Porque é que eu sinto dor quando amo, questionam-me alguns dos meus visitantes de sofá...porque é que quanto mais eu amo, às vezes menos tenho de volta, parecendo-me que me perco neste processo?
Porque sofro eu por sentir o mais belo dos sentires?
Porque continuo eu a sentir tudo isto, se me faz sofrer?
Porque não desisto, ou porque quero eu desisistir?
Porque não desisto, ou porque quero eu desisistir?
Amar...podemos amar até doer?
Em textos anteriores falei um pouco de amor, de emoções, mas, na perspectiva de uma partilha, de uma relação...este texto vai reflectir um pouco mais sobre as vivências individuais, que podem trazer factores impeditivos de uma relação saudável, com o outro, e uma situação de sofrimento intenso para o próprio.
Amar pressupõe um sentir especial pelo outro, e pressupõe também uma entrega interior ao outro, um sentir que nos leva a essa entrega, na expectativa de um acolhimento, e de uma retribuição. Ou seja, eu sinto pelo outro, porque dentro de mim ganho algo com isso, cresço em mim, renasço, entrego a mim mesmo o valor que é possível atribuir àqueles que merecem ser amados, por isso amo e espero.
Amar é belo, porque rejuvenesce, porque me dá um frenesim interior, que me permite pensar que tudo é possível, me dá a confiança de saltar precipícios, de voar alto, de escrever poesia, de não comer, de ter energias inesgotáveis para a procura e entrega...tudo isto, porque amo, e nessa loucura da entrega, acima de tudo, consigo amar-me a mim mesmo.
E se não consigo? E se no meio desta aventura, eu consigo fazer e viver tudo isto na parte da entrega ao outro, mas não consigo, viver dentro de mim, o sentir que me vai preencher, que me alimenta, que me dá a confiança de me sentir cheio, repleto, preenchido. O que me acontece se na minha entrega, em que me coloco nas mãos e no sentir do outro, o que vem é pouco, inexistente, sufocador, excessivo, falso, manipulador, etc...?
O que acontece a esta confiança cega em que me entrego, se os meus objectivos forem de uma intensidade, que nada do que o outro faça, me chega? Como posso viver, e encontrar uma felicidade partilhada se no meu companheiro eu não encontro uma troca imediata de mesmo valor. Como sou eu pessoa no meu amor próprio, na paixão que deveria sentir e ter, ou dedicar a mim mesmo, para não me apagar ou perder a noção do meu eu, de onde acabo e começa o outro. Uma relação amorosa não pode ser fusional, seja esta entre mãe e filho, seja esta entre companheiros adultos, não pode ser a única fonte de validação de quem sou, nem a única fonte de alimento emocional para o meu ser, para que eu possa então sentir valor próprio.
Que vazios emocionais carrego eu para estas entregas, e que procuro eu preencher nesta entrega, ou relação? Estas questões têm de ser entendidas, respondidas e resolvidas, para que eu me sinta saudável e para que numa relação, com todos os seus degraus de descida e subida, eu retire equilíbrios momentâneos, e dê equilíbrios aos que me rodeiam.
Como fazem companheiros que se encontram confrontados com opostos, que nas suas trocas emocionais, se debatem contra um alguém tão diferente que necessita de constantemente "ligar" um tradutor para perceber que os gestos, ou os comportamentos do outro, podem ser entregas de amor, podem ser actos de fé e de paixão?
Mais, como fazem se tiverem de assumir que do outro só terão essas manifestações ocultas ou em linguagens quase secretas que obrigam a decifrar e rebuscar, será que o meu "eu" consegue aceitar essa diferença e sobreviver feliz através dessas manifestações de afecto, ou será que com o tempo, o meu "eu" para conseguir ser exige mais, e ai sim, a dor de amar, se torna insuportável e na defesa do meu eu, eu acciono defesas que me afastam, me protegem de não perder mais, de não me esvaziar mais...
Amar é necessário, é indispensável, inevitável e saudável, amar é necessário para uma completa sensação de ser e estar. O meu "eu", não é, não existe se eu não me sentir amado, mas o que o outro me dá tem de ser um equilíbrio, não posso pedir demais nem dar demais, temos que em diálogos de consenso, negociações de prioridades, encontrar com os nossos companheiros o equilíbrio, o ponto de encontro em que ambos somos felizes, temos o que precisamos para ser felizes e não nos sentimos injustiçados neste processo, não sentimos que damos mais do que podemos ou queremos...Para que tudo isto aconteça, temos de nos questionar profundamente, perceber o que nos faz sentir amados, o que nos faz sentir completos, e pedir...dar espaço e tempo ao outro para saber, para se questionar profundamente também, e num momento de diálogo pedir o que se torna crucial, e dar o que se é capaz. Neste questionamento temos de perceber de onde vêm algumas das sensações que podemos ter, de não nos sentirmos amados ou de não sermos merecedores de mais. Temos de perceber se somos seguros demais, e gostamos tanto de nós, que não nos entregamos ou não precisamos do outro.
As variáveis destas viagens aos nossos interiores são imensas, pois dependem da nossa infância, dos nossos primeiros amores, da nossa adolescência, da imagem que temos de nós, do que achamos normal ir "buscar" às relações com os outros, do que nos permitimos dar ao outro, etc., por isso, cada caso é um caso, mas uma mensagem pode ficar, termos de nos conhecer a nós próprios, saber de onde vêm as nossas necessidades, quais são elas, o que somos capazes de pedir e o que necessitamos como um mínimo, e com isto em mente definir que o que vamos dar tem de equilibrar tudo isto, de forma a que não nos entreguemos demais, esgotando o nosso próprio amor, sentindo que nos secámos e deixámos de existir, mas também, não podemos estar no extremo oposto, em que não entregámos afecto com medo da perda, com medo da não retribuição.
Dou, peço, recebo, retribuo, armazeno, peço e dou...equilíbrios constantes, assegurados por diálogos abertos, frequentes, sem mágoas e com facilidade em treinar a capacidade de perdoar.
Amar, só pode mesmo ser até doer, quando assim não é, acaba...ou melhor, não chega a ser amor.
Que vazios emocionais carrego eu para estas entregas, e que procuro eu preencher nesta entrega, ou relação? Estas questões têm de ser entendidas, respondidas e resolvidas, para que eu me sinta saudável e para que numa relação, com todos os seus degraus de descida e subida, eu retire equilíbrios momentâneos, e dê equilíbrios aos que me rodeiam.
Como fazem companheiros que se encontram confrontados com opostos, que nas suas trocas emocionais, se debatem contra um alguém tão diferente que necessita de constantemente "ligar" um tradutor para perceber que os gestos, ou os comportamentos do outro, podem ser entregas de amor, podem ser actos de fé e de paixão?
Mais, como fazem se tiverem de assumir que do outro só terão essas manifestações ocultas ou em linguagens quase secretas que obrigam a decifrar e rebuscar, será que o meu "eu" consegue aceitar essa diferença e sobreviver feliz através dessas manifestações de afecto, ou será que com o tempo, o meu "eu" para conseguir ser exige mais, e ai sim, a dor de amar, se torna insuportável e na defesa do meu eu, eu acciono defesas que me afastam, me protegem de não perder mais, de não me esvaziar mais...
Amar é necessário, é indispensável, inevitável e saudável, amar é necessário para uma completa sensação de ser e estar. O meu "eu", não é, não existe se eu não me sentir amado, mas o que o outro me dá tem de ser um equilíbrio, não posso pedir demais nem dar demais, temos que em diálogos de consenso, negociações de prioridades, encontrar com os nossos companheiros o equilíbrio, o ponto de encontro em que ambos somos felizes, temos o que precisamos para ser felizes e não nos sentimos injustiçados neste processo, não sentimos que damos mais do que podemos ou queremos...Para que tudo isto aconteça, temos de nos questionar profundamente, perceber o que nos faz sentir amados, o que nos faz sentir completos, e pedir...dar espaço e tempo ao outro para saber, para se questionar profundamente também, e num momento de diálogo pedir o que se torna crucial, e dar o que se é capaz. Neste questionamento temos de perceber de onde vêm algumas das sensações que podemos ter, de não nos sentirmos amados ou de não sermos merecedores de mais. Temos de perceber se somos seguros demais, e gostamos tanto de nós, que não nos entregamos ou não precisamos do outro.
As variáveis destas viagens aos nossos interiores são imensas, pois dependem da nossa infância, dos nossos primeiros amores, da nossa adolescência, da imagem que temos de nós, do que achamos normal ir "buscar" às relações com os outros, do que nos permitimos dar ao outro, etc., por isso, cada caso é um caso, mas uma mensagem pode ficar, termos de nos conhecer a nós próprios, saber de onde vêm as nossas necessidades, quais são elas, o que somos capazes de pedir e o que necessitamos como um mínimo, e com isto em mente definir que o que vamos dar tem de equilibrar tudo isto, de forma a que não nos entreguemos demais, esgotando o nosso próprio amor, sentindo que nos secámos e deixámos de existir, mas também, não podemos estar no extremo oposto, em que não entregámos afecto com medo da perda, com medo da não retribuição.
Dou, peço, recebo, retribuo, armazeno, peço e dou...equilíbrios constantes, assegurados por diálogos abertos, frequentes, sem mágoas e com facilidade em treinar a capacidade de perdoar.
Amar, só pode mesmo ser até doer, quando assim não é, acaba...ou melhor, não chega a ser amor.