segunda-feira, 23 de julho de 2012

Perdas de tempo

Tempo...é um bem precioso, constantemente em escassez, a fazer-nos sentir como o coelho da Alice no País das Maravilhas, muitas vezes oiço dizer...porque não tem o dia 48 horas, porquê é que a segunda existe? Desabafos de quem sente o tempo fugir, nos momentos não só de prazer, mas também nos de responsabilidade.

Então, pergunto-me eu, porque gerimos mal o nosso tempo?

Porque perdemos tempo com coisas de pouca validade?

Porque não aproveitamos os tempos que temos?
 
Porque nos questionamos nós, nas relações de amor, se o comportamento dos nossos companheiros é intencionalmente negativo? Porque demoramos a fazer as pazes, a pedir desculpas?

No trabalho que faço, junto de alguns casais, deparo-me, com mágoas e zangas profundas, que resultam de um acumular daqueles momentos de discussão e de falta de entendimento, que poderiam ser evitados, se todos nós, envolvidos nestes processos de nos relacionarmos, conseguíssemos às vezes ganhar alguma distância e ver de fora, ter um olhar mais "distante", para conseguir, adoptar um comportamento ou atitude mais positivas.

Muitos dos casais que vejo gostam um do outro, e às vezes gostam mesmo muito, mas parece que transformam as falhas uns dos outros em actos intencionalmente praticados, como se tratassem de pequenas vinganças, ou actos de maldade, para que possam então permitir-se a si próprios motivos ou justificações, para umas discussões, que nos permitem então azedar as coisas, deitar fora as pressões do dia, as chatices com a Vida, ou sei lá que mais. E nesse momento vitória, tenho o inimigo em casa, posso descarregar nele tudo aquilo que não sei bem porquê me aborrece, me zanga, me frustra, e em vez de me entregar com amor, para gerar reacções positivas de carinho...parece que aprendo, como os miúdos, a chamar a atenção pela negativa, à procura do castigo. E pior de tudo, às vezes a zanga acumula-se a ponto de eu acreditar, que este outro ser de quem eu gosto, faz estas coisas de propósito para me irritar, em vez de entender, que essas diferenças já lá estavam, lá estarão, e muitas delas em tempos me atraíram.

Perdas de tempo...

Severas perdas de tempo...quantas vezes ganhávamos mais, se naquele momento, onde a chama acende, conseguíssemos parar e pensar que o escape não pode ser aquele, que cada zanga, me faz afastar e deixar de gozar um momento que poderia ter todo o potencial para me fazer rir, para me fazer vibrar e viver este e aquele momento da minha vida, como se não houvesse mais tempo.

O tempo é uma oferta, uma dádiva, e tem uma certa duração, que desconhecemos, aceitemos o nosso tempo, e em vez de não o enfrentarmos, vamos olhá-lo de frente e fazer uma gestão do mesmo, como se a todo o momento nos conseguíssemos lembrar que ele não é eterno, e que a todo o momento podíamos fazer coisas diferentes se conseguíssemos não ceder a pensamentos que não nos ajudam, e travam o caminho.

Vamos usar o tempo para evitar perdas de tempo...5 minutos servem para uma leitura leve, para uma caminhada, para um café mais demorado...10 minutos servem para uma caminhada maior, um beijo, um fazer amor rápido, um lavar de roupa...15 minutos, servem para um banho prolongado, fingindo que não tenho pressa, esvaziando a cabeça, como se não fosse trabalhar logo de seguida; servem para um abraço e dois dedos de conversa, escrever uma nota ou um postal a quem gostamos...20 minutos, servem para ajeitar o quarto, para um pintar de unhas, para uma volta de bicicleta...30 minutos, servem para adiantar o jantar, tomar um banho em conjunto, uma bela conversa, tomar uns copos de vinho em silêncio, massajar uma zona do companheiro...e neste gastos, uns de prazer, uns de obrigação, lutamos numa batalha contra esta roda que não pára, mas não o fazemos funcionar contra nós.

Estar numa relação faz-nos perder muitos tempos, se nos dedicarmos à técnica de investigação...eu vou ver tudo o que ele ou ela fazem de mal, e vou fazer questão de lhe apontar tudo isso...somos seres que precisamos mesmo disto, ou é melhor refilar com quem de direito, e em casa sermos muito mais tolerantes.

Já se imaginaram como uma gota de água a cair, em algo metálico, uma noite após outra, enquanto vocês estão a tentar adormecer? Sabem que coisas como estas podem levar o cérebro humano a fazer disparates que nunca pensou ser capaz? Que podem levar a uma loucura e impaciência feroz...

Nas nossas relações temos mesmo que apontar...? Temos mesmo que andar a perder tempo? Ou posso apelar a que todos nós, pensemos um pouco, criemos maneiras saudáveis de descomprimir, e consigamos dessa forma chegar ao nosso castelo, com tolerância, com carinho, com vontade de amar e aceitar as diferenças que nos unem.

Que sejamos capazes de vencer o tempo, e geri-lo em nosso favor, como se o tivéssemos na mão, na sua totalidade, como se este durasse para sempre...as crianças na sua inocência e capacidade de amar e perdoar, conseguem fazê-lo...um dia uma mãe que eu acompanho, disse-me que a filha lhe tinha perguntado: "porquê é que o tempo dos adultos passa mais depressa?"
...pensemos todos nisso, e parem de perder tempo!

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