Falemos de umas conversas que tenho tido sobre sexo e como este assunto pode complicar muito, mesmo muito, as coisas entre um casal. Antes, esclareço que vou misturar exemplos da minha experiência de ouvinte, e que por vezes talvez exagere um pouco os exemplos, de forma a provocar reflexões mais poderosas...a mudança só ocorre se o que lemos nos toca de alguma forma...

Alguns dias, algumas vezes, durante os nossos dias, as nossas fantasias voam para um lugar que nos permite ser um ser sedutor, com prazeres, que queremos entregar e partilhar com os nossos companheiros, de um erotismo forte e presente, outros dias, queremos ter só o nosso amigo, que nos vai abraçar e compreender, outros dias, não queremos nada, pois não sabemos nem sequer ser...hormonas? Cansaço? Feitio? Cromossoma x?
Não sei, não sabemos, facto é, que o nosso apetite por sexo, pode não ser igual de dia para dia, de hora ou segundo para segundo, e muitas vezes de mulher para mulher.
Mas pior do que isto tudo, a que podíamos chamar a ignorância do funcionamento amoroso da mulher, é o facto de que para o ser feminino, mesmo até no meio do próprio momento de fazer amor, um pequeno elemento distractor, pode fazer apagar não uma chama, mas um incêndio de amor...e assim se perde o momento e a vontade...
Falava com algumas clientes minhas que diziam em tom de brincadeira, independentemente de gostarem dos companheiros e de gostarem de fazer amor, que há momentos em que sentindo que o companheiro precisa, elas se predispõem ao "sacrifício", dizem-no, brincando com esta palavra, como se não fosse verdade, mas no fundo às vezes é...pensemos, que o casal na maior parte das vezes só faz amor quando a mulher também quer, pois, hoje em dia, na maioria dos casais, não temos o senhor feudal que exige o corpo à esposa como parte dos votos de matrimónio, sendo assim temos nas nossas mãos o poder de só fazermos amor quando queremos e eles? Em que pé ficam? E se nós não quisermos muitas vezes, porque para muitas de nós sentimos que por agora não precisamos, ou não queremos, ou não nos apetece, ou não é uma prioridade? O cansaço por exemplo, sobrepõe-se à vontade da entrega, sim ou não? Um miúdo acordado pode fazer com que o desejo se esfume, etc...

E se nós, que para fazermos amor, precisamos do cérebro excitado, do cérebro carregado de fantasias e filmes vistos e revistos, tivermos um momento de apagão, deixamos desta forma os homens, que no acto físico de fazerem amor connosco, se entregam em toda a sua fragilidade, e em todos os seus gestos nos demonstram os seus afectos e sentir, pendurados no vazio de não nos terem, pois nós também nos perdemos algures.
Fazer amor para um homem, com a mulher que ama, é gritar em plenos pulmões, em cada acto, uma promessa de amor, de dedicação, de fragilidade, e nada está a funcionar a nível cerebral (ou muita pouca coisa), e nada os faria desligar ou parar este bailado de entrega, no entanto, vivem com um ser que a meio da entrega, por muito que as suas partes físicas se sintam prontas a acolher o companheiro, se existir qualquer factor, e eu repito e sublinho, qualquer factor mesmo, que se atravesse no seu pensamento, pode existir um shutdown global, que implica muitas vezes, ou uma entrega até ao fim, mas com a cabeça e corpo num outro espaço...ou uma interrupção, uma perda.
Quantas mulheres me dizem, que às vezes, quando o seu companheiro as está a beijar, naquele sítio que para elas é especial - curva do pescoço, meio das costas, joelho, sei lá, e de repente já não é, já foi, apagou-se e o sítio mudou, e a própria mulher não sabe para onde, e se ele insiste, e então passa a incomodar, surgem pensares de "despacha-te", "não vês que eu não estou a sentir nada", "o teu bigode pica-me", esperando que ele adivinhe, o que tento mostrar por afastamento, por barulhos de desconforto, mas não a falar, isso não, queremos que eles entendam o que nós também ignoramos.



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