Amores em tempos de crise!
Queixam-se as pessoas da crise, e
questiono-me eu se os amores sofrem nestes tempos, ou se antes pelo contrário,
se reforçam, e com novas forças e novas juras, os laços se estreitam e os
casais, as famílias, se unem em sintonias relacionais, que permitem, ser feliz,
mesmo em tempos de crise…
Depende, tenho aqueles clientes que
se agarram com unhas e dentes, como se a sua vida dependesse mais destas
relações e destes sentimentos do que do dinheiro ou emprego, e tenho ou vejo
aqueles, que a crise, faz com que algo que já não ia bem, comece a fragilizar,
a deixar entrar água ou distâncias, e com o tempo, todos ralham, e realmente
ninguém tem razão.
Mais, se não nos cuidamos, a
sensação generalizada de uma perda, de não encontrar sentido, de um negativismo
e de um esquecer de que ainda estamos num belo País, e numa cultura muito
positiva, independentemente do nosso património de Fado, pode fazer com que nos
deixemos cair num estado depressivo generalizado, que não é apenas vivido nos nossos
amores, mas também na nossa Vida em geral… deixemos-nos disso!
Há estratégias às quais não nos
podemos agarrar ou apoiar, para que com este fardo Nacional, não nos deixemos
viver os nossos amores, como se estes fossem de perdição…Por exemplo, há que contrariar,
aceitar a situação actual dá-nos de imediato forças para caminhar em frente,
focando o investimento no futuro e no desejo de fazer parte da mudança.
Fugir de pensamentos como “Eu não
aguento mais!”. Certo, eu sei, a Vida às vezes é difícil, parece-nos não termos
resolução, mas se agirmos ou pensarmos como não tendo outra alternativa, no
dia-a-dia, avançamos milímetro a milímetro, ganhando terreno sobre esta
sensação de incapacidade. Vamos-nos concentrar no presente, e olhar em frente.
Não alimentar os “porquê eu?”, essa
é uma viagem a um mundo de perguntas sem resposta, mas se nos questionarmos o
que fazer com isto, ou em relação a isto, e de imediato adoptarmos uma atitude
mais proactiva e vencedora, criando um ânimo que pode estar a desaparecer. Vamos
seguir, passo a passo, vivendo as felicidades que se conquistam nos pequenos
momentos, e não esperar que esta seja um enorme pote cheio dela mesma, no fim
de uma caminhada. Se o caminho se faz caminhando, a felicidade vive-se vivendo.
Pode dizer-se que os casais ou as pessoas mais felizes, são aquelas que não
estão à espera que algo lhes aconteça…se eu não esperar, principalmente em
tempos de crise, um “jantar fora”, ou um ramo de 50 rosas, um pic-nic
organizado pelo meu marido, no parque, com vista para o mar é delicioso.
Vamos vencer a crise, ou as crises,
como? Em primeiro lugar temos de dizer a nós mesmos que não estamos na desgraça
ou a vivê-la, a forma como nos sentimos com o que nos acontece é que dita o
nosso grau de felicidade, aquilo que nos acontece pode ser motivador, ou não.
Ou seja, cada crise, obriga-nos a olhar de outra forma, a encontrar uma nova
saída, e isso faz-nos sentir bem, estamos a lutar, a fazer algo, o que
aconteceu, deixa de ser importante, se nos preocuparmos com o que fazer depois…
Aprender a ver primeiro o que
aconteceu de bom, de positivo, aderindo a uma mudança de saber estar e saber
ser. Se numa crise de casal (ou geral), eu perpetuar as minhas ações, não
mudando, não aceitando, não tentando descobrir os aspetos positivos, então a
nossa dor, a nossa crise, não desaparece...perpetua-se.
Será que atraímos o que sentimos?
Será que quando temos oportunidade de falar como casal, falamos de coisas boas,
que nos têm acontecido, falamos das proezas dos nossos filhos, ou das condições
que ainda nos vão restando como família? Ou não, e perdemos tempo a falar do
negativo, do que não se tem, do que não se consegue mudar…como nos sentimos nós
se estivermos sempre a tocar numa ferida? Dói! Verdade, mas o beijinho da mãe
distraí, ajuda a passar, pensar positivo é solução também.
Goste de si, cuide-se, e gostará
mais dos outros. Tudo lhe parecerá mais simples. Goste do seu companheiro e de
tudo o que ele ou ela têm de positivo, o resto vem embrulhado nesta Vida, que
nos esquecemos muitas vezes de admirar, ou até mesmo de saborear vivendo.
Que os nossos amores, nos inspirem,
para que as crises, se vençam, na escalada, que decidimos fazer, sem olhar para
trás e para as dificuldades, mas sim olhando de queixo erguido para o que se
adivinha à nossa frente, que teria sido do nosso País se durante as descobertas
alguém tivesse tido medo de ir em frente, mesmo não sabendo o que de lá vinha.
Que os nossos amores sejam as
nossas musas, para que a Vida, o Casal, a Família, a Comunidade, e o País
cresça, para além daquilo que pensamos as nossas forças permitirem.
Publicado na LUX de 8.10.2012
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