segunda-feira, 27 de maio de 2013

Desilusões...

Nas pontas dos dedos,
desenham-se sonhos,
desejos,
ilusões...
tocam-se melodias,
que fazem encantar...
No peito rasgam-se emoções, 
criam-se vontades...
pintam-se realidades,
não vividas,
não sentidas...
não esperadas.
Nas pontas dos dedos,
imaginam-se estradas,
contam-se histórias...
beijam-se bocas, por tudo
e, nada...
num universo que é só meu...
fantasias de ser feliz,
na lágrima que não corre,
no peito que se rasga,
e parte,
por não ter o que se quer,
o que se adivinha,
numa história sem fim...
Nas pontas dos dedos,
escrevo o que não vejo,
que não chega a ser...
que não passa de ilusão,
reflectida dentro de mim.


Desilusões...expectativas

Conversas de sofá...

Apostar nas relações tem disto...sejam elas as mais simples da vossa Vida, sejam elas as mais complexas e intensas.

E pior, independentemente da profundidade da relação, desiludirmo-nos, custa, dói...e faz-nos retrair, ter medo de tentar de novo, de dar, de não receber, de cair na conversa de novo...faz-nos desconfiados...

Tudo sentimentos dos quais não gostamos, mas que nos afundam num possível afastamento dos outros, ou numa solidão fingida, induzida por ausência de investimentos.

Hoje vamos pensar em exemplos, vamos reflectir sobre estas desilusões, e como nos protegermos delas, mas acima de tudo aprendermos a viver nelas, sem nos deixarmos de dar, de conviver, de acreditar...

Muitas vezes oiço as pessoas falarem das suas desilusões com o outro, aquele sobre qual nós depositamos algum tipo de expectativa, de desejo de retribuição ou de acção, e no processo, algo falha, e a entrega não acontece.

Podemos estar a falar, de um filho, de um amigo, de um pai ou mãe, de um amante, de um colega de trabalho...estamos sempre a falar daquele(a) a quem nós no processo da relação, atribuímos um determinado valor, papel na nossa Vida, e como tal, em determinadas circunstâncias (ex.: aniversário, acabar um trabalho/tarefa, telefonar, demonstrar afecto, organizar um jantar surpresa, adivinhar sentires, etc....), criamos as ditas expectativas, que nos permitem, fantasiar ou pensar no que o outro poderá, ou vai fazer.

Na realidade, pode existir um desencontro destes nossos desejos, fantasias, vontades, expectativas, e o que a realidade (os outros), na realidade são capazes de nos dar. E é nesse desencontro que residem as desilusões...a tristeza, do que na realidade nunca foi, nunca chegou a existir, mas porque foi esperado, ou sonhado, é como se existisse uma perda, às vezes quase luto. Muitas vezes, tão, ou mais intensa do que se as situações fossem reais e não fantasiadas.

Este processo é muito difícil de ser alterado, ou evitado, pois faz parte dos seres humanos, sonharem, criarem expectativas sobre o que vai acontecer, sempre num processo de tentar adivinhar o que vem a seguir...a procura da perfeição, do encontro entre desejos, a realização através do outro, a paga da Vida...o que pode ser alterado não é o processo em si, mas sim, as interpretações do que vem a seguir. Fantasiar, desejar, querer, mas, ser capaz de perante o que a Vida e os outros nos dão, aceitar, receber, e viver as coisas na sua totalidade, mas não permitindo que esta se contamine por aquilo que não foi, ou não chegou a ser...

Nota: este exemplo não tenciona ser sexista na escolha de género dos personagens, mas sim e apenas, dar uma ilustração possível  ;0)

Por exemplo, uma mulher, espera que no dia em que celebra o seu aniversário de casamento o seu marido a leve a jantar ao sítio onde a conheceu, num postal lhe escreva a letra da canção que dançaram juntos, pela primeira vez...que lhe dê uma prenda que simbolize o seu afecto, etc., etc. (as mulheres são muito profícuas a imaginarem 300,000 opções diferentes de demonstrações de afecto, que passam não apenas pela presença do outro, mas também por objectos símbolos desse afecto)...leva não o dia, mas a semana toda, o mês...a imaginar, interpreta os silêncios do companheiro como sinal de que surpresa se aproxima, que ele está a criar suspense, não lhe pede nada, ou dá sinais, pois valoriza a surpresa, e vai dando asas a sua imaginação...o dia chega e...

O companheiro, lembra-se no próprio dia que é o aniversário, que já não tem tempo de fazer grande coisa, mas como a companheira não falou no assunto, ele calcula que ela também não se lembrou, ou porque não lhe disse nada, não planeou nada...por isso, tenta improvisar, pois o que é importante é que consigam passar um pouco de tempo juntos. Pede à sogra para ficar com os miúdos, compra uma rosa por cada filho, encomenda um frango assado, prepara uma garrafa de um vinho, e pensa que vão fazer um jantar de "desenrasque" na sala, pratos de plástico para que ninguém tenha de arrumar nada a seguir, e juntos, na conversa, vão celebrar e vão acabar a noite a fazer amor...

Encontro dos companheiros...conforme se desenrola o momento, ela cada vez mais tensa, desiludida, na espera do que ele oculta e ainda não deu, ou disse...ele a não perceber a tensão não falada...quando a noite acaba, ela encontra-se muitas das vezes incapaz de interpretar todos os momentos como um desejo intenso e profundo por parte dele em estar com ela, sem ostentação através de organizações ou objectos de partilha, e acaba a interpretar a noite como uma desilusão, um desconectar, um desencontro, tudo porque as suas expectativas, sonhos, desejos, não "bateram" certo com a realidade e a levam a uma desilusão, a um desencontro de expectativas, resultado, está triste, sente-se só, não compreendida, e desinveste, podendo zangar-se até...ele fica pendurado no que não entendeu, desiludido de não se ver entendido nos seus gestos e objectivos.

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A nossa realidade, faz com que as possibilidades de felicidade fiquem dependentes da nossa interpretação do que nos rodeia, e da nossa capacidade de aceitar o que recebemos por aquilo que é, por tudo o que entrega e pelo valor que lhe pode ser atribuído,  porque este não se contrasta com o valor do que nunca foi ou aconteceu.

O percurso não se evita, mas a leitura pode ser guiada, como se estivéssemos a pontuar um texto escrito, mas que ainda não tinha sido pontuado, e a cada vírgula, que colocamos, permitimos a nós mesmos a oportunidade de orientar a leitura do texto para a melhor interpretação possível, porque isso nos permite usufruir do momento, tirar o seu melhor para o nosso interior, e recolher um saldo positivo no fim...um saldo de afectos, que nos preenchem, completam.

Claro que podem dizer que são estas leituras que também nos levam a desilusões com pessoas, a um vazio que se arrasta, pois nunca vemos as nossas expectativas cumpridas, a uma ilusão na procura de ver as pessoas como melhores do que na realidade são...sim e não, é fazê-lo com prudência, investe-se em quem queremos e de quem queremos o seu melhor. Acreditamos no outro, porque o outro nos dá, embora às vezes não o que queremos, e se queremos as nossas expectativas cumpridas, aprendemos a PEDIR...pois assim, damos ao outro a oportunidade de saber o que queremos e a poder dar-nos o que conseguir dar e mais, damos a nós mesmos a oportunidade de viver mais felizes, porque em vez de vivermos os filmes da fantasia, vivemos as realidades que o outro nos consegue dar e faz partilhar. Pensemos...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Gostar...

Significado de Gostar

v.t. Achar saboroso: gostar de morangos.
Sentir prazer em: gostar de sair.
Ter afeição ou amizade por; amar: gostar de alguém.
Ter como bom; aprovar: gostar de uma sugestão.
Ter inclinação por: gostar de matemática.

Sinônimos de Gostar

Sinónimo de gostar: adorar, amar, apaixonar e enamorar

Definição de Gostar

Classe gramatical de gostar: Verbo transitivo
Tipo do verbo gostar: regular

Nos últimos tempos tenho tido os meus clientes a falarem sobre uma dificuldade que têm...que é a de, muitas vezes, não conseguirem sentir que gostam de si próprios, em encontrarem razões para se valorizarem, para conseguirem estarem de bem consigo mesmos...encontrarem paz...e um caminho na sua Vida que os leve não só aos sítios que definiram, a sós, ou em conjunto, mas também a um caminho pessoal...a um caminho de realização...
Estas dúvidas não são fáceis de resolver, se as dúvidas assentam em problemas do passado, em problemas que possam remontar à infância, a experiências passadas, que se encontram enterradas, e o próprio, quase que não tem consciência de as ter vivido.

Mas ser difícil, não torna o caminho impossível...
Ser penoso, ou doloroso, pode ser, ou vir a ser libertador...

Este trabalho do gostar, do descobrir as forças, de amar o nosso ser, de conseguir encontrar sentido em nós, ter espaço para crescer, viver silêncios, estar só...implica dedicação e vontade nossa, e é reforçado se tiver acompanhamento, ou uma boa companhia...alguém, ou alguns  que nos dêem a mão, nos ajudem a dar os saltos que são necessários, mas é também um processo que se consegue fazer, se existir resiliência e vontade de seguir caminho feliz...

Não quero ridicularizar o processo, por tentar nuns parágrafos, deixar algumas ideias, ou sugestões...no entanto, eu, acredito, que às vezes um pontapé de arranque pode ajudar, por isso, com este texto tenciono apenas, deixar o mote...deixar a vontade de tentar...


Ninguém consegue ser plenamente feliz, amar alguém, sonhar, se no fundo, não se amar a si próprio...precisamos de ter este sentir, para que as portas a uma existência mais completa se abram, e nos permitam, ver além, sentir além...

Por isso, o ponto de partida é aprender a gostar...de si.

Como?

Ganha coragem e carregado de honestidade, senta-se com um bloco/caderno, e uma caneta (ou lápis, não sou exigente, não pode é apagar), e vai escrever uma lista, de coisas boas que gosta em si, primeiro as coisas físicas que aprecia...e seja honesto, a lista é para si...coloque tudo o que gosta em si, as mãos, os olhos, as pernas...qualquer coisa, o que importa é que encontre os atributos físicos, dos quais se sente orgulhoso, com os quais está feliz.

Depois vai escrever a lista das coisas que o caracterizam, a nível de personalidade, ou forma de viver, e que o fazem ser especial, que o deixam feliz, contente consigo...Liste os valores, as capacidades, o saber dar ou receber, o que faz, o que sabe fazer, no fundo, quem você é.

Depois fecha o caderno, e segue caminho, segue com o seu dia...mas tenta ir pensando em si, no que os outros vêem em si, no que os outros costumam elogiar, e se concordar, abre e acrescenta...E durante uns dias, é o que vai fazendo, quando sentir que se conseguiu resumir, senta-se e vai ler, o que escolheu, o que escreveu...e deixa a lista entrar em si...e pense, como se vê, como veria alguém assim, como você...e deixe assentar em si, essas verdades, esses elogios ao próprio.

Agarre-se a essa imagem de si, e com a sensação, de que deve acreditar, e sentir que se você for mesmo assim, até é um alguém merecedor de afecto, de entrega, de vivências especiais...deixe-se ir, e viva o que sente por si, acredite...(tente pelo menos, para poder por à prova esta nova teoria de "si", esta nova visão)...

Com esta imagem, sensação, na cabeça, na sua imaginação, num cantinho do seu coração, saia para a rua, e viva-se de novo... entregue-se a este papel, em que vai acreditar, ser quem descreveu...

E observe os outros, as suas reacções a si, e anote em si, no seu bloco, no seu sentir, na sua pele...no seu coração, e permita-se tentar acreditar...

Este pode ser o seu primeiro passo...
Pode também escrever nuns post-it algumas das coisas que mais gosta e cole-os ao espelho...e leia-os de manhã, ao deitar...

Pode perguntar a alguns dos seus amigos, para o descreverem com uma palavra...e aceite o que vier...com gosto.

Faça GOSTO, a si mesmo, veja-se por quem é, no seu interior, no seu exterior, e faça de si o seu cartão de visita...

Mude a sua Vida, criando espaço, para este seu novo amor, e permita-se apaixonar-se por quem você é.

Aprenda a viver mais, as coisas simples da Vida, e acredite que ao viver-se nelas, com um novo sentir de si, acreditando que pode gostar de quem é, que pode confiar em quem é, para si e para os outros, todas as suas experiências começam a acumular certezas no seu interior, que o deixam ir acreditando que é verdade, que é alguém de quem é possível gostar, que faz apaixonar, que os outros respeitam, gostam, querem nas suas Vidas...

Entregue-se a si...
Goste, muito...


segunda-feira, 13 de maio de 2013

AMANTES


Águas de rio,
tão livres e puras,
que enlevam a natureza...
que banham a terra,
que dão de beber à sede...
Que em músicas,
naturais, rodeadas de verde...
em topos de montanhas,
e torreões de pedra,
assistem,
em silêncio...
a uma entrega tão linda e,
profunda...
que envergonham o sol,
que se deita...
para dar espaço ao amor
da lua.
Numa junção,
da natureza e do amor...
em pedra desenhados,
dois amantes se entregam...
na procura de ser,
uma promessa de ter...
esperanças e sonhos,
que apenas num amor se encontram,
lado a lado...
secando as lágrimas corridas,
de...noites não vividas,
toques contidos,
...pelas,
amarras da Vida.
Num espaço único,
no seio do nada,
vergados pelos limites...
acedem-se velas,
tocam-se as estrelas...
e em palavras entregam-se valores,
que são muito mais,
do que em si encerram.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

VIDA


Aperto no peito,
Vida ao alto...
sonhos inacabados,
caminhada dolorosa,
surpresas traçadas...
de imprevistos marcadas,
lágrimas caídas,
roladas de esperança.

Aperto no peito,
Vida de frente...
serras de subida,
descidas empurradas,
quedas não planeadas,
cicatrizes no peito,
corações rasgados,
em amores...imperfeitos.

Aperto no peito,
dores de alma,
paridos os filhos...
em rasgos de amor,
em projetos de Vida,
...corridos,
sem água bebida,
em abraços fugidos.

Aperto no peito,
da Vida vivida,
da caminhada conquistada,
marcas na areia, que o tempo apaga...
em imperfeições de momentos,
que enrugam a face,
beijam o ventre,
e num grande enlace,
contam a história,
dos olhos profundos,
do beijo doce...
em sal de caras...
de vento banhadas.

Aperto no peito,
de amores reais,
de vidas contadas,
de finais felizes,
de mãos enlaçadas...
perdidas do nada.

Aperto no peito,
do tempo passado,
da areia que me foge...
e, empurra para o nada,
do fim que chega,
e me mostra a Vida,
em fotos rasgadas,
em memórias criadas...
que assim ficam,
deixadas...

Hoje viver...é o infinito...

Viver numa imaginação sem limites,
é criar uma escada de ideias,
apagar limitações,
e, acreditar que o sonho...
é a realidade antecipada.

Viver um sonho,
é apostar na rebeldia da felicidade,
dar as mãos ao desafio...
e de pés descalços,
caminhar...
por um fio, desenhado à beira mar.

Viver uma ideia,
é realizar uma vida,
chegar a um fim, que nunca acaba de ser princípio.

Viver a realidade,
é ultrapassar limitações,
numa imaginação sem limites,
apoiada numa escada...de ideias,
que nos concretizam os sonhos.