
As mulheres crescem, ainda hoje, num mundo onde a ideia romantizada do casamento com uma entidade perfeita, tal cavaleiro na sua armadura reluzente, montado num cavalo, a caminho da torre do castelo, para nos salvar de todos os males do mundo, incluindo dragões, já era…e provavelmente sempre deveria não ter sido, pois coloca a figura masculina no papel de ser perfeito, que tem o poder de nos salvar de tudo o que não é bom, e mais, tem os poderes de adivinhar o que nos fará felizes…tal feito parece-me quase que impossível, quando nós mesmas padecemos do mal de não o sabermos muitas das vezes.

O segredo passa por saber pedir ao outro o que quero, o que me faz feliz (se eu souber)…e pedir pensando que o que recebo é tão ou mais intenso do que se eu não tivesse pedido, não há uma perca, há exclusivamente um ganho, pois de outra maneira, caso eu não pedisse, eu poderia sempre correr o risco de nunca receber, aceitar isto e aprender a pedir, sem vergonha e sem preconceito, faz com que o outro saiba como me agradar…mas, não nos podemos esquecer de que não há a regra de se pedir apenas uma vez…pede-se sempre que necessário, pois o outro não se esquece, na maioria das vezes, de propósito…esquece-se muitas vezes porque nele ou nela não é natural, mas, repetindo, ganha-se a experiência.
Aceitar…o outro por quem é e as situações pelo que são, dizer adeus à noção de que talvez, quem saiba, um dia eu vou conseguir mudar o outro…o outro por respeito a mim pode muitas vezes mudar, sim, sem dúvida, mas apenas nos comportamentos em que com intenção o outro me queira agradar, pois no seu intimo a mudança só ocorre naquilo em que este não se perde como ser, não amamos ninguém a ponto de deixarmos de ser nós próprios de forma permanente…aceitar é a chave para entender e perdoar, ferramenta fenomenal para que não arrastemos nas nossas costas o peso da infelicidade de momentos que não se reparam se não os deixarmos ir, rio abaixo.

(Este artigo foi publicado na Lux em Março de 2012)
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