A amizade são vestes eternas, que revestem a pele magoada de viver. São brisas de vento cálido, que nos arrefecem as dores das queimaduras da luta pela sobrevivência. São folhas caídas de Outono, que embelezam o chão, fazendo-o tapete para os nossos passos doridos de pés cansados das caminhadas perpétuas.
São olhos tristes, que me beijam a dor, que se transpira na pele farta de proteger as intempéries da vida. São braços fortes, que se dão, sem fim, num aconchego terno, que contém, que afaga, que acaricia a alma, num dar tremendo.
São mãos rugosas, calejadas de suster a nossa respiração, no silêncio de gestos dados ao ar, em pontas de dedos. São mãos jovens, envelhecidas, de papel de seda, que embrulham as lágrimas que não deixam escorrer.
São presentes humanos, revestidos de nomes, com laços de afecto beijados. São presença. São palavras sábias proferidas na hora ou as que ficam guardadas para não ferir. São cuidados continuados, marcados no tempo num espaço de casa que invade o coração.
São mesas fartas ou vazias, juntas na dor ou na celebração. São histórias da memória, unidas por teias que não ganham pó. São espaços sem desculpas, cheios de gratidão, sem obrigadas a não ser por educação. São vestes ricas de puro algodão, criações únicas sem pagar um único tostão.
São politicas sem religião, espaços neutros de pura reflexão. São templos puros de desenvolvimento, de aprendizagem, cheios de admiração. São conquistas diárias numa dança amiga, que nos ensina os passos da melodia antiga. São compromissos sem juras, promessas não proferidas. São viveres de dentro falados nas rugas.
São espaços no ar, na terra, na flor que brota. São presenças nos condimentos do viver. São manta de aconchego ou empurrão para a estrada. A amizade são palavras fundidas, no livro da vida. São barulho, são silêncio, são ausência de comunicação porque está tudo dito.
O amigo é mais que um Deus, porque está e é. É só preciso ter fé...só isso. A amizade não se dá é, só isso, mais nada. Coisa simples e descomplicada. A amizade é gratidão, num amor fraterno entregue e protegido por verbos que não se podem no pretérito conjugar.
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