terça-feira, 26 de junho de 2012

Conversas de sofá...mais uma...

Cá estamos nós mais uma vez, vamos para o sofá falar de nós, falar da Vida e das coisas sérias, para nesse aconchego, encontrar sentido, e sabermos onde estamos os dois...pois isso é mais do que necessário, é obrigatório.

Precisamos falar de nós e das nossas conversas...

Precisamos falar de nós e do que não anda bem...

Precisamos de falar daquilo que não fazes, porque não sabes, ou não te é natural...

Precisamos de falar sobre o que me queres pedir, e não tens feito...


Precisamos de estender a nossa relação, soltá-la ao ar, e ver o que nos falta, precisamos de olhar, com olho critico e ver o que ainda não vimos, ver e gozar o que já vivemos, e falar, falar até adormecer, abraçados no aconchego de quem se quer. Os assuntos que vou abordar, são temas que me foram trazidos, nos últimos tempos para o meu sofá...e quero reflectir com e para vocês, sobre esses mesmos dilemas, e com isso criar um espaço de tempo para todos nós, vamos a isso?


Falemos então...estes últimos tempos temos sentido que o tempo não chega, não chega para mim como pessoa, não chega para ti no casal, e às vezes não chega para a família, ou a que queremos constituir, ou que já temos. Parece-me que o tempo foge, acelera-se, e se existir um descuido da minha parte, hoje já foi há um mês, e o que eu queria fazer amanhã, não fiz num ano...sensação dolorosa, de que me perco no tempo e que te perco a ti, em nós. Sensação de que não controlo nada, e que me arrasto numa linha, a fazer tudo o que posso, que não deixa de me parecer o mínimo, e que eu sinto, como que se me esgotasse além do que consigo dar.

Faz sentido?
Esta sensação de esgotamento, de entrega, de nunca chegar para o que é preciso, de sentir que já não tenho energia, antes mesmo de começar?

Sim faz, porque nós somos seres muito pouco disciplinados, e facilmente nos esquecemos de conseguir enganar o tempo, e a Vida, e organizar as coisas num constante jogo de cintura, que com disciplina me ganha ou compra tempo, que terei de saber gerir, para me dar a mim o luxo do silêncio, da reflexão, de sentir o que sinto para saber pedir ao meu companheiro o que preciso, para não me distrair a assumir o papel de tratar de tudo e não delegar, sufocando-me a mim e exigindo aos outros paciência para a minha crescente irritabilidade. Para nos dar a nós o tempo para fazermos algo juntos, para te pedir o que quero, e para te dar aquilo que celebra o que sinto por ti, temos de ter tempo, e paciência para partilhar esse tempo em conjunto, mas se eu não for disciplinada(o), a esta altura eu posso até, nem te querer ver pintado, quanto mais falar contigo, quando até pareces não me ouvir (ou será que eu nem falei??). 

A rotina do tempo a dois, não se descuida, pois é um acumulador negativo...nunca acumula positivo...confiem em mim, por isso atentos, nas rotinas têm de guardar momentos que sirvam de aconchego, de tratamento paliativo, em que ambos se sentem apoiados, entendidos...em que haja espaço para um abraço de urso, ou um beijo de amigo...para que conversas se tenham, e nestas rotinas, se sonhe outra vez, e novas paixões surjam com o oxigénio que vocês garantem à relação.

Mais disciplina ainda, conseguir ter tempos na semana, com paciência e energia para os outros da família: os filhos...estes ainda são mais duros, se todos os anteriores forem descurados, e o tempo, torna-se um inimigo, torna-se angustiante e promessas que fazemos a nós mesmos, segundos depois de começar uma brincadeira com o pimpolho, evaporam-se, e de repente estou zangado(a), não quero brincar e por ai ficam as boas intenções...e num rodopio, estou zangado(a) com o companheiro(a), com a Vida, comigo...e estou infeliz.

Vejam esta minha teoria, o tempo, para nós, seres com planos e desejos de felicidade, é como a insulina ou uma boa dieta para um diabético, se se descuidam, morrem...ainda que seja só por dentro e lentamente...acham-me exagerada e fúnebre...talvez, mas ao fim de 18 anos a ouvir partilhas sobre o tempo e a sua fragilidade, e o desejo de o voltar atrás, não pela idade, mas pelas oportunidades, aprendi, que temos de o respeitar muito, e geri-lo como um dos nossos bens mais preciosos. Temos de o dominar, e ser malabaristas das suas dádivas.

Vou vos dar alguns exemplos meus, eu sei em média quanto tempo levam as minhas deslocações todas (típicas) de um dia normal, sei quanto tempo me leva um banho demorado, uma ida ao cabeleireiro, uma ida ao supermercado para compras diárias ou para as do mês, quanto tempo levo a caminhar uns km à beira-mar, quanto tempo levo a dar uma volta pela minha loja de roupa favorita, quanto tempo demoro no parque infantil com os miúdos, quais são os meus tempos para cozinhar, quanto me leva o trajecto do supermercado à creche, do trabalho ao café, etc..., e estes cálculos, ajudam-me a gerir o tempo normal, e o que ganho...

Mais, tenho umas listas separadas do que tenho para fazer, do que preciso de fazer e do que gosto/gostaria de fazer, com um limite temporal.

E, que faço eu, se por exemplo, tenho inesperadamente um intervalo de 1 hora. Sim, que faço eu??? Das minhas listas de prazeres, obrigações, deveres, etc, "saco" aquela que consigo executar neste intervalo de tempo, e engano-o...prego-lhe a rasteira, de eu o controlar. E mais logo, tenho mais...tempo. E faço a gestão de ir tentando ter tempo para mim, para os dois, para a lista dos "to do", e para os filhos. E se estou em baixo aumento a lista dos prazeres e das pausas, se estou bem, dou-me aos miúdos, ou surpreendo o companheiro.

Fácil?
Não, mas completamente fazível, e se nos tornarmos religiosos e disciplinados, e acreditarmos que o tempo pode jogar a nosso favor, há tempo, não que sobre, mas quanto baste.
Sentem-se no sofá e falem sobre isto...

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