segunda-feira, 12 de março de 2012

Conversas de cama...

Conversas de intimidade, diferentes das que surgem nos sofás, mas que revelam a sua importância na intensidade das relações que se mantém com os parceiros. Podem ser conversas de sonhos, de desejos de um amanhã partilhado, com as metas e objectivos que entre abraços e beijos definimos para nós casal, ou família. Podem ser conversas de filhos, de amor e orgulho, de partilha de uma história contada, ou, reviravoltas de vida, e dúvidas de ser pai. Preocupações com os amanhãs e os depois, com a alegria de viver, com o serem alguém que se encontre e viva feliz, mesmo quando eu/tu não cá estivermos. Podem ser de contas e despesas, de dinheiros que não chegam ou não sobram, dos sacrifícios a fazer e de sonhos que se adiam.
Podem ser de dores e dúvidas, no encontro da noite, na idade que temos, questionando se vamos para o Norte que queremos, ou se mesmo sabemos. Conversas de crescer, de saber viver, acompanhadas de braços que me ajudam a sentir que mais além ou aqui já, sou capaz e há quem confie em mim.
Podem ser de silêncios de entrega, bailados de palavras não ditas, por expressões de olhos velados, que na entrega do silêncio querem falar, mas recusam-se.
Pode ser só intimidade, eu saber a que cheiras, saber como me tocas e o que queres conforme os gestos que assumes. Saber em que pensas pelas tuas sobrancelhas ou pelo teu franzir de rugas. Pode ser intimidade, num bailado de corpos que se unem, a dizer sentimentos, de corpo e de alma, que rematam um dia, e iniciam a noite, lembrando que através desta dança, eu sou teu e tu és minha.
Podem ser discussões, fogos e paixões, que se resolvem, se insistirmos nas conversas de cama. A lua e a noite, se passa, e deixa corações descontentes, angustiados e sem sentido, deixa marcas difíceis de apagar. Cicatrizes que perduram no tempo, até que outras luas talvez mudem, e ajudem ao esquecer de memórias.
Na cama, nada se deve deixar a meio...nem uma conversa, pois o peso da noite, arrasta consigo, medos que a luz do dia não deixa. Nas conversas de cama, aprendemos um com o outro, damos um ao outro a oportunidade de nos conhecer, ao brilho da lua, numa ilusão, que fascina e alimenta o amor. Nestas conversas ganhamos proximidade e reconhecemos erros, com a minha cara oculta na sombra do teu ombro, é mais fácil recuar, e mais fácil perdoar. Mas, verdade, verdadinha, a maior parte dos casais com quem falo, dizem-me que é exactamente o oposto...e que digo eu?
Nestes espaços, não devemos deixar que braços de ferro teimem em fazer ou criar fossos numa cama, que é muito mais confortável se partilhada. Mas às vezes, é nesta escuridão, que decidimos teimar, e não recuar, como se de uma batalha se tratasse, e desta tivesse que sair vitorioso, não deixando o outro ver, que o que mantém esta armadura, são pedaços de vento, que com um empurrão ficará caída na terra e me permitirá chegar-me para o teu lado da cama, e começar de novo.
Parecem dois corredores à espera do tiro da pistola para começar a corrida...e se ninguém dispara, ficam imóveis jogando ao jogo do "Rei Manda", fingem a respiração de quem já dorme, e discretamente, mudamos para aquela posição na cama que diz "não me toques, já estou a dormir", ou "não te aproximes", ou outras tantas. É nestes momentos que as conversas de cama, devem acontecer, entre braços e abraços, pedidos na escuridão, promessas de melhorar e compromissos para ficar.
É nestes momentos que o sexo pode não importar, mas o perdão, e a sensação de que juntos vamos resolver, ganha espaço e aproxima, e quem sabe, com as palavras certas, a intimidade vença de novo, e o casal amanhã comece no sofá, a combinar novas conversas de cama.

1 comentário: