terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Era uma vez, a vontade de fazer amor que desapareceu...

Era uma vez um sofá numa sala...que dia após dia, recebe mulheres, que se sentam à minha frente e falando comigo abertamente sobre o que as preocupa, me contam histórias de amor bonitas, mas em que a vontade de demonstrar o seu amor fisicamente pelo seu parceiro é pouca, ou quase inexistente...

A reflexão deste texto considera exemplos, que podem ser sobre qualquer dos seguintes problemas: falta de interesse sexual, acto sexual sem prazer ou até doloroso, não atingir o orgasmo, e dificuldade em se sentir excitada.




A relação está lá. a vontade de ter o companheiro está lá, mas por diversas razões, às vezes específicas a cada uma, outras capazes de ser generalizadas...parece que existe um véu entre a parte emocional da relação e a física, que pode e deve muitas das vezes complementar a relação como um todo.


Questionam as culpas?
Os porquês?

Esgotam-se, nos primeiros tempos a forçarem-se, mas depois com o tempo, perdem essa energia, porque parece que nada reacende a relação...

Esta parte de si, selou-se, e ao fim de um tempo existe a sensação de que já não faz falta, vive-se bem sem, a não ser pela parte de saber que o outro deseja, quer, precisa...pede, impõe...


Passa-se à fase da fuga...

...do fingir que se dorme, da dor de cabeça diária, de conseguirmos que o outro se zangue connosco mesmo antes de irmos para a cama, de ir tão tarde que o outro já dorme...

...entre tantas outras estratégias....

O que falta?

O que aconteceu?

Certo de que cada caso é um caso, há alguns factores em comum, e algumas sugestões generalistas o suficiente para aliviar os primeiros sintomas, senão, terão que procurar terapia de casal, sexologia, individual, o que for necessário, pois esta bomba rebenta, de certeza, um dia...e rebenta na cara dos dois...

Existem sem dúvida factores de predisposição, para que a mulher não se sentindo amada, estando a sentir-se numa relação abusiva (verbal, psicologicamente ou fisicamente), sentindo que não existe enquanto mulher pessoa, se feche a um relacionamento mais íntimo, é uma defesa sua, um fechar, que lhe permite proteger aquilo que é mais seu, a sua intimidade.

Um casal, que esteja a enfrentar mudanças no seu estilo de Vida, quer por causa de dinheiros, quer por causa dos seus papéis a nível de trabalho, ou até nas funções de casa. Elevados níveis de stress não activam a vontade de fazer amor, de intimidade, temos de estar atentos às formas que enquanto pessoas, ou casal, podemos manter uma Vida relativamente saudável, quer a nível alimentar, quer a nível de actividade física, de forma a aliviar a tensão e os níveis de stress.

Podem estar também a sofrer alterações na relação, que não incentivam ao um bom desempenho sexual, ou que até podem mesmo inibir a libido, senão num parceiro, até nos dois.

A toma de alguns medicamentos, especialmente os anti-depressivos, diminuem a vontade sexual, diminuem a lubrificação e a capacidade de excitabilidade...se a toma tem de continuar, a mulher vai sentindo estas alterações nas suas vontades, tem é de (com a ajuda do parceiro), descobrir formas de contrariar mentalmente este efeito, com aumento de preliminares, com aumento do factor surpresa, com as técnicas necessárias, mas acima de tudo com muita paciência...de ambos os lados.


A mulher também pode estar a sentir que o seu papel na casa, em conjunto com o do trabalho, não está dividido de forma razoável, sentindo uma sobrecarga, factor que tem de ser equacionado, pois alguém em exaustão física, só consegue manter a libido em alta, na juventude...



Em determinadas fases do desenvolvimento feminino, por exemplo, pós-parto, TPM, menopausa, carências hormonais, ou afectivas sérias, a própria mulher está em guerra consigo mesma, quanto mais, querer fazer amor e agradar o parceiro...nessas alturas é bom que o parceiro tenha uma armadura, e responda a tudo que sim...e com paciência tentem os dois em conjunto anotar quando é que estas alterações hormonais estão a acontecer...previsão, pode permitir, aproveitar as fases mais tranquilas...


Ter filhos, querer filhos, faz parte de uma fase da vida de um casal, em que por norma, estão os dois companheiros de acordo, mas em que muitas vezes, a sua existência pode sobrecarregar mais um elemento (muitas vezes a mãe), do que o outro. 

Pode fazer com que exista privação de dormir, fazer a mulher sentir-se feia, sentir que o seu corpo já não é o que era, sentir que agora que é mãe o seu papel sexual diminuiu ou não deve existir, e pode ser que a privacidade e os momentos íntimos, antigamente muito mais fáceis de encontrar e replicar, se vão tornando mais raros, e que requeiram um maior cuidado para os encontrar e proporcionar.




Há sem dúvida algumas questões que a mulher deve colocar a si mesma, para um melhor entendimento das suas dificuldades nesta área...
  • Tenho as minhas necessidades respondidas nesta relação?
  • Lidamos com os nossos problemas de forma aberta e construtiva?
  • Sinto que nos tratamos com respeito e de forma justa?
  • O meu parceiro consegue focar-se em mim e nas minhas necessidades?
Se respondeu que sim a todas elas, em princípio a solução da questão reside em tentarem, por vocês os dois, numa primeira etapa, responder a algumas das causas que falei acima. E se não conseguirem, procurem ajuda...é importante reconhecer quando pedir ajuda.

DICAS


Surpresa, imprevisto, fazer algo pouco usual, em conjunto, e tendo a ideia de base, que a actividade em si pode não levar ao acto sexual em si, para aumentar o desejo, e evitar a previsão...criar clima.

Assumir que o sexo faz parte da vida, da vida de um casal, do amor, da entrega...e que fazer sexo, após a existência de filhos, continua a ser normal, ajuda a viver sua sexualidade com menus tabus, a viver o sexo com a capacidade de experimentação, de tentar coisas novas, fantasias, e viver o sexo sem vergonha...a desinibição, ajuda o cérebro a receber um dos melhores afrodisíacos, a nossa imaginação e as nossas fantasia....

Apimentar a relação, a actividade sexual, a rotina diária, a rotina familiar, sair da monotonia, sair dos rituais, dos dias da semana marcados, dos gestos ou prendas que já antecipam o que o outro quer...

Ajuda a libertar o cérebro e a aumentar a vontade de querer fazer algo diferente, fazer amor...com aventura de novo...escolham novos sítios, novas posições, com roupa vestida, depressa como se alguém fosse chegar, num sítio onde até poderiam ser apanhados...

Namorar também é bom...falar, coisa que às vezes se vai perdendo o tempo para fazer, olhar o outro como se fosse de novo a primeira vez, tentar conquistar, lembrar do que o outro gosta, perguntar coisas sobre o futuro, opiniões sobre valores e desejos secretos...ter tempo para o outro e para OUVIR...
Sentir que a relação é para sempre, não é prisão, é símbolo de compromisso, de certeza, de entrega, e pode mesmo assim, ser vivido como um eterno namoro, uma eterna oportunidade para malandrar de vez em quando...

As algemas podem ser uma ideia...




VALE TUDO....!

Na dose que vos deixe confortáveis...

Improvise...uns beijos à chuva, uma corrida de "miúdos", um jogo de apanhada ou de cócegas, jogar às cartas na cama, e ir perdendo, ou ganhando coisas...Beber um copo de vinho em pic-nic na cama...comer chocolate, ou beber chocolate quente...

Transformar esta tentativa numa entrega, um pouco cega, e ainda que "forçada", tem que se treinar mentalmente para se desinibir, e querer querer, querer tentar, e dar uma oportunidade ao seu cérebro para aquecer tudo o resto...

Acredito que o desejo, e a satisfação sexual, dependem de factores emocionais, psicológicos e não só dos puramente físicos. Mais, na minha opinião, dependem muitas vezes mais dos primeiros do que dos últimos, a não ser no caso da existência de uma disfunção física.

Era uma vez a vontade de fazer amor, que encontrou o caminho para casa, migalhinha, após migalhinha...

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