Perder alguém, de repente ou como
resultado de algo prolongado, com que idade, em que circunstâncias…As
diferentes situações, ou os pormenores destas histórias, transformam as
experiências em vivências muito diferentes, mas, luto é luto, e uma perda é uma
perda, não havendo nenhum tipo de volta a dar a tal situação.
Perder é sentir que nunca mais se
recupera algo, é viver uma saudade intensa, não só do que se teve e perdeu, mas
também do que não se fez, do que não se disse, e do que não se viveu.
Se somos adultos, temos de aprender
a viver na ausência, relembrando, mantendo viva a memória, celebrando o que
eram e como eram, falando e sonhando, com partilhas inexistentes...Caminhando às
vezes para a aceitação de um processo de substituição, casar de novo, ter mais
um filho, entre outras...
Se somos crianças, podemos ganhar
medos intensos, conhecimento de que a morte existe, que as pessoas de quem
gostamos podem morrer, assim como nós próprios. Podem surgir medos nocturnos, apego excessivo, ansiedades de separação, vontades inexplicáveis de não se
quererem separar, de não quererem dormir, de não quererem perder nada...
Como falar disto? De forma simples
e adequada à idade, e às crenças de cada um. É algo natural, que por norma só
acontece às pessoas mais velhas, ou em situações de doença, facto é, que a
pessoa nunca mais volta, mas, nós podemos sempre lembrarmos-nos dela.
Quando tiver saudades, que fazer? Falar,
ver fotografias, lembrar histórias, ajudar a entender a saudade e a vontade de
ver de novo.
Muitas vezes podem criar-se rituais de lembrança, dependendo da
idade, como ir ao cemitério no dia dos anos de quem partiu, ou fazer um jantar
especial, nesse dia, e falar-se da pessoa, relembrando-a. Apaziguar a angústia,
dizendo que nestas situações às vezes, as pessoas ficam melhor assim.
Talvez
abordando o sofrimento em que o outro se encontrava, caso fosse uma doença,
ajude a aceitar e entender. Mesmo que existam crenças
religiosas, não dizer a uma criança, que a pessoa está no céu, ou nas estrelas,
pois pode criar medos de andar de avião, de adormecer à noite por causa do céu
estrelado, de querer ir ter com eles…etc...
Tornar o evento doloroso, numa
parte da Vida e do quotidiano, é tarefa crucial, tentar continuar com a Vida com um número mínimo de alterações, acompanhar as dúvidas, as saudades, com conversas
sobre a pessoa que está agora ausente, sobre como pode ser um exemplo de
coragem, ou como gostaria de nos ver seguir com a vida para a frente, fazendo o
que gostamos e precisamos. É como que encontrar de novo um sentido, e um
objectivo, agora sem aquele elemento que tinha a sua devida importância, e
justificações como estas podem-nos ajudar a seguir em frente.
Deixar chorar, deixar deitar para
fora esta forma de sofrer, pois se a criança não o fizer com medo de deixar os
pais tristes, ou outro alguém, faz a criança fechar-se, para
não os preocupar, então, esta deixa de ter espaço para ter um ombro, um
conforto, ou uma explicação, das pessoas que lhe são próximas e que podem
retribuir carinho, paz, explicações coerentes.
O mesmo se passando com os
adultos, embora cada pessoa viva o luto à sua maneira, durante o seu próprio
tempo, e apenas a passagem dos dias, e a adaptação que a vida força, nos leva a
encarar a perda e a superá-la com o tempo, de forma saudável, ou não...Perder não quer dizer que se
consiga deixar de amar…
Sem comentários:
Enviar um comentário