sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Adolescência Crescida...Enleios, Labirintos, Encruzilhadas...PERDIDOS NAS ACHADAS


Para mães, pais, e filhos...naqueles espaços em que não cabe ninguém, e no desespero, pensamos todos, que não sabemos o que fazer...


"Chego a um ponto de descontrolo, de lágrimas banhada, com gritos de raiva, coexistências de amor e ódio...não sei por onde ando e onde quero estar, num desassossego doido, de nem a mim me querer.
Encontro-me dentro de mim, enleada, em soluções, ilusões e perguntas sobre um  mundo cheio de tudo e de nada, que nos oferece a cada encruzilhada, decisões que nem sempre sabemos tomar.

Na cabeça, reside um labirinto de opções.

Estou na estrada de deixar de ser criança, e passar a ser crescida, salto do colo da mãe e vivo a Vida, ou fico aqui parada na procura das respostas que os meus 16 anos não me dão...?

Vivo este amor por estas entidades que me fizeram, criaram e ensinaram, ou corto, desgarro-me para me encontrar em mim, e descobrir quem eu sou, quem é o EU que existe em mim, que não é parecido, tal e qual, sem tirar nem por, um alguém que já existe na linhagem que me antecedeu.

Quem sou, na minha pessoa inteira?
Onde estou amanhã?
Em quem acredito?
Há Deus?
Há Universo?
A minha melhor amiga é mesmo?
O que é ser pessoa?

Que valores são todos os que me ensinaram e com os quais, agora, me vejo confrontada, e não existem, ou contorcem-se nas realidades e verdades de cada um. Que não são as verdades que me ensinaram...que a verdade pode ser mentira, e a mentira, pode ser a minha verdade. Que a verdade dos adultos pode não ser a minha. Que as justiças e injustiças, minhas, dentro de mim perdidas, não se igualam ou tocam aqueles que me rodeiam.

Onde está a minha MÃE, ou PAI, as entidades perfeitas e gigantes, no cimo do trono em mim moral?

Como lido com o descobrir que são, ou que nunca passaram de ser, pessoas, daquelas, normais...mas, que amo com tal força, que consigo num rasgo de tempo, odiar com as mesmas ganas, com que amo, e morro por?

Como choro e rio, no mesmo segundo, e me encontro entre hormonas que em mim flutuam, e me fazem questionar. É tudo isto real, vivo aqui? Tenho alma, sou imortal, reencarnarei, posso ter fé...???

Fé em quem? Em mim, neles, ou num Deus que agora questiono, porque sofro só.

Mas, já me enganaram, já sofri, e neste momento, qualquer dor, a MINHA dor, é tão grande  e imensa, que me deito no colo da minha mãe e não quero crescer, quero continuar ali, em sonhos de criança...mas dentro de mim rasga-se em liberdade, esta entidade que me força a encontrar espaço em mim para acreditar que tem de haver um algo, lá à frente, num fim, que recompensa estas caminhadas.

Permito-me, abro lentamente os olhos e de colo dado, numa linha de coração, em olhares cruzados contigo, minha mãe, meu porto seguro, que me embalas, atiro-me de frente para o crescer, de peito erguido em coragem de cruzado, ocultando um pintainho cheio de frio e receio do escuro da noite.

Que preciso?
Que me dês...me dêem...

Compreensão, pois tenho medo de ir, de deixar, de seguir em frente e passar a ser, sem ti, sem vós.

De colo, porque embora crescida, me sinto pequena, frágil e desprotegida do mundo que me deram.

De silêncio, para me ouvirem dizer as minhas dores, que podem ser parvoíces, mas a mim perfuram-me e tiram-me o ar.

De espaço...para estar, existir, por quem sou, no vosso mundo, na vossa casa, mas que deixe de ser vosso, até que eu possa ter os meus...

De atenção, porque às vezes não grito, não peço, mas, preciso muito...

De amor, aquele que me dão nos olhares de orgulho, no empurrão que me manda seguir.

De paciência para crescermos juntos...hoje, o meu hoje não é o vosso, ajudem-me, não me deixem só, mas sigam o tempo no meu ritmo, pois eu não tenho as vossas ferramentas, maturidade, ou coragem...


Façam de mim crescida, no meio dos meus perdidos, façam de mim perdida, mas segura e achada dentro de mim.

Obrigada pais..."

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

VIDA


Hoje, quero falar, reflectir...escrever solto, nas linhas que se seguem, coisas que discuto com quem me procura, coisas que esquecemos no dia-a-dia, no momento que passa, naquele segundo que ainda agora olhei e vi no relógio: A Vida e a sabedoria de a viver.

Todos nós somos especialistas da nossa própria vida, cientistas que a investigam, jornalistas que a reportam, máquinas fotográficas que a registam, somos protagonistas desse palco com papel principal, mas, por vezes, senão muitas vezes, esquecemo-nos que o palco é nosso, que os espectadores esperam de nós uma peça...uma intervenção, esquecemos que subimos ao palco, e que dele temos de fazer caminho. Estagnamos, perdidos em pensamentos, em distracções, em barulhos e ruídos alheios.
Perdemos o Norte, perdemos a energia que necessitamos, porque não a poupamos, porque não a renovamos, porque basicamente na pirâmide de prioridades, esquecemos que quando olham para o nosso palco, a peça só pode ir para cena, para estreia, se eu não faltar aos meus próprios chamados.

Quem de vós se ouve, se "presta atenção", se acolhe em si mesmo, e dedica um tempo, um qualquer tempo, a viver, a fazer o que dá prazer, o que nos recarrega.

Oiço tantas vozes, a dizer, Rosa não há tempo, não pude, para a semana, hoje não dá, um destes dias, lembre-me de novo o que é para fazer, "como é que isso se faz?", o tempo corre e foge, são os miúdos sabe..., é muito trabalho...

Eram, são infinitas as desculpas, a nós mesmos, é o ruído de fundo que permitimos que exista, para que tal e qual o mágico, o ilusionista, com esse ruído, não prestemos atenção aos gritos que me dizem: vive, vai ver o mar, ouve música, canta em voz alta, chora, lê, passeia, vai ao cabeleireiro, dá uma volta, lê uma revista, come em pratos de plástico e não laves loiça, foge por 10 minutos, desliga o telemóvel, desliga a TV, não vás às compras, ou, vai às compras, sonha acordado, vai a uma massagem, deixa cair batalhas desnecessárias....
Não ouvimos, mas ela, a Vida é implacável, apanha-nos a cada esquina de relógio em punho, que nos esfrega na cara, e nos relembra das finitudes de tudo e todos os que nos rodeiam. Mas, onde está a sapiência adquirida, que desta vida vivida, me devia ensinar, empurrar, abanar, para que em cada um dos meus dias, para que a cada um destes intervalos temporais de que me componho, me tirasse da inércia, e com ou sem atrito, me empurrasse para fazer por mim, para aprender a viver um momento, a construir a felicidade em somatório de eventos e não como o santo Graal que por mim aguarda num algures, escondido, com um mapa que me é inacessível.


Quantas lutas se travam reais???

Há quanto tempo não se vive, não vive, não se cuida?

Por favor, não me responda amanhã...arranque, todos os dias, um pouco, um pouquinho, que no fim será tanto.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Da solidão faço minha habitação...

 
Hoje, falei de solidão e vazio com muitas pessoas, falei do que é habitar em nós, com o sentido de se estar só, e de como tudo isto pode ser triste, pesado, vazio, ou numa oposição bizarra ou até numa dicotomia quase irónica, pode ser, ao contrário, um estar só, rico, positivo, cheio em si mesmo, e, decidi reflectir convosco, sobre este tema...a solidão em nós, a solidão que nos habita ou, que nós habitamos, e talvez de alguma forma roçar o tema da Vida e da Morte...

Hoje viajei por extremos, por aqueles que na sua solidão e silêncio se inspiram, se encontram e ouvem as vozes interiores que na surdina dos barulhos citadinos, que a muitos nos rodeiam, não deixam sequer ouvir o grito mais alto que ecoa em nós. Ouvi como se precisa de sofrer ou, até de estar só nesse sofrer, para crescer e para escrever, para pintar, criar...e como a solidão inspira, pois a companhia, o ruído, a conversa fiada e divertida, distrai as ideias que nos invadem a cabeça no silêncio do nós em nós mesmos.

Falei de como se está só na doença, porque em última análise, muitas vezes a doença impede de viver a companhia do outro, de a querer, e às vezes na doença mental, até de a entender ou percepcionar.

Como estamos sós na morte, seja ela súbita, planeada, com tempo, sofrida ou tranquila, porque nesses dados momentos de confronto com a nossa finitude, com os limiares dos caminhos que percorremos, existe um momento em que se parte, e nesse segundo, instante, vai-se sem companhia, sem uma mão sentida...para um espaço que vai depender de todo o processo de fé.

Que muitas vezes as pessoas se sentem sós na vida, que levam, que têm, que se permitem viver, que as deixam vazias no sentir, ou encaminhadas em caminhos traçados a escuro, por um carvão que não é nosso, ou que nos supera. Sós numa vida repleta, cheia e maravilhosa, ou sós, numa vida vazia, difícil, desafiante...o só, depende do nós, do viver e sentir que abre espaços na nossa habitação, na estrutura que o nosso corpo nos fornece, com perspectivas que nos permitem mobilar a habitação e rodear e namorar a solidão, levando-a de mão dada, em caminhos de luz, que nos acompanham no processo de encontro próprio e de criação. 

Num caminho de fé, em que só nos ouvimos a nós, e nesse encontro entre nós, nos respeitamos e apaixonamos, ouvindo e entendendo as linguagens que falamos, em todas as suas dimensões, e que nos permite então, mais tarde e em pleno, saborear o estar com um alguém, encontrar um alguém...pois ai, existem agora, espaços na habitação para viver o outro.

Podemos habitar-nos de tal forma com esta solidão, que estamos sós na multidão, transparentes ao sorriso, ao estender de mão do outro...passamos, não marcamos ou não deixamos que nos marquem. Sentimos-nos sós nos valores, num viver que parece não ter espelho, não ter ouvintes ou seguidores, questionamos a sanidade das ideias que ouvimos na nossa solidão, e que nos leva a dar ouvidos à nossa voz, que nos conta histórias de como a vida pode ser, e muitas vezes não é.

Estamos sós no sorrir, porque há quem se esqueça, quem os tenha perdido na habitação, na residência, que deixou de ter morada, que se perdeu no monólogo interior pois extinguiu a fé no próprio, a fé no que reside nos cheios e vazios do "Nós" que somos em tudo o que fazemos e podemos ser.

Estamos às vezes, muitas vezes, sós no amar do próprio, porque achamos que só o podemos fazer na dependência do amor do outro, no espelho desse olhar alheio que supostamente nos define e atribui valor, quando, muitas vezes, este nosso amor se encontra apenas dependente da capacidade de apreciar estar só comigo mesmo, e aprender a conhecer-me a olho nú, despido de qualquer preconceito ou juízo de valor...deixamos-nos sós na inspiração, de encontrar em nós o tesouro interno que todos temos nas divisões que permitimos serem habitadas, porque não nos permitimos estar sós na nossa solidão, que nos permite a paz para nos vermos, sentirmos e conhecermos nos nossos quereres e nas vozes de alma. No entanto, permitimos que estranhos, entidades de valor nem sempre definível, nos invadam, e transformem o silêncio e a solidão, ou o estar só, num ruído que ensurdece e do qual quero fugir. Habitando espaços meus que me transformam, sem aviso. Vamos dar ordem de despejo ao que nos faz mal, arejar a habitação que tenho, e aprender a valorizar as divisões, e as características que me fazem ser um espaço único, repleto de tesouros, e segredos, ideias e sonhos, que me permitem ter um monumento a mim mesmo, uma ode, a quem sou!