segunda-feira, 12 de março de 2012

...conversas de café


Todos nós somos pessoas únicas, que necessitamos dos nossos momentos, individuais, de reflexão, de silêncio na alma, de partilha intensa com a Vida. Esses momentos podem ser à beira-mar, a inspirar a maresia, podem ser numa igreja vazia, a ouvir o silêncio, ou podem ser momentos com "uns alguéns" que nos entendam, ou porque nos conhecem, ou porque partilham connosco histórias semelhantes e que dão sentido às nossas. Mas estes alguém, têm de ter uma relação até ao nível máximo de amigo, não podem nem ser companheiros, nem família, pois são "cafés" diferentes os que surgem com parceiros desta natureza, e a última regra é que por norma têm de ser do mesmo género sexual, pois poupa energias de tradução de estados de espírito ou tipo de linguagem, para abordar os assuntos que surgem. 
Naqueles momentos de vida em que queremos encontrar paz, não reflectir sobre grandes eventos, ou não pensar nos assuntos sérios que nos pesam nas costas, e queremos rir de algo ou rir com alguém, esses são os momentos de conversas de café, com um ou mais amigos, do grupo dos "alguéns" com quem eu me sinto bem, me sinto admirada, aceite, engraçada, inteligente, especial, sinto-me pertença daquele grupo, com uma função igual à de todos os outros, vamos conversando, partilhando retratos e retalhos de vida, à vez, com interrupções constantes em conversas, que nunca se terminam, como que de propósito para justificar mais um desses momentos daqui a uns dias, para continuar, a rodinha dos assuntos, e assim, numa teia ou rede invisível, irmos suportando as vidas em conjunto, aprendendo o amor da amizade, e o espaço individual que se conquista a cada momento na conversa de café. 
Muitas das pessoas, enredadas nas teias das justificações da lenda da Vida sem tempo, esquecem os momentos individuais, de reflexão e apaixonamento pelo próprio, mas acima de tudo, vão perdendo estas redes de apoio invisível, mas marcante, que nos faz encontrar sentido nas dúvidas, amor nas zangas, inspiração no abandono, e paz, na loucura da Vida.
Faço questão de me entregar à família, ao trabalho, à Vida com toda a paixão que merece, no entanto, não me esqueço que há muitos tipos de tempos, e de certeza absoluta que quem me conhece sabe, que arranjo sempre tempos para um café de amigas, numa conversa perdida, mas que me dá por momentos, um dos meus tempos. E este tempo é sem culpa, pois se eu estou melhor, quem eu amo fica melhor. Se eu ri, contei, ouvi, desabafei, chego aos outros com energias de amor, para ouvir, dar, acolher e acarinhar.
A cada golo de café, a cada palavra trocada, a minha vida enreda-se na das minhas amigas, e deste ritual simbólico e próximo, surgem sensações de que não estamos sozinhos nestas lutas diárias, nesta caminhada, que se apresenta pela nossa frente e onde estamos sempre a tentar dar o nosso melhor.
Que seja este o primeiro de muitos cafés, que sejam estas as primeiras conversas por acabar, que começam no vosso dia-a-dia, para terem sempre um assunto que vos prende ao relógio que dita a velocidade a que permitem que a Vossa vida decorra.

5 comentários:

  1. Adorei este post!
    (está repetido...é para ser assim?)
    Continua!!!!È muito bom, chegar ao trabalho e ler, dá animo!!!
    Beijinho Grande

    ResponderEliminar
  2. Repetido...não dei fé. Obrigada pelo feedback e pelas palavras de incentivo...

    ResponderEliminar
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  4. O problema é quando a vida nos começa a arrastar para fora dessas conversas de café, sem nos apercebermos disso : ) ... e depois, temos de recorrer à Flor para voltar a sentir o cheiro da vida : )

    ResponderEliminar