sábado, 23 de março de 2013

Caminhos entrelaçados

Embrulhados na mente,
num cobertor de palavras...
ao vento dos sentimentos, 
brincamos, como crianças...
aos crescidos que não somos,
cedendo às loucuras em nós...
colocando fantasias, 
a rolar na realidade...

Tocando, correndo e de fugida...
roubando abraços, que não damos...
Provocamos, pelo gozo...
e pelo desafio.
Damos, entregamos...
esperamos, e recebemos.
Mas, saímos e seguimos...
caminhos distintos,
que se cruzam,
e entrelaçam.

Embrulhados em nós,
na poesia da amizade,
com palavras de beijos,
e abraços em verso,
fantasiamos, nunca estarmos sós...
vivendo em nós,
todo o tempo que me dás...
todo o tempo, infinito.

AMOR

Amo...
gosto...
sinto-te como uma parte,
...integrante de mim,
mesmo quando longe estás.

Quando penso, sonho...
idealizo...e invento caminhos,
já não estou só...
são viagens partilhadas.

Quando rio,
sinto teu dedo na face,
passeando e desenhando...
e adivinho aquele olhar que me dás...
de um carinho que é,
de quem está...e fica.

Gosto, gosto de ti...
sei bem porquê...
mas ainda tento adivinhar...

Nas memórias da minha pele,
dos meus sentidos...
és parte de quem sou,
já não cheiro a mim...
já guardei o teu sabor,
vejo tua face, cega na noite...

Já só sou,
em ti...
em mim, e nós.
Já só amo,
porque segura de ti,
vivo na asa de um pássaro, 
no ramo da árvore, 
no penhasco sobre o mar...
na gota da chuva que te mando beijar.

Já só sou, porque amo,
e porque me fazes viva...
mulher, e intensamente livre nesse amor....
Amo...

sexta-feira, 22 de março de 2013

Obrigada e agradecida...

Sinto-me viva, 
banhada pelo sol...
enroscada nos ventos que me levam...
que me mostram o horizonte em dias perdidos.

Sinto que os desafios que vivo,
são degraus,
são pequenos e ultrapassáveis...
são...
namoros com as pedras do caminho,
em, que não tropeço, não choro...
agradeço, as oportunidades....

Sinto-me agradecida,
por ser capaz de ver...
o mar,
as estrelas, o teu doce rosto.
Uma montanha verdejante,
...uma papoila,
num campo de trigo Alentejano.

Por cheirar, as rosas,
o teu perfume, a maresia,
...o bebé que mama no meu regaço,
por sentir a tua pele na minha, 
por sentir nas minhas mãos os calos de minha mãe...

Agradeço,
saborear as frutas de Verão,
os teus lábios de amor...
o doce do mel,
por ouvir os teus segredos,
as canções que me emocionam,
no sussurro do vento...
a tua voz, a dizer-me...
baixinho...
amo-te.

Agradeço, acordar...
estar viva,
ter família,
amigos...ser pessoa,
ter oportunidades de viver e amar...
dar azo a loucuras,
que me façam ter forças,
para continuar a sonhar.

quinta-feira, 21 de março de 2013

POESIA...



Poesia é a linguagem do amor, do exagero...
é o instrumento capaz de tocar,
o que nos vai na alma,
é arte...
é juntar as pessoas em sentimentos únicos,
através de palavras lidas...

É pintar sentires, e dores,
em carvão,
e conseguir, na tela ilustrar,
e tornar universal, uma dor única.

É coragem de dizer,
o que não se diz...
de entregar cartas de amor,
fingidas,
escondidas...entrelaçadas em palavras,
sempre duplas,
sempre disfarçadas de um exagero,
que permite a fuga.

É por palavras voar o mundo,
sonhar abraços...
roubar beijos,
enternecer corações...

É soltar lágrimas,
em rios e oceanos...
é amar loucamente,
é perder do cérebro a razão.
Ser poeta,
é ser escondido,
em plena luz..
revelando a alma e entranhas,
ficando nu.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Reflexões na desilusão...

Escuro,
solidão...depressão,
medo desta prisão...
que em mim reside.

Fecho,
fecho tudo...
não deixo entrar ninguém,
barro a entrada de quem está...
e de quem vem.
Vivo só, isolo-me e protejo-me,
até da mão que se estende em bem.

Não resisto, não aguento...
desisto...
Sinto-me escuro, 
no clarão do dia.
Não sinto tempo,
não sinto alento...
Não aguento!

Acreditei, confiei...
e a Vida falhou-me,
empurrou-me...
mandou-me ao chão.
Não tive a palavra certa,
ou o condão de ver...
não soube receber e,
agora não confio... 
não recebo, e não dou...
mas, também não peço.
Resisto ou desisto?

Mas isto não é meu,
isto não sou eu...
quem eu sou, não é...mas,
agora não consigo,
talvez quando a dor passar...
talvez...possa acreditar...
talvez consiga dar espaço,
deixar entrar...
talvez, não desista...
amanhã, resisto.
Amanhã, talvez tente...

Culpas...

Acho que é dos temas mais abordados em conversas, neste cantinho meu...e eu gostava tanto de poder trabalhar este sentimento com todas as pessoas do mundo...

Muitas vezes em trabalho com os meus clientes, lido com a infelicidade gerada por se sentirem culpados de mil coisas, por mil anos vividos...ou tristes e zangados, porque um alguém tem culpas na sua maneira de estar naquele momento.

E eu quero fazer-vos a proposta de fazerem o seguinte exercício:

  1. Quando se sentem culpados o que sentem? Descrevam em duas ou três palavras.
  2. Quando se sentem culpados o que fazem? Descrevam o que fazem em relação à culpa (por exemplo: choro, grito com toda a gente, vou dormir, bebo...).
  3. Quando se sentem culpados, como é que sentem que a vossa vida é afectada? Descrevam mentalmente, o impacto de viverem essa culpa, no vosso registo do dia-a-dia...

E agora vejam comigo, provavelmente a maioria de vós, responderam que se sentem bastante mal quando vivem a culpa de algo, que provavelmente ficam sem sono, preocupados, tristes, irritados, sem paciência, e sentem que a vossa vida toda fica de uma maneira ou de outra, afectada por esses sentimentos, que beiram a impotência, de se livrarem do mal-estar que sentem.

Provavelmente só uma minoria respondeu à segunda pergunta com acções, de alívio da culpa, por exemplo por reparação, por pedir desculpas, por ir tentar resolver o problema, por perdoar, por deixar cair, e entender que muitas vezes essa culpa não é minha, ou não pode ser tão pesada assim.

Por isso pergunto, qual a vantagem de sentir culpa, se não estiverem na minoria que faz algo com ela...?

O que ganhamos nós com isso, se ficamos com ela nos braços sem saber que lhe fazer?
O que ganham os que nos rodeiam, ou como podem eles ajudar, se nós não fazemos nada com "ela"...

Não estou a dizer que sentir culpa não é importante e deve ser banal, estou a dizer que é importante porque nos ajuda a lidar com a nossa noção de valores e expectativas, e faz-nos ponderar as nossas acções e compromissos, e como nos comportámos em relação a nós e aos outros. Mas só é válida, se tomarmos a sua acção positiva, de mudança, de aproximação ao outro e melhoria de quem somos, pois, se a usarmos, para nos encostarmos a um canto, em total tristeza e desespero...a sua função é nula, ou é apenas a de apertar a nódoa negra para sentir a dor...por isso eu pergunto, querem ser masoquistas, ou vão tentar aliviar o fardo?  



Sejam felizes, não se culpem, analisem, melhorem, mudem, dêem...perdoem...sigam em frente, sem amarras.

terça-feira, 19 de março de 2013

Fantasia em carvão...

Pensaste...
sonhaste, com o meu corpo...
com carvão passeaste numa folha,
branca, virgem...
parecia uma carícia,
desenhaste-me...
saindo deste mar,
desta Vida,
...olhando o céu,
de mãos caídas...
oferecendo-me a ti,
a teu corpo,
à tua alma.

Não erraste...
teus sonhos, tuas preces...
realizaram-se.
Agora sou eu,
que te entrego...
minha alma,
meu corpo...
como um desenho teu.

Agora, com pinceladas de real,
peço-te, sonha comigo...
saí deste sonho,
deste mar...
só para ti...

7.03.1991