Problemas e dificuldades todos os casais têm, certo?
Dias mais fáceis e mais difíceis também, momentos em que nos
questionamos se o outro é o tal, ou não, se o que pesa mais são as coisas boas
ou as más?
Momentos em que queremos com toda a força do nosso ser, saber
que é assim e que assim vai ser, no entanto, nos momentos de tensão, às vezes
assim não é…de repente parece que os votos, a força de vontade para estar, o
querer muito o outro ou o sonho de estar junto, de fazer uma família feliz, não
pesa o suficiente e de repente o inabalável, estremece, e abre espaço, janela,
porta, para que a dúvida entre e nos tornemos nuns desistentes da instituição
casamento.
Na nossa sociedade vivemos tempos que nos permitem devolver o
que não ficou bem, não funciona bem, o que não nos agradou a 100%, sem
perguntas, e isso cria em nós a ilusão de que perante qualquer coisa que
venhamos a adquirir, temos de ter uma satisfação a 100%, e que a nossa
felicidade também ela está associada a esta elevada percentagem, e que se assim
não for, não podemos ser felizes…dois conceitos difíceis de igualar, sem
dúvida.
Será que no casamento ou nas relações que estabelecemos
sentimos também um pouco deste hábito? Será que à primeira falha, insatisfação,
começamos a questionar se este investimento vale a pena, e começamos a ponderar
uma desistência, que provavelmente não é mais do que uma devolução do que não serve,
não funciona bem, não me satisfaz?
Será que nossa tornámos consumidores mimados, e que esse
consumismo protegido, pelas competições entre rivais se estendeu à nossa
filosofia relacional, e nos impede de lutar pela continuidade das relações, por
muito que isso possa ser difícil? Claro que não estou a falar de situações
abusivas, estou a falar de relações “normais”, onde podem surgir alguns
desajustamentos, que têm de ser vencidos através do uso intensivo de
ferramentas que estão dentro de nós, do nosso coração e altamente ligadas à
nossa vontade de continuar, de investir e não permitir, que a desistência seja
uma das hipóteses de resolução na mesa, pois por si só a palavra ensina-nos que
não é um tipo de solução, antes pelo contrário, é apenas um tipo de
não-resolução.
A força para lutar por, só surge, se na aceitação de mim, do
outro, e a vontade de querer fazer funcionar, se conjugarem, para nos
empurrarem para um caminho que não tem volta atrás, tem apenas caminhos
paralelos, que podemos optar por usar, para chegar a novos cruzamentos.
Precisamos de acreditar que algures no meio das discussões, das cedências, das
combinações, da entregas, algures no meio de tudo isto, o meu amor, o meu
gostar, tem de ser investido, para que continue a ter mais forças, mais vontade
de ficar do que de ir…este balanço não pode estar invertido, pois é o que me
permite querer fazer tudo o que for possível para fazer resultar, para
transformar a relação actual, na relação mais ideal, com consciência que todos
os dias, e em todas as esquinas da nossa caminhada, desafios nos esperam, mas
garantidamente, se todos eles forem ultrapassados, todos os dias, em todas as
esquinas, temos um alguém disposto a partilhar connosco a sua vida, as suas
virtudes, os seus defeitos, e o seu amor por nós…
Transportemos paixão para esta dedicação, e não aceitemos as
falhas da relação como inevitáveis, não as consideremos parte do percurso, mas
tentações e desvios ao mesmo, lutemos para acreditar que com as devidas
mudanças, o sim, pode ser para sempre, desde que não deixemos, a relação e o
nosso ser, perder o norte, e deixar de ver ao longe, todas as possibilidades e
todos os afectos que se ganham numa vida a dois…
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