terça-feira, 12 de março de 2013

Faltas de reconhecimento...o mas...e os Velhos do Restelo

Num País fadista, saudosista, Sebastianista e em que o incorrecto é mais valorizado,ou pelo menos mais sublinhado, do que o que foi bem feito, temos uma combinação explosiva para as pessoas que esperam, precisam, e não têm mais do que o reconhecimento, que mais não seja verbal, pelo seu investimento e trabalho...

Quantas pessoas nas minhas conversas de sofá, com lágrimas nos olhos, e desilusões no coração, me falam das horas dadas à casa, da dedicação ao trabalho, da quantidade de trabalho que executam, da falta de recursos, do peso que suportam, das injustiças que ouvem...e da culpa que carregam, por estarem presos.

Porque hoje em dia as entidades patronais (nalguns casos, claro), pela ameaça de falta de empregos, ou de um possível despedimento, conseguem inverter mesas e imputar as culpas ao empregado,  culpas não se sabe bem do quê...mas  que criam um medo que passa a existir, e que se generaliza. Medo de se poder perder o emprego, e o que isso pode significar no e para o equilíbrio financeiro da família.

O processo psicológico que se cria é "brutal", desesperante, fazendo com que a pessoa se sinta sufocada, presa a um local do qual tira cada vez menos prazer pelo que faz, sente-se em permanente ameaça, deprimindo-se...

Se juntarmos ao facto de que muitas vezes os ordenados já não são muito bons, e podem estar em risco, o facto das entidades patronais não aprenderem a desempenhar um papel de reforço psicológico, com um reconhecimento verbal por aquilo que é feito, e um sistema de reconhecimento através de pequenos gestos/trocas, que podem muito bem substituir o que é impossível de dar neste momento (dinheiro), então temos uma combinação excelente para criar, num futuro breve:
  • uma baixa produtividade;
  • uma tristeza profunda por parte do trabalhador, relativamente a ter de ir todos os dias, pelo menos 8 horas, fazer algo que já não lhe dá prazer, nem reconhecimento;
  • uma maior sensibilidade às injustiças, pouco razoáveis, e típicas, destes ambientes de trabalho;
  • uma falta de energia para dar mais, para ser criativo, ou desenvolver novas respostas.
Está do lado do empregador acordar e perceber que tem de mudar as estratégias, gerir e provocar conflitos, causar mudança, inovar e reconhecer esforços de equipa, reconhecendo indivíduos, e as suas caminhadas, pois cada vez mais vejo empregados deprimidos...numa sociedade deprimida...

Está no lado do empregado, dar a volta e perceber, que é o que se vive no momento, e que tem sempre dois caminhos possíveis, ir para a guilhotina, sentindo que é isso, ou aprender a ter o reconhecimento que precisa por outras fontes, e voltar a retirar prazer do que faz, pelos impactos colaterais que sabe que tem, no colega, no cliente, nas empresas com quem lida, etc.


É erguer a cabeça em optimismo, por se saber que não se afogou, ainda que ainda esteja na água, e não saiba muito bem o que vai fazer a seguir...é acreditar, que nas suas e com as suas, atitudes, pode mudar o que sente, mesmo que não mude o que o rodeia...

É ter ideias do que pode fazer para criar o seu próprio sistema de bem-estar, a sua felicidade, dentro do que faz, e das limitações impostas por estes Velhos do Restelo, negativistas, que se agarram à perna e o puxam para baixo, logo agora que você veio ao de cima.


É decidir...
Que caminho escolhem?

Pensem nisto...

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