Somos todos desconhecidos, todos caminhantes errantes à procura de sentido. Somos todos uma expectativa para alguém e para nós mesmos, nunca sendo uma realidade, porque nos gerimos por bitolas onde na realidade tentamos encaixar toda a gente, sem abrir espaço para um real entendimento do outro. Somos animais de percepção e adivinhação, para que nada fique sem sentido. E quanto mais necessitamos desse entendimento, mais desconhecemos o outro.
Somos seres de relação, mas a interpretação constante que fazemos do outro inibe-nos de ver, de deixar as coisas serem uma verdade mais próxima do absoluto. Queremos categorizar, porque supostamente nos facilita a vida, e porque chegamos à paz que pode derivar do entendimento do que nos rodeia, de quem nos rodeia. Mas no fundo, essa necessidade de ver, de ir além, de interpretar, afasta-nos do conhecimento do outro na sua essência.
A busca de sentido pode ser não só consumidora de energias, mas também, inibidora de revelações. Não devemos nunca dizer aos outros quem são, mas sim beber deles em toda a sua verdade, por gestos, palavras, sentimentos e criar a real empatia de os entender vindo de onde eles estão e não de onde eu acho que.
Um conceito tão simples como o de "mesa" evoca em nós a sabedoria do que uma mesa é, mas se nos limitássemos a conhecer apenas um tipo de mesa, todas as outras ficariam fora da definição, ou se ao contrário agíssemos, assumindo só porque é uma mesa, ainda que diferente de todas as que eu vi, teria de ir para a caixinha onde arrumo todas as mesas, perderia a capacidade de ver tudo o que aquela mesa é, para além de mesa ser.
Se um conceito tão simples pode fazer-nos "ver" ou "não ver", diferentes coisas, imaginem o que fazemos nós ao tentar categorizar os outros, arrumando-os dentro das nossas áreas de organização. Tanto que se perde em abono do pseudo-entendimento da vida ou dos outros.
O ser humano é uma entidade que pode ser básica em algumas coisas e até previsível em alguns comportamentos. Pode ter ciclos semelhantes, comunicar usando expressões iguais, pode tornar-se conhecido aos nossos sentidos, mas todos os dias eu me deixo entrar na magia de perceber as unicidades de cada um, tornando-os um património único, digno de visita guiada pela mão do próprio, como se estivéssemos a descobrir as várias cavernas de uma gruta e a cada visita fossemos percebendo que dentro de cada um, há descobertas inimagináveis. Labirintos sem fim, conectados ou não, que nos levam às diferentes faces do eu da pessoa que nos está a permitir a entrada no seu templo, através das suas múltiplas entregas.
O ser humano é uma entidade que pode ser básica em algumas coisas e até previsível em alguns comportamentos. Pode ter ciclos semelhantes, comunicar usando expressões iguais, pode tornar-se conhecido aos nossos sentidos, mas todos os dias eu me deixo entrar na magia de perceber as unicidades de cada um, tornando-os um património único, digno de visita guiada pela mão do próprio, como se estivéssemos a descobrir as várias cavernas de uma gruta e a cada visita fossemos percebendo que dentro de cada um, há descobertas inimagináveis. Labirintos sem fim, conectados ou não, que nos levam às diferentes faces do eu da pessoa que nos está a permitir a entrada no seu templo, através das suas múltiplas entregas.
Tenho vindo a descobrir que a maior parte das pessoas vagueia no meio de outras, ávidas desse conhecimento, mas em caminhadas distraídas pelo seu ponto de referência dentro de si mesmos. São entes passeando, sem na maior parte das vezes uma verdadeira dedicação a querer saber o outro, porque na angústia do desconhecimento preenchem-se esses vazios teóricos com dados do próprio. Sendo raras as que assim não fazem...
Posso garantir-vos que é uma viagem linda, se nos deixarmos ir ao encontro de quem o outro é, sem preconceitos, teorias e expectativas...porque se consegue ver toda a sua essência interior sem sombras do mundo.