segunda-feira, 29 de outubro de 2012

No espaço do meu coração…


Cabe tudo…
não cabe nada,
angústias me enrolam,
vontades me sufocam…
E no vento da minha mão, só me cabe a ilusão.
Espaços, vazios,
permanências diminutas,
que não chegam,
que não saboreio…
carinhos que não me chegam.
No espaço do meu coração,
quero recheio de Vida,
mágica ilusão…
quero as tuas respostas,
quero um aperto da tua mão.

Que espaços são estes, que espaços tenho eu?

Que sensações nos invadem, se sentimos que há algo em nós que não está lá, não está preenchido? 

 Já vos falei de vazios, e é de vazios que quero falar de novo, pois estes espaços de emoção negativa ou ausente, são pedras do tamanho de montanhas, nos sapatos de cristal, com que avançamos na Vida, que acaba por muitas das vezes ser um caminho sempre a subir…

Com pedras ou sem pedras, com sapatos de cristal, ou não, quero caminhar, em frente, um passo de cada vez, convosco, para chegarmos lá…vamos embora, preparem a mochila e pensem comigo…


Imaginem-se comigo, como se fossem um barco, a vossa vida um rio, com um caudal, que varia, ao longo da sua caminhada, com desenhos formados e por formar, com um caudal que se altera a cada momento, mais lento, mais rápido, chegando a poder ser turbulento, ou estagnado. Cada momento da vossa vida em que, se sentiram mal, em choque, em sofrimento, desiludidos, arrependidos, em causa, etc., e cada vez que se sentiram assim, e não conseguiram resolver a situação de uma forma positiva, ou pelo menos, tão positiva quanto possível, mas sim sentem, que são assuntos que ficaram nas vossas vidas como inacabados…pensem que lançaram uma âncora ao rio, e que embora o tenham continuado a descer, a caminhar, dando corda à âncora, se estes “assuntos” forem muitos, o barquinho vai cada vez mais devagar, e cada vez mais se vai preocupando com essas âncoras, amarrando-se ao passado, e tendo cada vez mais dificuldade em seguir em frente, decidindo o caminho em frente…com espaços dentro de nós que nos desfocam do futuro, que nos impedem de concentrar.

Se não conseguimos, encontrar meios de cortar cordas, de dizer adeus a tais âncoras, fazendo com que o processo nos resolva as questões passadas, então, não gozamos a caminhada, e criamos espaços cada vez mais difíceis de viver com, as alegrias embaciam-se, e cria-se uma dormência actual, que nos impede, de verdadeiramente viver no aqui e agora…

Mas há soluções…como em tudo, temos é de sentir que vamos comer este bolo, com uma dentada de cada vez, para assegurar que chegamos ao fim.

Por exemplo, pensem que uma das âncoras pode ser algo que não dissemos a alguém, e que esse alguém agora se afastou, não faz parte da nossa vida, ou por exemplo, até morreu…que podemos então fazer para cortar a corda, para seguir em frente…?

Vou dar apenas algumas ideias, cada um de nós tem de encontrar a tesoura certa, para que consigamos, este movimento de resolução, mas, há tesouras para todos...


Eu posso, escrever uma carta, dirigida a essa pessoa, em que relato o que senti, interpreto o que se passou, peço desculpas, digo o que gostava de ter dito, partilho o que o outro me fez sentir, e esta carta pode ter de tudo, coisas positivas, negativas, verdadeiras, ou apenas imaginadas, mas tem de lá estar, na sua essência, aquilo que eu preciso tirar do meu peito, aquilo que eu precisava que o outro soubesse, para que eu me sentisse solto, livre deste assunto. Quando acabar, provavelmente já se vai sentir mais leve, e os passos seguintes vão depender das suas próprias opções, mas podem ser coisas como as seguintes: enviar a carta se lhe fizer sentido; se for alguém que já não está connosco, ler a carta em voz alta, com intenção, como se o estivesse a fazer em frente a essa pessoa e depois quando se sentir capaz destruir a carta, dizendo adeus ao assunto; ler a carta em voz alta, e deitá-la fora simbolicamente; guardá-la, junto de outras, e quando sentirmos que criámos um conjunto de mensagens, em que nos libertamos destes pesos, podemos decidir queimá-las a todas, enviar algumas, marcar um café com alguém com quem partilhamos os nossos sentires, etc...

Outro exemplos podia dar, mas a mensagem importante, é sentir que através destes processos ou de outros, com os quais nos identificamos, cortamos amarras com esses assuntos passados que nos prendem, perdoando, a nós próprios, aos outros. Esquecendo, deixando que estes assuntos de peso, assumam agora, apenas a marca de uma pequena cicatriz, que pode doer, na mudança do tempo, ou quando algo novo nos relembra viagens antigas...mas, em que tudo isto não é impeditivo do agora e do amanhã...a vida é mesmo curtinha, e quando damos conta o hoje já foi, e não nos restam assim tantos amanhãs... 

Desistências em vez “do para sempre”…




Problemas e dificuldades todos os casais têm, certo?

Dias mais fáceis e mais difíceis também, momentos em que nos questionamos se o outro é o tal, ou não, se o que pesa mais são as coisas boas ou as más?

Momentos em que queremos com toda a força do nosso ser, saber que é assim e que assim vai ser, no entanto, nos momentos de tensão, às vezes assim não é…de repente parece que os votos, a força de vontade para estar, o querer muito o outro ou o sonho de estar junto, de fazer uma família feliz, não pesa o suficiente e de repente o inabalável, estremece, e abre espaço, janela, porta, para que a dúvida entre e nos tornemos nuns desistentes da instituição casamento.

Na nossa sociedade vivemos tempos que nos permitem devolver o que não ficou bem, não funciona bem, o que não nos agradou a 100%, sem perguntas, e isso cria em nós a ilusão de que perante qualquer coisa que venhamos a adquirir, temos de ter uma satisfação a 100%, e que a nossa felicidade também ela está associada a esta elevada percentagem, e que se assim não for, não podemos ser felizes…dois conceitos difíceis de igualar, sem dúvida.

Será que no casamento ou nas relações que estabelecemos sentimos também um pouco deste hábito? Será que à primeira falha, insatisfação, começamos a questionar se este investimento vale a pena, e começamos a ponderar uma desistência, que provavelmente não é mais do que uma devolução do que não serve, não funciona bem, não me satisfaz?

Será que nossa tornámos consumidores mimados, e que esse consumismo protegido, pelas competições entre rivais se estendeu à nossa filosofia relacional, e nos impede de lutar pela continuidade das relações, por muito que isso possa ser difícil? Claro que não estou a falar de situações abusivas, estou a falar de relações “normais”, onde podem surgir alguns desajustamentos, que têm de ser vencidos através do uso intensivo de ferramentas que estão dentro de nós, do nosso coração e altamente ligadas à nossa vontade de continuar, de investir e não permitir, que a desistência seja uma das hipóteses de resolução na mesa, pois por si só a palavra ensina-nos que não é um tipo de solução, antes pelo contrário, é apenas um tipo de não-resolução.


A força para lutar por, só surge, se na aceitação de mim, do outro, e a vontade de querer fazer funcionar, se conjugarem, para nos empurrarem para um caminho que não tem volta atrás, tem apenas caminhos paralelos, que podemos optar por usar, para chegar a novos cruzamentos. Precisamos de acreditar que algures no meio das discussões, das cedências, das combinações, da entregas, algures no meio de tudo isto, o meu amor, o meu gostar, tem de ser investido, para que continue a ter mais forças, mais vontade de ficar do que de ir…este balanço não pode estar invertido, pois é o que me permite querer fazer tudo o que for possível para fazer resultar, para transformar a relação actual, na relação mais ideal, com consciência que todos os dias, e em todas as esquinas da nossa caminhada, desafios nos esperam, mas garantidamente, se todos eles forem ultrapassados, todos os dias, em todas as esquinas, temos um alguém disposto a partilhar connosco a sua vida, as suas virtudes, os seus defeitos, e o seu amor por nós…

Transportemos paixão para esta dedicação, e não aceitemos as falhas da relação como inevitáveis, não as consideremos parte do percurso, mas tentações e desvios ao mesmo, lutemos para acreditar que com as devidas mudanças, o sim, pode ser para sempre, desde que não deixemos, a relação e o nosso ser, perder o norte, e deixar de ver ao longe, todas as possibilidades e todos os afectos que se ganham numa vida a dois…

Beijos da “Boa noite”


 
Fala-se de um estudo que veio dizer que há cada vez mais pessoas a não darem o beijo de boa noite, será que esta distância física se impôs porque estamos todos mais distanciados? Ou esta distância, é símbolo de egoísmos e cansaços que nos impedem de gestos de entrega que têm custos? Será que o não-beijo é norma desta nova cultura de vergonha sentimental, de individualismos extremados, que nos impedem de ver o ganho do contacto físico.

A proximidade que resulta de um beijo na face, de um toque de mãos, de um afago no rosto, de uma festa na cabeça, constrói um espaço de partilha que nos faz ser felizes, que nos faz sentir queridos e pertença de um alguém, de uma família, de um grupo.

Ir à cama sem dizer e desejar boa noite a quem amamos, é forçar um espaço, uma distância, e mostrar um desapego, que não pode trazer bons resultados a longo prazo, pois mais tarde queremos uma proximidade que parece inexistente e difícil de construir. É um hábito, é um sinal de ligação, de respeito, de lembrança, é uma prenda de proximidade…o filho que é aconchegado na cama, com um beijo de boa noite, um afago, e uma lembrança de que se é importante para o outro, é mais seguro, mais confiante, sente-se mais amado do que aquele que o não recebe. E pelo seu lado inverso, o pai ou mãe que o faz, recebe também o beijo, o carinho, e a retribuição destas atenções, criando hábitos e laços, que não se quebram com facilidade.

O casal, que se abrace, que se beije no reencontro, que demore uns segundo a reconhecer a chegada do outro, é mais feliz do que aquele, que não pausa, segue em frente, e o outro chega sem nota digna de paragem. O membro do casal que se deita despedindo-se do companheiro, mais facilmente tem um companheiro que se vai aninhar, que vai procurar contacto, que vai dar afeto. Não existe um fosso imaginário na cama, não existe uma distância corporal invisível separadora. Cada gesto destes aproxima, marca pontos de proximidade, que são facilitadores, não só do diálogo, como também da intimidade, que facilitarão o desejo sexual, a procura do outro.

Beijar faz-nos bem, beijar faz-nos sentir parte da vida do outro, faz-nos sentir o outro, e fazer o outro sentir-nos, esses milissegundos libertam em nós hormonas de bem-estar, e dão ao outro certezas de afecto…deixar que os outros nos beijem, leva-nos a sentir o mesmo, leva a abraços e a pontes entre nós.

Pensem nisto…

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Amores em tempos de crise!


 Amores em tempos de crise!

Queixam-se as pessoas da crise, e questiono-me eu se os amores sofrem nestes tempos, ou se antes pelo contrário, se reforçam, e com novas forças e novas juras, os laços se estreitam e os casais, as famílias, se unem em sintonias relacionais, que permitem, ser feliz, mesmo em tempos de crise…

Depende, tenho aqueles clientes que se agarram com unhas e dentes, como se a sua vida dependesse mais destas relações e destes sentimentos do que do dinheiro ou emprego, e tenho ou vejo aqueles, que a crise, faz com que algo que já não ia bem, comece a fragilizar, a deixar entrar água ou distâncias, e com o tempo, todos ralham, e realmente ninguém tem razão.

Mais, se não nos cuidamos, a sensação generalizada de uma perda, de não encontrar sentido, de um negativismo e de um esquecer de que ainda estamos num belo País, e numa cultura muito positiva, independentemente do nosso património de Fado, pode fazer com que nos deixemos cair num estado depressivo generalizado, que não é apenas vivido nos nossos amores, mas também na nossa Vida em geral… deixemos-nos disso!

Há estratégias às quais não nos podemos agarrar ou apoiar, para que com este fardo Nacional, não nos deixemos viver os nossos amores, como se estes fossem de perdição…Por exemplo, há que contrariar, aceitar a situação actual dá-nos de imediato forças para caminhar em frente, focando o investimento no futuro e no desejo de fazer parte da mudança.

Fugir de pensamentos como “Eu não aguento mais!”. Certo, eu sei, a Vida às vezes é difícil, parece-nos não termos resolução, mas se agirmos ou pensarmos como não tendo outra alternativa, no dia-a-dia, avançamos milímetro a milímetro, ganhando terreno sobre esta sensação de incapacidade. Vamos-nos concentrar no presente, e olhar em frente.
Não alimentar os “porquê eu?”, essa é uma viagem a um mundo de perguntas sem resposta, mas se nos questionarmos o que fazer com isto, ou em relação a isto, e de imediato adoptarmos uma atitude mais proactiva e vencedora, criando um ânimo que pode estar a desaparecer. Vamos seguir, passo a passo, vivendo as felicidades que se conquistam nos pequenos momentos, e não esperar que esta seja um enorme pote cheio dela mesma, no fim de uma caminhada. Se o caminho se faz caminhando, a felicidade vive-se vivendo. Pode dizer-se que os casais ou as pessoas mais felizes, são aquelas que não estão à espera que algo lhes aconteça…se eu não esperar, principalmente em tempos de crise, um “jantar fora”, ou um ramo de 50 rosas, um pic-nic organizado pelo meu marido, no parque, com vista para o mar é delicioso.

Vamos vencer a crise, ou as crises, como? Em primeiro lugar temos de dizer a nós mesmos que não estamos na desgraça ou a vivê-la, a forma como nos sentimos com o que nos acontece é que dita o nosso grau de felicidade, aquilo que nos acontece pode ser motivador, ou não. Ou seja, cada crise, obriga-nos a olhar de outra forma, a encontrar uma nova saída, e isso faz-nos sentir bem, estamos a lutar, a fazer algo, o que aconteceu, deixa de ser importante, se nos preocuparmos com o que fazer depois…

Aprender a ver primeiro o que aconteceu de bom, de positivo, aderindo a uma mudança de saber estar e saber ser. Se numa crise de casal (ou geral), eu perpetuar as minhas ações, não mudando, não aceitando, não tentando descobrir os aspetos positivos, então a nossa dor, a nossa crise, não desaparece...perpetua-se.

Será que atraímos o que sentimos? Será que quando temos oportunidade de falar como casal, falamos de coisas boas, que nos têm acontecido, falamos das proezas dos nossos filhos, ou das condições que ainda nos vão restando como família? Ou não, e perdemos tempo a falar do negativo, do que não se tem, do que não se consegue mudar…como nos sentimos nós se estivermos sempre a tocar numa ferida? Dói! Verdade, mas o beijinho da mãe distraí, ajuda a passar, pensar positivo é solução também.

Goste de si, cuide-se, e gostará mais dos outros. Tudo lhe parecerá mais simples. Goste do seu companheiro e de tudo o que ele ou ela têm de positivo, o resto vem embrulhado nesta Vida, que nos esquecemos muitas vezes de admirar, ou até mesmo de saborear vivendo.

Que os nossos amores, nos inspirem, para que as crises, se vençam, na escalada, que decidimos fazer, sem olhar para trás e para as dificuldades, mas sim olhando de queixo erguido para o que se adivinha à nossa frente, que teria sido do nosso País se durante as descobertas alguém tivesse tido medo de ir em frente, mesmo não sabendo o que de lá vinha.

Que os nossos amores sejam as nossas musas, para que a Vida, o Casal, a Família, a Comunidade, e o País cresça, para além daquilo que pensamos as nossas forças permitirem.

Publicado na LUX de 8.10.2012

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Desafios de Vida...mudanças de direcção...

A vida, o percurso de cada um, as decisões que tomamos, e os caminhos que daí decorrem muitas vezes não nos afectam apenas a nós, mas também aqueles que amamos e muitas vezes tentamos proteger.



Estas decisões podem ser relativas ao nosso trabalho, estudos, amores, compras, férias, caminhos a seguir, comidas a cozinhar, horas para fazer determinadas coisas, podem ser tão sérias e terem um impacto incrível na nossa Vida, como podem ser quase que irrelevantes, no entanto, a forma como nos sentimos em relação a elas e às suas consequências, tem um impacto na nossa vida e na nossa qualidade de viver, como tal, um impacto na forma como nos sentimos e nos entregamos nas relações com os outros.

Coragem. Quantas vezes para tomarmos as decisões mais sérias, que nos podem mudar, que podem empurrar a nossa vida em direcções não planeadas é precisa uma coragem de mudança, que nem sempre está presente, ou que nos é difícil acumular, para tomar a decisão final...por vezes arrastando decisões pelo tempo, fazendo com que não consigamos viver o agora de forma integral, feliz.

Tranquilidade. As nossas decisões precisam de ser tranquilas, sejam elas de mudança ou de permanência, sejam elas, de seguir em frente, parar, ou voltar para trás. O nosso ser, sabe muitas das vezes, no processo de decisão, no processo de ponderação, qual a decisão que nos deixa mais tranquilos, no entanto, nem sempre tomamos essas decisões, por tudo o que acarretam, não para nós, mas para os outros.  

Para estas decisões, precisamos de nos sentir, no nosso interior, de nos despirmos dos papéis que nos atribuem, ou que nós próprios decidimos viver, para de forma quase que neutra, consigamos, vestir uma pele que não é a nossa, e consigamos, ouvir a nossa voz interior que nos encaminha para as nossas verdadeiras vontades.

Aceitar ou procurar o Desafio. Como parte deste processo temos de entender que parte destes desafios, ou destas mudanças, não passa apenas por aceitar o, ou os, desafios que a Vida nos apresenta, mas sim, algumas vezes, procurar esse desafio, enfrentá-lo, e na adrenalina que se liberta, arranjar as forças para a coragem, a energia para começar. Depois do salto, da tomada de decisão, sigo, e enfrento, sem volta, sem olhar, ou questionar, sabendo que se me prendo nas dúvidas dos caminhos não seguidos, das decisões não tomadas, e das hipóteses que não foram, nem serão, então, não consigo avançar, sem amarras e dando a devida oportunidade ao desafios que aceito, na procura das suas soluções.  

Paz. Decidi, avanço, e encontro a paz de enfrentar seja o que for, com a força que for, com quem tiver de ser, durante  o tempo que durar. Sossegada de que terei as forças necessárias, que a calma e paz que sinto na decisão, me deixam ter, e com elas executo, decisões difíceis isenta de emocionalidade excessiva, ainda que só consiga essa paz, porque emocionalmente me encontro em equilíbrio com o que decidi.
Venham eles...venham os desafios, venham as futuras realidades, que aqui me encontro sossegada e preparada de pés na terra, para me entregar nesta mudança, nestas novas direcções.

Sonhar ou desejar. Preciso também de sonhar e, ou, desejar este novo desafio, esta nova mudança, tenho de me sentir excitada, estimulada por todo este processo, ainda que com medo, mas sentir nas forças destes desejos que sou e vou ser capaz, e que o que desejo e vejo para mim mesma, se realizará. Aqui estará parte das minhas forças, aqui estão os degraus que me levam aos outros passos, à calma de que falei, pois é algo que quero, ainda, sublinho, que receie.


Acreditar. Nenhuma mudança acontece se perante estes dilemas, e as hipóteses de caminho eu não acreditar que segui certo, e que irei chegar lá. Que o meu destino, fim, desejo, estará lá, para onde me dirijo. Saber, ainda que bem lá no fundo, que independentemente do tamanho da mudança ou do desafio, eu o enfrentarei, porque acima de tudo sei, e acredito, que fiz bem.

Medir. Estas seguranças nas inseguranças, nos receios, nas questões, surgem também,  porque fui capaz de medir os riscos, os ganhos. Fui capaz de criar e desenhar cenários que me permitem, imaginar o amanhã, o que sentirei, os prós e os contras, os ganhos e as perdas e com isso, medir, a situação de risco, e minimizar os meus receios, as minhas perdas...mas não deixar que estas me façam desistir do que ainda nem sonhei ter ou ser.


Aceitar e começar. No meio deste processo todo, chegar ao momento em que se decide, em que se aceita que esse é o caminho, e começar a executar tudo o que é preciso, começar a caminhada, gozando e saboreando todos os passos, os fáceis , os difíceis, os trabalhosos, os dados...somando com eles a sensação de conquista, de percurso caminhado, de lição aprendida, de maturidade, de aumento de capacidade de entrega e resolução, pois todos estes processos de aceitação e começos, trazem uma riqueza emocional e moral, incomparável.


Ter fé. E por fim, sem com isso dizer que é de menos importância, ter fé em nós, na nossa capacidade de decisão, de entrega e de concretização. Acreditar que a nossa fé nesta decisão nos levará ao objectivo desejado, independentemente dos percursos, das curvas e contra-curvas. Ter fé e esperança, que tiraremos de tudo isto o melhor, o mais positivo, e uma maior capacidade de resiliência, de entrega e de confiança.

Arrisquemos, façamos escolhas, não nos deixemos escravos de medos e indecisões. Inspiremos-nos a nós próprios e caminhemos os caminhos que a vida nos dá, com a inocência de uma criança, sempre a descobrir, e a sabedoria de um velho, que nos guia, pois a cada passo, aprendemos...arrisquemos, em nosso nome!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Portas do quarto...


 Portas do quarto...entradas para espaços íntimos carregados de emoções e muitas vezes de uma tensão presente ou sentida, falada ou muda, entradas para espaços de resolução, ou não, às vezes são entradas para o vazio, para  sensações de perda, falemos sobre isto e sobre o amor, e como podemos fazer com que estas portas de entrada, não se fechem, não nos entalem ou batam na cara. Falemos de afectos e da importância de os saber gerir, muitas das vezes fora destes espaços. Falemos de entrega e de como estas tensões podem ser aliviadas...Falemos...


O quarto, o que é? O que é para cada um de nós?
Que memórias nos trás? Que sentimentos em nós evoca?
Que fantasias temos do quarto de antes, daquele que nos acolhia em solteiros, em crianças, na individualidade que éramos, como que se pudesse tratar de uma protecção, numa fantasia, num espaço de acolhimento para onde nos recolhíamos talvez...Onde nada nos tocava, onde o espaço era nosso, e para lá podíamos fugir, ser e estar.

Que fantasias dessas transportamos nós para a vida de família...é um espaço que considero meu e que é invadido pelo outro, ou partilho, sem receios...é um espaço intimo, mas onde deixo entrar os meus filhos, e às vezes também é um acampamento social, recheado de ingenuidade, e não sexualidade. Ou é um espaço que fecho, que não consigo deixar aberto...

É um espaço que quero perfeito, ou é uma reflexão das personalidades que o habitam, é o espaço onde acho que mando, ou mandamos os dois...tantas questões se levantam e todas elas importantes, pois, é nessas questões que residem muitas das vezes os inícios dos conflitos, das complicações que nos afastam, nos perturbam.

O nosso mundo mental, passado, presente e aquele que é desejado, faz muitas vezes com que não estejamos sós no quarto, no desenho da relação e da intimidade que nos une. 

Imagens que nos invadem a mente e nos fazem desejar coisas pouco realistas, ou difíceis de manter pelo tempo, fazem-nos viver o dia-a-dia na busca de algo que não existe dentro destas portas, e não existe muitas vezes em lado nenhum, se não nos dedicarmos a manter a relação que nos une, e nos leva para dentro deste espaço, viva, energética, dedicada, e sempre renovada.

Estas imagens não surgem do nada, surgem do esforço, da entrega, da vontade de dar ao outro o que o outro nos pede, e saber pedir ao outro o que queremos nesse espaço que não é meu, é nosso...

Neste espaço, precisamos de ter uma porta aberta, uma mente aberta, precisamos de deixar de fora o que não nos é útil, levar o que está bem, discutir o que não está no seu melhor, mas sempre com a ideia de que estes são os passos necessários e essenciais para fazer a relação crescer, para que nenhum se sinta negligenciado, para que nenhum sinta que o outro não o reconhece, não se lhe dedica, não se entrega, e silêncios de tensão antecedem o que acontece, ou não, pois as vontades podem não estar lá.

Deitar ao lado de alguém, que não se sente, não comunica, parece não estar, cria tensões no ar, cria vazios que nos deixam isolados nos quartos antigos, fazem-nos recolher ao quarto da infância, fingindo que estou no meu mundo, onde me protejo e não espero nada do exterior...e isto é que temos de evitar, estas fugas, que nos afastam...Não deixem, mesmo que não se entendam, e que seja difícil perdoar, ou entregarem-se, pelos menos toquem-se, rocem os pés, dêem as mãos, encaixem-se e durmam aninhados...mesmo que não falem, unam-se, esperem pelo perdão, pela sensação de ser capaz de se entregarem ao outro, e não permitam que as fantasias vos impeçam de ver a realidade do vosso quarto, das vossas vidas e do vosso amor.

Dói muito, ao outro, e a nós, estas sensações de distância, de zanga. É necessário entender que muitas das vezes estes espaços, por muito necessários que sejam, pois as relações precisam destas "correntes de ar", não podem perdurar no tempo, e devemos, ambos os lados, dar passos para esquecer, para nos aproximar, para saber pedir e receber.

Às vezes temos de fechar as portas do quarto e deixar no seu exterior o que não nos serve, criando espaços íntimos que nos permitam, dar, receber, chorar, gritar e seguir em frente, outras vezes temos de as abrir para, acender a chama, para deixar sair, para varrer para fora o que está a mais, e quando tudo se equilibra  e estamos todos bem, podemos deixar as portas entre-abertas, para convidar a família a estar próxima, e para nos lembrar que este espaço é nosso, é aberto, é privado, é deles, é o coração da nossa casa...portas do quarto...entradas para um mundo que têm obrigação de velar e mimar...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Paragens e regressos…quebras de rotina…




Olá a todos, estou de volta, e pensei que gostava de partilhar uma reflexão minha, mas que sinto fazer parte das vidas de todos nós…o que significam as nossas paragens ou desistências, como quebramos as nossas rotinas, como conseguimos lutar contra as nossas próprias inércias e carregar de novo, voltar à luta, e começar onde se deixou…

Muitas das vezes no nosso ritmo habitual, tudo encaixa como peças de lego, que montam uma estrutura e uma vida à qual eu me agarro, não só por segurança, mas também porque assim consigo estabilidade, rotinas, saber com o que conto…mas de repente, um dia, ou até dois, fazem com que eu saia desse mundo, e tenha que dar umas voltas extras, ou tenha que lidar com mais do que um imprevisto, uma brecha abre-se nessa construção que parecia imbatível, e de repente confronto-me com ter perdido a rotina, ter perdido a estabilidade, entrar em regime de improviso ou até mesmo caos, e regressar nunca é fácil, parece um nadar contra a maré…chego a questionar-me como é que tudo estava tão bem antes, se agora tenho dificuldade em recomeçar tal e qual como estava, sinto-me numa paragem forçada, negada, imobilizada por forças externas....

É assim, o equilíbrio conquistado, após estas sacudidelas da vida, demora a ser reconquistado, como se pequenas ondas de repercussão, se mantivessem presentes, e nos forçassem a continuar em modo de improviso, pois nada está a acontecer “como devia”.

A luta e a energia para retomar dobra-se em duas, forçando-nos a um esforço duplo, recomeçar nunca é igual a começar, o primeiro obriga-me a ter mais energia, a perceber que perdi controlo, a lidar com sensações que me podem fazer pensar que desisti, ou que me negligenciei, e perdida nestes labirintos do pensar, gasto energias que me consomem e me impedem de acumular a energia que necessito para dar início, de novo, ao que me agrada me impele para a frente e me motiva, contraditório, não é?

Mas, sim somos assim, por isso nada de cantigas, do "começo amanhã", "preciso disto para aquilo", tenho de esperar mais um pouco", "preciso da força do _______", etc., etc.

Levantem-se as forças, e comecemos. A Vida não espera, e cada minuto de perda, nunca é recuperado, que sejam estes os novos princípios, os novos começos e que com isso consigamos sentir a excitação de começar de noivo, em vez de nos sentirmos derrotados por termos parado.