quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Malabarismos...luta, cedência, perdão...

Malabarismos, sim, todos os dias e a todas as horas, seja numa relação a dois, seja numa relação a 4, ou familiar...seja até numa relação de amizade...

Malabarismos sim, pois para uma relação resultar, para que os afectos positivos saiam vitoriosos, todos os intervenientes, em algum momento da relação, têm de saber fazer uma alternância, entre as coisas que são típicas e que estão sempre presentes em todas as relações...Uma zanga, uma discussão, o não querer ceder a razão, o achar que se está certo, o ter feito algo errado...entre tantas outras...
Jogar com o que há, e alternar o que se tem entre mãos, essa sem dúvida tem de ser a estratégia...Viver a dois, passa por este jogo constante entre os motivos que nos irritam, que nos zangam, terem de ser articulados, equilibrados, balanceados...chamem o que quiserem, com momentos em que apelamos à cedência, nossa e do outro, ou ao perdão, nosso e do outro...e neste jogo a duas ou quatro mãos, vamos ganhando uma história que nos renova a cada discussão ou desacordo, vamos ganhando histórias que nos unem e relembram como foi fácil resolver algo no passado, como foi importante perdoar, ou ceder, em determinados momentos da  caminhada, para que o Todo fizesse sentido....

Uma relação ganha, por sermos capazes de sem tomar em conta, quem fez, quando o fez, e quem tem de fazer da próxima vez...fizermos estes malabarismos que oscilam entre aquilo que é necessário, e que todos sabemos que faz parte da vida - discordar, discutir, e em que na maior parte das vezes o nosso alvo não só é, como muitas vezes tem de ser, o nosso companheiro, pois é quem lá está...

No entanto, neste malabarismo não podemos estar só com uma bola em mãos, após jogar essa, temos de continuar, e evocar em nós as outras bolas, que nos ajudam a perdoar, pedir desculpas, a ceder, e a dar tudo por tudo pela relação, independentemente dos tempos futuros...

No meu sofá já vi muitos tipos de sofrimento e de dor, mas a dor sem corpo, sem morte, mas por perda porque se sente que se perdeu uma relação, e essa dor vem independente dos porquês dessa perda, mas sim pela a dor que fica porque em labirinto nos questionamos "...e se eu tivesse feito mais isto, ou aquilo...e se eu tivesse estado mais atento, se tivesse perdoado mais, ou cedesse em algumas coisas que nem eram importantes...". 

Esta dor é lancinante  é tentar caminhar caminhos passados, impossíveis de retraçar ou reinventar...é agora que tem de treinar o malabarismo, e a cada novo desafio, que torna a relação mais forte, pois por si já é prova dessa fortaleza, é jogar, é trazer as bolas para campo, e não hesitar em dar o máximo.

A cada máximo que consigamos dar, apostamos na relação, pois permitimos cicatrizes que curem, permitimos segurança para discordar, permitimos espaço para falhar e mesmo assim sentirmos no fundo do nosso ser, que o outro nos ama à mesma, é acabar uma discussão com um abraço, com a cedência de estarem ambos certos em estarem errados, ou estarem ambos certos e nenhum ser capaz naquele momento de ceder...

É ser capaz de pensar que eu, porque amo, e não quero perder, porque gosto e quero ter, vou perdoar, vou aceitar e vou-me encontrar algures num caminho, que pode não ser a meio, mas continua a ser o nosso...

É pensar que tu, porque me amas, porque não me queres perder, me perdoas também, me aceitas, e algures no caminho, em que eu estou, ou tu estás, me encontras...nos encontramos, damos mãos e seguimos caminho...

O nosso caminho, traçado por nós a cada cruzamento e encruzilhada, a cada bola jogada no ar, a cada bola que nas minhas mãos vem parar...e neste malabarismo, apostamos no espectáculo, no treino, e na capacidade de cada vez sermos melhores a fazer este jogo, que nos entretém, nos aproxima, nos torna terrenos comuns...malabarismos de Vida...

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