quinta-feira, 19 de julho de 2012

Silêncios...

Silêncios, vozes não ouvidas, palavras não ditas, ou por raiva sentida, ou por desejo de tranquilidade.
Silêncios...momentos de conquista, de espaço, de intensidade, de uma não-fuga, ao que no interior de nós nos estrangula, nos impede de ver ou sentir em pleno.
Momentos de reflexão, longamente desejados, ou muito evitados...
Quantos de nós, no bulício da Vida, fugimos a estes momentos que podem ser organizadores, mas que nos obrigam a um encontro de alma, a uma reflexão sobre os caminhos, sobre onde estamos e o que queremos. Se o silêncio invade, podem vir ao de cima, sentimentos esquecidos, problemas mal resolvidos, vontades esquecidas...mas, se formos corajosos, e nos permitirmos de vez em quando silêncios, com o tempo saboreamos estes momentos como uma dádiva, que nos permite no caos, entender.
Quando o outro fala, silêncio, por dentro. Vou ouvi-lo, tentar entende-lo, sentir consigo, perguntar para aprender.
Quando eu falo, silêncio, digo só o necessário, não me perco em ruídos distractores da mensagem que quero passar.
Quando estou só, silêncio, para sentir, para pensar, para decidir ou apenas para descansar. Silêncio, e abrando o ritmo, sinto-me melhor, sinto controlo.
Quando estou em companhia, silêncio, e oiço o que não é dito, vejo o que é sublinhado, aprendo mais com os outros, leio o que está nas entrelinhas, percebo os olhares e conquisto um espaço que perdi há muito tempo...conquisto a curiosidade.
Quando estou em companhia, em silêncio, sinto mais o toque, o abraço, o cheiro do outro, olho mais, sinto-me entendida, talvez?
O silêncio não tem de ser solidão...não tem de ser vazio, falta de emoção, antes pelo contrário, se não existir algum cuidado o silêncio pode permitir uma avalanche de sentires, uma invasão de raiva, uma inundação de sentimentos fortes, por isso, às vezes, fugimos dele, pois temos medo do que o outro pode pensar, ou do que nós podemos pensar, e achamos que às vezes é melhor não pensar, como se fosse uma forma de fuga.

Aconselho a que treinem as doses, e que vão tentando pequenos momentos do vosso dia, em que em verdadeiro silêncio, primeiro param todo o ruído interior, depois começam a ouvir os sons do exterior, todos, um a um, respiram profundamente, e descansam...e a seguir, começam lentamente, no silêncio, a deixar que o vosso cérebro, alma e coração, se sintonizem, e falem sozinhos convosco, vos digam em voz surda ou estridente as verdades que ocultam. Vos digam as suas vontades e caminhos, vos digam o que querem e o que não querem, e com tudo isto vocês descubram, quem são, e sintam a Vida que borbulha dentro de vocês, que pode andar adormecida, fugida ou escondida.

Que se faça silêncio, pois vocês vão tentar descobrir o vosso fado!

1 comentário: