas, se tudo for saudável, todo o pai faz falta pelas suas manifestações diárias de afecto, pela carícia no rosto, pelo afago no cabelo, ao deitar na cama, pelo banho que dá, e nos sorrisos que troca com o bebé, ou com o filho, onde surge uma linguagem única que nunca mais se esquece.
Pelas manifestações de limites, imposições, e castigos, que forçam e modelam comportamentos, mas que no fim, provam que estás lá para mim pai.
Pelas verdades que me dizes, pelas doces mentiras com que me embalas, pelos braços com que me abraças e deixas sentir, que nada de mal me vai acontecer.
A dança não é só da mãe, também é tua.
Eu sou pedacinhos de ti, espalhados em mim, em todos os recantos que tenho.
Hoje, é o teu dia, dia de se poder dizer, que se tem ou teve um pai, e que se sabe o que é sentir essa presença em nós, a olhar, a zelar...no conforto do caminho, da Vida que me deste.
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