segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Força, para não ter portas abertas...Amor, em sala fechada...

Numa relação a dois, que entre em crise, a última coisa que queremos é ter uma porta ou uma janela aberta...

Por tudo aquilo que simboliza...existem momentos relacionais de crise, de dificuldade em encontrar o caminho correcto ou apaziguador, momentos em que a raiva, o descontentamento, a ideia que já não se aguenta mais, ou que o outro nunca nos vai entender, penetra nas brechas da falta de fé na relação, nas frestas entre os dois elementos do casal, e de repente as brechas são abismos, são barragens, carregadas de lágrimas e mágoas, que afastam, e não permitem com objectividade, encontrar pequenas soluções, pequenos botes, que ajudem à travessia, e nestes momentos, portas abertas, saídas fáceis, escapatórias ao aparente tormento, são tentações, sérias, que facilitam a desistência, a saída e pouco deixam para o investimento, para a real tentativa de dar tudo para funcionar.

De que estou eu a falar, estou a falar de no meio destas lutas por estar junto, surgirem pequenos ou grandes devaneios sobre separar, deixar, divorciar, desistir..., que eu chamo de portas ou janelas abertas, que não só permitem entrar ar, sair ar, perder calor, como nos dá a possibilidade, de ter soluções mais fáceis, por muito que difíceis sejam, no horizonte, e só de pensar que essas possíveis saídas existem, a minha força em lutar, em tentar, em continuar  esmorece um pouco, porque no fundo do meu ser, criei um espaço onde albergo a noção de que se alguma coisa falhar, eu tenho saída...errado!

Se assim eu não pensar, se eu pensar, antes pelo contrário, que não tenho outra saída, que é isto, então eu dou o meu melhor para tornar realidade, para fazer funcionar, para encontrar caminhos ainda não percorridos, para sobreviver e usar todas as minhas forças não para desistir  mas sim para continuara lutar, com um espírito totalmente diferente. 

E se eu conseguir que o outro, entre neste jogo, com esta postura, então estamos os dois fechados, nesta sala da Vida, a lutar por viver bem, o melhor, uma vez que a situação é esta e irreversível - tudo uma questão de psicologia ;0) ...


Se o espírito for este, a probabilidade de conseguir mudar, alcançar o que quero encontrar solução dentro do que tenho, é muito maior do que se eu equacionar a fuga como uma possibilidade. 

Claro, que devo salvaguardar as devidas excepções, em situação onde exista abuso, ai sim, a saída e desistência, pode e deve ser a hipótese mais pensada.

Continuando a pensar num tipo de amor, que eu quero manter...para alcançar as dificuldades, até provas em contrário, tenho que partir de duas seguranças óbvias:

1 - Eu amo aquela pessoa, e quero fazer tudo para não desistir dela...

2 - Aquela pessoa ama-me, e disso eu não duvido... (não posso mesmo por em dúvida!)

Se assim for, posso partir para esta vivência de luta, de conquista, em que todo e qualquer problema que enfrente como casal, vou ultrapassar, pois só assim me faz sentido, e como sei que não há reservas de lado nenhum, então posso agir de alma e coração, nesta entrega profunda...para todo o sempre, até que a morte nos separe...



É ter a liberdade plena de ter decidido ficar por mim, por ele(a), por nós...e lutar por aquilo que em tempos consideramos que iria valer a pena para todo o sempre, e neste jogo, de entrega, em que de propósito tiro os riscos de portas abertas, vivo em plenitude, a entrega e o receber deste amor, que como tantos outros nas suas falhas se constrói, se desenvolve, e cresce para um futuro cheio de novos desafios, de novos degraus, e de reencontros.

Encontros e crescimentos entre duas entidades que cada vez mais se vão conhecendo nas suas profundidades, e que através destas existências partilhadas entendem que a verdadeira liberdade se vive com o outro, no outro e em  nós, sem amarras, mas em total confiança.

Confiança que surge desta jura, não falada e prometida, de que para sempre, permanecemos em sala fechada, em busca de novas formas do mesmo amor, novas soluções, para velhos problemas, e acima de tudo novos amores na mesma pessoa.

Só vale a pena sentirmos que somos livres, se pertencemos a alguém...

GOSTO


Gosto de ti
da chuva nos meus lábios,
do abraço profundo de uns braços,
do sol a queimar a pele,
do riso de uma criança,
do beijo de quem quer,
do arco-íris na chuva...
Gosto de mim,
gosto de me rir,
gosto do sabor a mar na tua pele,
gosto de morangos,
gosto de dormir aninhada...
gosto, de vento no cabelo,
de cheiro a roupa lavada,
Gosto da tua cara,
do teu rosto e da história por nós lavrada...
Gosto das tuas mãos,
nas minhas...
num aconchego que funciona...
Gosto de viver, gosto da Vida,
Gosto de todos vós...
porque gostar me faz bem,
porque gostar me faz querer e acreditar...
porque gostar é infinito,
e me faz sorrir só de pensar...GOSTO!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

TERNURA

Gotas de afecto,
regadas num abraço,
dadas num beijo,
partilhadas num afago...
Olhares de infinito, presos por um fio,
que me une, nos une,
no silêncio de uma brisa,
criada nesta dança, entre mim e ti...
Lareira de brasas,
numa manta pesada,
em pernas aconchegadas,
que no ouvido me contam...
histórias de anoitecer.
Amor levezinho, 
entregue num beijo lançado pelo ar,
agarrado por uma nuvem,
e entregue pelo mar.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

SOFRIMENTO...de, e por AMOR

Sim, concordo, pois esta é a sua natureza.

Amar implica, às vezes, ou muitas vezes, dar tanto de nós sem desistir, ou sem receber, que pode doer, porque me esvazio, ou porque não me sinto retribuída(o)...

Amar é difícil, não é fácil, e o seu dia-a-dia recheia-se de desafios, obstáculos, e uma constante motivação para não desistir e ser capaz de entender as linguagens faladas, pelo outro, pelo alvo do nosso afecto.

E, muitas vezes, ainda que possa não parecer justo, temos de ser nós capazes de caminhar o caminho do reencontro, pois deve fazê-lo quem encontra as forças, e não esperar que decorra como numa democracia, em que se alterna a vez, ou se tiram senhas de atendimento, que nos permitem algumas vezes, não sermos nós a esperar.

Quantas vezes não queremos amar, queremos odiar, e acusar o outro de ser culpado de tudo, até de se fazer de vítima, pois dessa maneira me ilibo a mim mesmo de fazer o trabalho de leitura, de entendimento, de encontrar as razões e os porquês, e dessa forma, conseguir encontrar formas de perdão e de entrega, porque não querer jogar, o jogo de pedir?

É mesmo mendigar, pedir ao outro o que quero, se sinto que o outro até quer, ou pode querer dar, mas não sabe, não chega além de si mesmo...

Será que é estar vazio, quando sinto que me entrego, e faço outros felizes, será que me esvazio, ao ir ao encontro do outro as vezes que forem precisas para que tudo resulte, para ensinar ao outro que não desisto, e que a mensagem final é o meu amor...ainda que posto à prova. Que a minha mensagem final, é que estou aqui até ao fim, e que desejo tudo, o melhor para ti - para o outro, é suposto fazer-me feliz, e a ti também, mas às vezes magoa...

Como posso dizer a mim, que tentei tudo, se nos percalços, nas ofensas, nos gestos de carinho, no beijo, no abraço, na intimidade, tudo vem fora de tempo, dessintonizado...

Sim, não me posso perder, tenho de ter as minhas forças, os meus limites, o meu espaço, e ter muito bem definido, o que é parte de amar, e o que é doença, ou sofrimento vazio, sem retribuição...mas, se tudo isto estiver salvaguardado, e se eu me encontrar descansado, lúcido, então, aquilo que tenho pela frente não é a anulação da minha pessoa, não é mendigar, nem desaparecer, é amar em pleno, na procura constante, de através de mim ou de ti, sermos capazes de crescer sempre, caminhar sempre para um amanhã, juntos, unidos...

...e sem esquecer que é com um e no outro, que nos encontramos, descarregamos, amamos, irritamos, mas também é com um e no outro, que acreditamos, apoiamos, sonhamos e caminhamos, com forças, até todo o sempre, até que a morte nos separe...

O meio do caminho de dois, pode estar muitas vezes numa ponta, ou noutra, às vezes até pode estar num caminho diferente, o que importa é que se sinta a proximidade e a resolução, sem meios, sem democracias, ou igualdades. JUSTO, será sempre cada um ter do outro o que precisa...mas, para isso não temos só que ter coragem para pedir, temos de saber e aprender a pedir, temos de aprender a ensinar, e acima de tudo a dar, mesmo que pensemos ou questionemos, se o outro merece...

...amar, é na dádiva acreditar, que o troco, me vai sempre fazer transbordar...sofrer por amor faz parte, mas se estiver bem comigo, se estiver contigo, é tão bom morrer de amor, e estar vivo para o sentir...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

CRIANÇA


Energia, crescimento...saltos
brinquedos, barulho, e vento...
Inocência de sorrir e,
acreditar no que se sonha...
e, sonhar com o que se acredita...
Da vida fazer uma festa,
e na festa viver os dias...
Brincar e rir, com o sol,
pendurada na lua e nas estrelas.
Sorrir de cara ao vento, 
saboreando uma lágrima de nuvem...
contar histórias de fantasia,
abraçados ao boneco do dia...
Amarem com loucura, o pai, a mãe...
e nas costas de um dragão definirem o destino.
Debaixo da cama porem o medo, 
e na mochila das costas, a coragem...
partirem pelo caminho, com um rebuçado na alma,
certos que no fim do arco-íris,
existem poções mágicas, amigos e todas as soluções....

Por vezes, não fazer uma coisa, é fazer uma coisa...


Por vezes desistir é mais "não desistir"... 


Comentário pertinente, pois faz-nos pensar que realmente às vezes não fazermos uma determinada coisa, é fazê-la...

O comentário que deixaram, dava a entender que este percurso se liga ao do abuso verbal e psicológico, embora muitas vezes estes sejam tão subtis, que a vitima, pode não se aperceber que assim é, pois o trabalho do abusador, por vezes é lento e corrosivo, a tal ponto, que a dúvida, a insegurança, a falta de certezas acaba por residir na vítima, assim como a culpa, sentido-se muitas vezes como a originadora do problema, da discussão, pois assim é treinada para se sentir.

Esta não é uma temática fácil, pois pode acontecer com diferentes intensidades, com diferentes propósitos, e às vezes em repetição até de ciclos familiares anteriores...não é num texto como este que posso partilhar convosco todos os aspectos que se ocultam por detrás do processo de abuso, vou apenas deixar algumas ideias, como ponto de reflexão, de deixar ao critério de quem lê, aprofundar mais o tema se sentir que lhe faz sentido.

A situação de abuso, utiliza os processos de culpa e de desculpa, para ir controlando a relação, e assim alimentando o ciclo vicioso que se vai criando. 

Sem dúvida que a relação se iniciou num processo normal, em que se gosta, mas na sua evolução as primeiras discussões, discordâncias, vão levando a uma avaliação de forças, e um dos elementos, ganha poder, ou até prazer, em ser o elemento mais forte, tornando-se no abusador, o outro elemento, para não perder a relação, porque gosta, porque tem os seus motivos vai desculpando as primeiras discussões/agressões, vai encontrando justificações para permanecer e desculpar, e vai dando assim mais poder ao outro, e perpetuando o ciclo, podendo este entrar, ou não, rapidamente numa espiral de aumento de gravidade ou intensidade.

É de salientar que nestas relações, esta progressão pode ser de tal maneira lenta que a vítima não se sinta nessa posição de um todo, e tenha sempre uma justificação plausível para as atitudes do abusador, chegando mesmo a pensar que ela sim provoca muitas das situações de agressão, ou abuso.

O abusador vive a sua culpa, mas expia-a através do pedido de desculpas, e por entregar parte das culpas à vitima, se ela ou ele, não me tivessem dito ou feito isto, ou aquilo, então eu não teria...

Mas essa culpa, não é suficiente para parar a espiral muito tempo, pois, existe uma necessidade do abusador, se livrar dela, passando-a para o exterior...


Este ciclo cria-se por palavras ditas, que magoam, atingem, o outro no seu intimo, fazendo-o inseguro e culpado, triste, e com a auto-estima sofrida, pois atribui-se alguma razão a quem agride. Depois pode se criar por aquilo que não é dito e pode ser apenas insinuado, ou como é dito...


A: "Vais sair agora?"
B: "Porquê? Importas-te?"
A: "Não (silêncio), tinha pensado...(silêncio)....deixa estar..."
B: "Diz...sério..., não tenho de ir, se quiseres..."
A: "Não, deixa, vai..."

Se for...não vai bem, vai triste, preocupado em ter desiludido, não goza o momento, não percebe...se não for, provavelmente nada acontece porque o outro lhe diz que só ficou por pena, que ficou mas ficou mal-disposto e pode gerar discussão acusando que a culpa é da má disposição por não ter tido, quando a escolha foi do próprio, "eu não obriguei a nada"...


Estes Ciclos tanto podem escalar rapidamente para ciclos muito agressivos e perigosos, como podem ser muito subtis até se tornarem manifestamente agressivos, mas, também, podem nunca passarem destes jogos de palavras e emoções que encurralam, o indivíduo, sem que este muitas das vezes tenha consciência que as suas escolhas estão totalmente controladas pelo outro.


Prevenção, todos nós temos o direito a gerir grande parte das nossas vidas em livre arbítrio, com o devido respeito pelos valores, regras sociais, punições,etc., se sentirmos que na vivência do nosso dia-a-dia, precisamos de esconder de um alguém, daquele(a) que é nosso companheiro, coisas que nos parecem banais e inocentes, que gostamos ou precisamos que façam parte do nosso dia-a-dia, como por exemplo, tomar um café numa esplanada, falar com uma amiga ao telefone ou pessoalmente, ir a um cabeleireiro, ir a um ginásio, trabalhar uma vez ou outra até mais tarde, vestir uma determinada peça de roupa, tomar um copo com um amigo, etc...


Então, provavelmente existe uma pressão psicológica por parte do outro para nos fazer sentir essa necessidade de ocultar, ou de não fazer, a relação encurralou-nos, e as pressões, abusos verbais, emocionais, psicológicos ou até físicos, já alteraram o nosso comportamento e o nosso julgamento dos mesmos, já somos vítimas no processo, e já não estamos livres de ser, na sua totalidade,e em plena liberdade...por isso temos de questionar.


Muitas vezes deixamos de fazer coisas pelos outros, em plena consciência e entrega, por amor, por sacrifício, por opção, pois queremos nesse gesto entregar algo de nosso ao outro, mas se fazemos isto, sistematicamente, sem consciência, sem questionamento ou pela exigência do outro, então o nosso próprio eu está em risco, e aí, não fazer uma coisa é fazer uma coisa. Atenção, se gostarem sempre de vós, e de vez em quando analisarem as vossas opções de vida, de momento, torna-se mais fácil saber se nos estamos a deixar abusar...

Ninguém se deve deixar encurralar a ponto de deixar de ser, seja pelo companheiro(a), pela Vida, pelo trabalho, Patrão, dinheiro...as fontes de abuso são imensas, só uma paragem aqui e ali, nos permite ir sabendo se as escolhas são realmente nossas...pensem nisso.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

PAI

Urso, feroz e suave,
no entanto, protector...
Abraço sentido sem tocar,

lição dada num olhar,
respeito devido, não falado...
Figura presente, ainda que ausente...
Protecção omnipotente,
admiração incalculável... 

Forças de rocha, pedra...solidez...
és a luz no escuro,
a minha coragem no medo...
Acarinhas às escondidas,
e mandas um beijo nas estrelas...
Mas, eu sei que estás e que és,
e, tu sabes que eu sinto e que estou.