sábado, 14 de abril de 2012

Pijamas de flanela e algodão, com ursinhos e patinhos...

Nas conversas de sofá, surgem divergências entre os seres masculinos que atendo e os seres femininos...e o mais engraçado, é que estas duas entidades, num assunto tão simples quanto este, não se estão a conseguir entender. E é deste exemplo que eu vou fazer a minha reflexão de hoje, esperando com isso, conseguir agradar a ambos os géneros de leitores.

A ida para a cama é sem dúvida um dos rituais mais importantes para uma pessoa, assim como o é para um casal, e aqui acho que estamos todos em acordo, homens e mulheres.
No entanto, estes rituais divergem, e às vezes podem ser divergências que não se tocam ou sequer cruzam, outras vezes são divergências nos rituais, que podemos chamar comuns, ou de partilha. Vou pedir-vos que pensem nas sensações que têm quando ao final do dia se deitam na cama. Imagino convosco que haja uma sensação de conforto, bem-estar, chegar ao ninho, de descanso, de sentir o cheirinho da roupa de cama lavada, do acolhimento dos lençóis e colchão, tudo isto uma experiência sensorial, de entrega ao descanso, e muito simbólica de recolha ao poiso. Mas, aqui, tive o cuidado de descrever a experiência individual...como é a de casal? Se o casal se der bem, continua sensorial e pode melhorar ou aumentar as sensações de que já falei, pois podemos fazê-lo, abraçando-nos ao outro, sentindo que o outro também nos acolhe, e se pensarmos em intimidade/sexo, podemos sentir que é o espaço onde nos vamos entregar e descobrir nesses sentidos também.

Muito bem, então porque é que eu estou a falar de pijamas de flanela no título?
Ou em rituais que colidem?

Porque nesse momento de rituais comuns, podem surgir braços de ferro, relativos a preferências, pois podemos não querer ceder no nosso conforto pessoal. Muitos dos homens com quem falo apresentam queixas relativamente à escolha de roupagem, escolhida para ir para a cama, pela maior parte das mulheres, principalmente se estiverem a comunicar por códigos secretos a sua vontade do "chega-te para lá, que eu estou a dormir", ou "hoje quero dormir em conforto, quanto muito abraçados", e este código aparentemente manifesta-se na escolha de pijamas de flanela, inegavelmente muito confortáveis, mas muito pouco apelativos à imaginação libidinosa...será esta uma escolha consciente de afastamento?
Será esta apenas uma escolha feminina?

Será esta uma escolha de conforto acima de tudo, pois quero recolher ao ninho e não estou a pensar em sensualidade, ou será este um braço de ferro que eu começo, pois "tu"  pedes-me que me deite nua, ou vestida de determinada maneira, e eu decido, ou porque não quero intimidade, ou porque quero prezar mais o meu conforto, e assim decido que não farei a "tua" escolha...Ou podemos fazer destas escolhas aquilo que quisermos colocar no olhar do outro. Será que a flanela é assim tão pouco atraente, ou é a atitude que se esconde por detrás da escolha que passa a imagem?

Será que eu, querendo, estando em sintonia de vontades com o outro, torno assim tão importante o que visto? Ou podemos transformar o que nos é confortável, em algo de belo ao olhar de quem vê? A flanela, não pode é ser um motivo de luta, de intransigência...em que a escolha se faz, em função do outro ter pedido?

E será esta apenas uma discussão no feminino? Ou será uma discussão que se espalha aos dois géneros? Claro que sim! A flanela pode ser para ambos os lados o "duche de água fria", ou a sinalética adotada para resguardar que na "nossa" cama existe "hoje", ou quando queremos, um fosso de intimidade.

Um homem também pode ter uma aparência trabalhada, na sua escolha de roupagem, na hora do dormir, e também eles podem usar essa escolha, para em forma de batalha, retribuir as punições emocionais de que se possam julgar alvo, pela nossa escolha de traje nocturno.

O que é facto, e que é onde eu quero chegar, é que tudo é válido, neste jogo, desde que ambos encontrem satisfação no encontro.

Tudo pode ser sexy, tudo pode gerar intimidade, tudo pode deixar que ambos levem as suas fantasias à prática, se, o casal não se perder em batalhas de espaço pessoal, em que não se executam cedências, como se essas pudessem vir a simbolizar perda de território ou de identificação.

A noite pode começar nua, meia vestida, ou toda vestida, e depois de um encontro onde ambas as vontades e desejos se encontraram, podemos ceder aos desejos de conforto pessoal, e escolher a roupagem que iremos usar para executar a outra parte do projeto cama...dormir.

E se for muito difícil gerir as vontades de cada um, relativamente a este assunto, quando o objetivo é a intimidade e não o dormir, podem sempre recorrer a  outros locais da casa, que não impliquem a escolha de roupagens, e na cama, cada um escolhe o que quer...claro que este é o exemplo que pode ser usado muitas vezes, ainda que concordem no assunto da cama. Ou seja, podem utilizar outros espaços da casa para incentivar a vossa intimidade, ainda que consigam chegar a um acordo tácito relativamente ao que usam na cama, para estar e dormir, de forma a agradarem aos dois, e ao próprio.

Bons sonhos!

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