sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Amores em tempos de crise!


 Amores em tempos de crise!

Queixam-se as pessoas da crise, e questiono-me eu se os amores sofrem nestes tempos, ou se antes pelo contrário, se reforçam, e com novas forças e novas juras, os laços se estreitam e os casais, as famílias, se unem em sintonias relacionais, que permitem, ser feliz, mesmo em tempos de crise…

Depende, tenho aqueles clientes que se agarram com unhas e dentes, como se a sua vida dependesse mais destas relações e destes sentimentos do que do dinheiro ou emprego, e tenho ou vejo aqueles, que a crise, faz com que algo que já não ia bem, comece a fragilizar, a deixar entrar água ou distâncias, e com o tempo, todos ralham, e realmente ninguém tem razão.

Mais, se não nos cuidamos, a sensação generalizada de uma perda, de não encontrar sentido, de um negativismo e de um esquecer de que ainda estamos num belo País, e numa cultura muito positiva, independentemente do nosso património de Fado, pode fazer com que nos deixemos cair num estado depressivo generalizado, que não é apenas vivido nos nossos amores, mas também na nossa Vida em geral… deixemos-nos disso!

Há estratégias às quais não nos podemos agarrar ou apoiar, para que com este fardo Nacional, não nos deixemos viver os nossos amores, como se estes fossem de perdição…Por exemplo, há que contrariar, aceitar a situação actual dá-nos de imediato forças para caminhar em frente, focando o investimento no futuro e no desejo de fazer parte da mudança.

Fugir de pensamentos como “Eu não aguento mais!”. Certo, eu sei, a Vida às vezes é difícil, parece-nos não termos resolução, mas se agirmos ou pensarmos como não tendo outra alternativa, no dia-a-dia, avançamos milímetro a milímetro, ganhando terreno sobre esta sensação de incapacidade. Vamos-nos concentrar no presente, e olhar em frente.
Não alimentar os “porquê eu?”, essa é uma viagem a um mundo de perguntas sem resposta, mas se nos questionarmos o que fazer com isto, ou em relação a isto, e de imediato adoptarmos uma atitude mais proactiva e vencedora, criando um ânimo que pode estar a desaparecer. Vamos seguir, passo a passo, vivendo as felicidades que se conquistam nos pequenos momentos, e não esperar que esta seja um enorme pote cheio dela mesma, no fim de uma caminhada. Se o caminho se faz caminhando, a felicidade vive-se vivendo. Pode dizer-se que os casais ou as pessoas mais felizes, são aquelas que não estão à espera que algo lhes aconteça…se eu não esperar, principalmente em tempos de crise, um “jantar fora”, ou um ramo de 50 rosas, um pic-nic organizado pelo meu marido, no parque, com vista para o mar é delicioso.

Vamos vencer a crise, ou as crises, como? Em primeiro lugar temos de dizer a nós mesmos que não estamos na desgraça ou a vivê-la, a forma como nos sentimos com o que nos acontece é que dita o nosso grau de felicidade, aquilo que nos acontece pode ser motivador, ou não. Ou seja, cada crise, obriga-nos a olhar de outra forma, a encontrar uma nova saída, e isso faz-nos sentir bem, estamos a lutar, a fazer algo, o que aconteceu, deixa de ser importante, se nos preocuparmos com o que fazer depois…

Aprender a ver primeiro o que aconteceu de bom, de positivo, aderindo a uma mudança de saber estar e saber ser. Se numa crise de casal (ou geral), eu perpetuar as minhas ações, não mudando, não aceitando, não tentando descobrir os aspetos positivos, então a nossa dor, a nossa crise, não desaparece...perpetua-se.

Será que atraímos o que sentimos? Será que quando temos oportunidade de falar como casal, falamos de coisas boas, que nos têm acontecido, falamos das proezas dos nossos filhos, ou das condições que ainda nos vão restando como família? Ou não, e perdemos tempo a falar do negativo, do que não se tem, do que não se consegue mudar…como nos sentimos nós se estivermos sempre a tocar numa ferida? Dói! Verdade, mas o beijinho da mãe distraí, ajuda a passar, pensar positivo é solução também.

Goste de si, cuide-se, e gostará mais dos outros. Tudo lhe parecerá mais simples. Goste do seu companheiro e de tudo o que ele ou ela têm de positivo, o resto vem embrulhado nesta Vida, que nos esquecemos muitas vezes de admirar, ou até mesmo de saborear vivendo.

Que os nossos amores, nos inspirem, para que as crises, se vençam, na escalada, que decidimos fazer, sem olhar para trás e para as dificuldades, mas sim olhando de queixo erguido para o que se adivinha à nossa frente, que teria sido do nosso País se durante as descobertas alguém tivesse tido medo de ir em frente, mesmo não sabendo o que de lá vinha.

Que os nossos amores sejam as nossas musas, para que a Vida, o Casal, a Família, a Comunidade, e o País cresça, para além daquilo que pensamos as nossas forças permitirem.

Publicado na LUX de 8.10.2012

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