quinta-feira, 29 de março de 2012

Mais conversas de amor...entrega e emoção...

Amar, como reflectimos da última vez, assume diversas formas e em contextos variados, amamos de diferentes maneiras, diferentes pessoas.

Há amores com custo, pois esperamos retribuição intensa, há amores sem custo, vazios de cobrança...há amores mistos onde esperamos na entrega receber algo de volta, e este algo muda de figura, depende de passados, depende de vazios, das expectativas e de tudo o que faz de nós pessoa, pois é nesse amor, que vamos querer ir buscar, onde queremos a entrega do "algo" de volta, que precisamos de aprender a definir dentro de nós, para que possamos aprender a pedir. 

Eu sei que já disse isto, mas as melhores lições da Vida só funcionam se forem repetidas, e conseguirmos aos poucos ir acreditando que somos capazes. Criando uma imagem mental nossa, que nos faça sentido, e eu insisto,...partilhando a minha...A mudança começa sempre em nós. E nós, se mudamos, mudamos sempre o outro, como uma reacção em cadeia...é preciso é saber esperar e querer muito o fim a alcançar, senão as forças perdem-se. É preciso saber que há desgaste, mas que a energia que se ganha ao conseguir é de força nuclear, esmaga-nos com a sua intensidade. E é preciso saber que quando eu falo em mudar o outro, não é que o outro de repente, se transforma e afina todas aquelas pequenas coisas que nós não gostamos nele(a), como os contos de fada de que ouvimos falar, na minha reflexão, o "felizes para sempre" vai depender da energia e intensidade que vocês coloquem nas emoções que transmitem, e no espaço que dão ao outro para ao receber essas emoções, mudar e retribuir, da sua maneira, em linguagem própria por respeito a si e a ele(ela) mesmo. Pensem quantas vezes já disseram "estou farto disto...nunca estás satisfeito(a)", quando querem realmente dizer: "gosto de ti, porque não me deixas aproximar de ti?".     

Comecemos então...

O que é a emoção no amor?
É o amor uma emoção?
É a emoção o amor?


É a entrega uma emoção do amor?
Ou, o amor é uma entrega através da emoção?

Ou, o amor recheia-se de emoções múltiplas nas quais espelhamos sentires ricos de sabores, cheiros, sensações, tonalidades e intensidades. E essas emoções espelham-se nas expressões, nos desejos desse algo que às vezes queremos intensamente. Espelham-se nos olhos que falam da nossa alma, e que claramente transmitem as emoções, mas por vezes embora sentidos e vividos pelo outro, não existe atribuição de significado?
Todas as questões que coloco são válidas e todas podem ter resposta, não contrariando as respostas anteriores. Todas as imagens que escolhi para acompanhar estas nossas reflexões, têm o objectivo de mostrar as emoções, as nossas leituras, e ver se nelas, vocês vêem o mesmo que eu...talvez, um amor infinito, positivo ou negativo, de entrega a alguém, no meio da rede emocional que nos une a todos nós, seres humanos. 

A palavra emoção provém do Latim emotione, "movimento, comoção, acto de mover". É um derivado duma forma composta de duas palavras latinas: ex, "fora, para fora", e motio, "movimento, acção", "comoção" e "gesto", sendo uma palavra documentada no sentido de "agitação da mente ou do espírito". (Agradeço a ajuda da Wikipédia, para que eu estabeleça alguns moldes teóricos para a minha divagação sobre amores e emoções). 

Será então que as emoções são a nossa forma de nos movermos para fora de nós, na entrega do amor, dando ao outro (que existe fora de nós), aquilo que guardamos dentro de nós. E ao mesmo tempo serem estas então as razões para as agitações do nosso estar, do nosso ser? Eu acredito que sim, mas também acredito que são estas que nos permitem viver a sensação de estar vivo, apaixonado, e encontrar propósito nos nossos dias e rotinas, e na procura diária de melhorar e encontrar momentos de felicidade, em que estas emoções nos transportam totalmente para fora de nós. É ganhar a capacidade de voar, de sentir tão profundamente, que por momentos os nossos cérebros, os donos da razão, apagam, e em nós, como que num frenesim dentro do peito, o sentir fala mais alto, e a emoção entrega-nos.

A Emoção, é também uma experiência subjectiva, enredada no nosso temperamento, personalidade, e motivação. Daí, às vezes ser tão difícil justificar as emoções que temos, pois parecem provir de teias multicoloridas, tecidas da mistura destes componentes, assim como às vezes se torna tão difícil, porque lidamos com as emoções que vivemos, motivarmos-nos a outros movimentos ou comportamentos, com medo de novas emoções - ou perdas. A entrega que se pressupõe na emoção e no amor, tem de ser total, ainda que momentânea, a cada instante que se revive as emoções do amor, pois assim, conseguimos uma proximidade do outro, desse sentimento intenso, sem perder espaços próprios e sem comprometer a identidade de cada um. Isto não é apenas para o amor ou para a emoção dos casais, também é verdade para o amor filial. Os nossos filhos são tão mais saudáveis quanto mais se sentirem amados, e mais sintam que nesse amor e entrega, existe um espaço próprio que lhes pertence, onde eles existem e se podem arriscar às suas próprias emoções.

                                                                                                                            

Não existe uma teoria única para as emoções, assim como não existe uma forma universal, algumas propostas que podem ser base das nossas reflexões futuras...são, por exemplo, alguns contrastes: 

  • Cognitiva versus não cognitiva
  • Emoções intuitiva versus emoções cognitivas
  • Básicas versus complexas
  • Categorias baseadas na duração (algumas emoções ocorrem em segundos - ex: surpresa; e outras levam anos - ex: amor).
Há mais uma reflexão importante a ter, que nos deixa a mensagem de que as emoções basicamente nos permitem desempenhar uma função muito particular, pois ou nos fazem "fugir" de uma determinada pessoa/situação, ou nos "aproxima" dela, na procura de segurança, que é o tipo de amor mais procurado em qualquer relação...diz-me a minha experiência das conversas de sofá e de cama ;0). 


É um comportamento presente em todos os mamíferos e que justifica muitos dos nossos comportamentos, quer de fuga à emoção, quer de procura da mesma, mas neste processo também existe uma memória emotiva, que tanto funciona pela positiva, fazendo com que eu confie e me consiga entregar emocionalmente a alguém que na minha memória emocional me acolheu positivamente, como, por outro lado, me pode ir fazendo acumular experiências negativas, que num determinado prazo nos podem levar a ter medo de aproximação desta mesma pessoa que podemos ter amado antes, pois as memórias emocionais dizem-me agora que aquela pessoa de quem gosto também me pode magoar. Assim, afasto-me, não me entrego e podemos começar a ver processos em que embora as pessoas possam dizer que gostam ou que amam o outro, como na memória emotiva foram registadas experiências de mal-estar, desprazer, dor, sofrimento, vemos uma distância impor-se. E a entrega complica-se, pois para protecção própria, a emoção impede a entrega. 


Aqui às vezes vemos seres humanos transformados em ameijoas...fecham-se sobre uma concha impenetrável, que muitas vezes para forçar a sua abertura, ou as partimos, ou as matamos, claro que neste caso estou a falar em exagero, mas as sensações não estão assim tão distantes. Em tempos, tive uma pessoa que me disse relativamente ao amor e à entrega que foi dando ao seu companheiro ao longo da vida, "Rosa, neste momento, eu já não consigo dar mais nada, é como se ele tivesse morrido dentro de mim, ou tivesse morto aquela que o amava..."


Facto é que o amor é tecido de emoções, as emoções recheiam-se de amor e entrega, uns entrelaçam-se nos outros numa dança profunda, que nos marca a nível inconsciente, e nos domina racionalmente. Muitas das nossas decisões, ainda que muito ponderadas, muitas vezes, no último momento, são seguidas as vontades da emoção, pois estas dominam.


O Amor é entrega total sem reservas, e a cada situação menos boa, se conseguirmos ir às emoções, profundas, e deixarmos cair por terras as palavras com que embrulhamos estes sentimentos, dizemos aquilo que sentimos de forma a que o outro nos oiça, e se arrisque a vir a meio caminho, ou o caminho todo, dando-nos o que queremos e arriscando-se a pedir-nos o que precisam. Mas, eu sei, estão a abanar as cabeças e a dizer que isto que vos peço é difícil, estão a pensar: e se ele(a) não vem, não diz, porque tenho eu de ir? Pensem um pouco...

Porque se ambos assim o fizerem sempre, não há entrega, não há amor...não há emoção.

Viver? Sim. Intensamente, com medo, com coragem, com amor, com entrega em tudo o que somos e fazemos...assim, temos a felicidade de viver momentos, ainda que fugazes, em que nos sentimos donos deste mundo. Fiquem felizes...




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