sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Perdas…luto, dores intensas, amores profundos...




Perder alguém, de repente ou como resultado de algo prolongado, com que idade, em que circunstâncias…As diferentes situações, ou os pormenores destas histórias, transformam as experiências em vivências muito diferentes, mas, luto é luto, e uma perda é uma perda, não havendo nenhum tipo de volta a dar a tal situação.

Perder é sentir que nunca mais se recupera algo, é viver uma saudade intensa, não só do que se teve e perdeu, mas também do que não se fez, do que não se disse, e do que não se viveu.

Viver o luto é viver um ciclo de emoções, que se repete vezes sem conta, e que com o tempo só se vai tornando ligeiramente mais fácil, mas com uma saudade mais intensa. Zangamos-nos, revoltamos-nos, negamos, aceitamos, e volta tudo de novo ao princípio...Questionamos as entidades divinas, os porquês, a injustiça, tudo porque a dor nos é difícil de suportar.

Se somos adultos, temos de aprender a viver na ausência, relembrando, mantendo viva a memória, celebrando o que eram e como eram, falando e sonhando, com partilhas inexistentes...Caminhando às vezes para a aceitação de um processo de substituição, casar de novo, ter mais um filho, entre outras...

Se somos crianças, podemos ganhar medos intensos, conhecimento de que a morte existe, que as pessoas de quem gostamos podem morrer, assim como nós próprios. Podem surgir medos nocturnos, apego excessivo, ansiedades de separação, vontades inexplicáveis de não se quererem separar, de não quererem dormir, de não quererem perder nada...

Como falar disto? De forma simples e adequada à idade, e às crenças de cada um. É algo natural, que por norma só acontece às pessoas mais velhas, ou em situações de doença, facto é, que a pessoa nunca mais volta, mas, nós podemos sempre lembrarmos-nos dela.

Quando tiver saudades, que fazer? Falar, ver fotografias, lembrar histórias, ajudar a entender a saudade e a vontade de ver de novo. 

Muitas vezes podem criar-se rituais de lembrança, dependendo da idade, como ir ao cemitério no dia dos anos de quem partiu, ou fazer um jantar especial, nesse dia, e falar-se da pessoa, relembrando-a. Apaziguar a angústia, dizendo que nestas situações às vezes, as pessoas ficam melhor assim. 

Talvez abordando o sofrimento em que o outro se encontrava, caso fosse uma doença, ajude a aceitar e entender. Mesmo que existam crenças religiosas, não dizer a uma criança, que a pessoa está no céu, ou nas estrelas, pois pode criar medos de andar de avião, de adormecer à noite por causa do céu estrelado, de querer ir ter com eles…etc...


Tornar o evento doloroso, numa parte da Vida e do quotidiano, é tarefa crucial, tentar continuar com a Vida com um número mínimo de alterações, acompanhar as dúvidas, as saudades, com conversas sobre a pessoa que está agora ausente, sobre como pode ser um exemplo de coragem, ou como gostaria de nos ver seguir com a vida para a frente, fazendo o que gostamos e precisamos. É como que encontrar de novo um sentido, e um objectivo, agora sem aquele elemento que tinha a sua devida importância, e justificações como estas podem-nos ajudar a seguir em frente.

Deixar chorar, deixar deitar para fora esta forma de sofrer, pois se a criança não o fizer com medo de deixar os pais tristes, ou outro alguém, faz a criança fechar-se, para não os preocupar, então, esta deixa de ter espaço para ter um ombro, um conforto, ou uma explicação, das pessoas que lhe são próximas e que podem retribuir carinho, paz, explicações coerentes. 

O mesmo se passando com os adultos, embora cada pessoa viva o luto à sua maneira, durante o seu próprio tempo, e apenas a passagem dos dias, e a adaptação que a vida força, nos leva a encarar a perda e a superá-la com o tempo, de forma saudável, ou não...Perder não quer dizer que se consiga deixar de amar…

Sem comentários:

Enviar um comentário