terça-feira, 6 de março de 2012

Nós...familiares...


Nós famílias...as nossas famílias, nós na família, os outros da família...
Ser família, implica o quê? Sermos todos do mesmo sangue? Termos crescido juntos? Termos o mesmo nome? Ter a mesma história? "Ser família" é importante, é um conceito que depende de muitos elementos, emoções e da história que carregamos connosco, enquanto entidades. É tão importante, que às vezes é mais sentido do que pensado, pois em momentos críticos, estamos do lado da família, que pode não ser o mesmo que o da razão, ou da verdade (qual verdade?). Ser família fala mais alto, é sem dúvida o conceito de pertença mais importante, eu sou, porque sei de onde vim, quem é a minha família. Claro que isto também complica tudo, ou não fosse eu sempre dizendo, que tudo o que se relaciona connosco é tão simples sempre e tão difícil ao mesmo tempo. 
Quantas das famílias que me procuram, estão próximas, unidas, a amarem-se a todos, mas num nó, mais do que embrulhado, um nó que estrangula, e aperta, em vez de dar a segurança de não deixar ir, ou cair. Para ser família, eu quero dar o meu melhor e esperar dos outros o mesmo, quero aparecer bem na fotografia, e condizer com todos os sonhos que em tempos elaborei, quando pensava em ter a minha própria família, se é que isto realmente existe, pois onde é que eu defino as linhas que dizem, tu pertences, mas tu não...Quando sonho com o que quero que a minha família faça ou viva, motivo a minha própria Vida, desenho caminhos que quero percorrer de mão dada com todos eles, mostrando o que foi que fui sonhando nos momentos em que desenhei o futuro que quero partilhar com eles.
Nesses devaneios contemplo tudo menos fracasso, ou dificuldades, omito-as dos meus pensamentos pois não faz sentido. Mas, na realidade, quando a Vida se desenrola, como um filme no qual eu não mando, às vezes os meus sonhos e desejos embrulham-se, enfrentam algumas dificuldades. Criam nós cegos (para quem não é ou foi escoteiro, são aqueles que são quase impossíveis de se desmancharem)...e cabe a mim, ou a mim mais a minha família, ultrapassar isto tudo, e é aqui que às vezes as famílias param, baralhadas, com dúvidas sobre as suas capacidades. Mas é aqui mesmo que eu quero entrar, e se puder, inspirar um pouco quem vá lendo estas linhas que escrevo, não há nó cego que não se desmanche com paciência, temos é de parar de puxar, e com calma, ver as voltas que já deu, uma a uma, e com um princípio começar a desenrolar, resolvendo uma laçada de cada vez. E, isto todas as famílias conseguem, na sua energia mais profunda, na resiliência que a Vida lhes trouxe, e com o amor que na maior parte das vezes os une, as famílias, todas elas conseguem, parar, olhar as laçadas, e começar por uma ponta. Só uma de cada vez, e quando sentirmos que estamos a conseguir, arriscamos um pouco mais, e já desmanchamos duas laçadas ao mesmo tempo. 
E neste jogo de arriscar aprendemos de novo que somos uma família, capaz, capaz por si mesma, válida no que sabe fazer e nas razões que a unem. Descobrem que existe magia nos vossos afectos e que em cada um de vós, em cada peça da vossa família, existem forças, que unidas vos tornam a todos resilientes, quase super-poderes, que bem controlados e orientados, vos levarão mais longe, e mais perto de cada um de vós. Nós fortes que vos unem, nós que vos protegem numa rede densa, nós de significado e história, e que revelam aprendizagens passadas, nós vossos, que com muita coragem às vezes partilham com os outros, dando a conhecer um pouco das vossas realidades. 
As famílias são heroínas na vida de hoje, nos desafios do mundo, e na constante mudança a que nos obrigam, num passo imposto. Bem hajam as famílias que nos seus nós se mantêm juntas!

Sem comentários:

Enviar um comentário