quarta-feira, 27 de março de 2013

Sinto...as limitações do meu ser...

Sinto...
sinto em mim as dores do mundo,
os arrependimentos das almas...
vivo em mim,
os tempos dos outros,
no desejo de ajudar.

Sinto-me,
pouco...
insuficiente,
por não lá chegar...
por não caberem no meu colo,
todos os que sofrem.
Quero tanto,
fazer passar, 
ter o condão,
de fazer desaparecer, a mágoa...
ou, renascer esperanças.
Pego-lhes com jeito,
como se se partissem,
dou-lhes amor,
deste lado do véu...
levo-os comigo, no coração...
carrego em mim a sua solidão.

Sinto...
que quero dar mais,
e, mais...
em desejos infinitos...
quero ir além, 
quero estar lá...
quero ajudar,
para além dos limites.

Sinto...
que quero dizer que tudo passa...
na dor...
Mas que injustiça,
...que frase maldita,
tão verdade,
mas, tão cruel...
põe-nos na espera de um tempo...
que supostamente vem aliviar,
aquilo que é agora insuportável.

Sinto-vos...
e prometo,
...faço compromisso,
em mim têm ajuda,
numa entrega presente...
num dar constante,
na esperança,
de vos fazer acreditar...
a cada sol que nasce,
que nasce também um novo dia...
e uma fé renovada em vós!

terça-feira, 26 de março de 2013

Paixão

Paixão...

Nos meus braços, na minha alma, habitas o meu ser, respiro-te, desejo-te, não consigo funcionar, anseio o momento de estar, vibro por dentro se penso em ti, não como...voo, não ando...estou apaixonada.

Estou jovem, louca, irresponsável, o meu sentir oscila entre amar perdidamente, e terrivelmente doer na ausência...com o meu coração pendurado em penas...que se agitam ao vento, e me fazem sentir o carrossel da Vida, em segundos.

Esta poderia ser uma definição de paixão, cada pessoa, a definiria em seus termos e palavras, mas basicamente é um estado de alma em que nós não somos nós propriamente, em que se gosta tanto de um alguém, que perdemos a noção de espaço, tempo, e das nossas necessidades mais básicas, perdemos as barreiras, ou as definições de onde somos nós e começa o outro.

Tudo voa, gira em torno do nosso sentir e do outro. É um estado de loucura, de vício, de entrega total e absoluta, em que se apaga, pelo menos por momentos a Vida real...podendo o adulto mais "crescido", mais responsável, ser mesmo irresponsável, inconsciente...imaturo.

Como tal é importante falar deste sentir, deste viver intenso, aqui, uma vez que nas minhas inúmeras conversas de sofá, muitos casais vêm falar do fim de tal sentimento, pondo em causa continuidades, questionando validades, futuro...como eu digo, na brincadeira, deitando o bebé fora com a água do banho (ditado Americano).

Falar da sua importância para um relacionamento duradouro, para os compromissos do para sempre, é extremamente importante, pois pode por em causa a sua continuidade. Falar sobre  a sua importância num relacionamento passageiro, também é importante, pois pode ditar sentimentos futuros, em relações mais permanentes, ou duradouras.

Por isso, falemos...

Estamos a falar de sentimentos tão fortes, que deixam  marcas e desejos tão intensos, que aceleram a Vida, o sentir... que fazem com que nada, mas mesmo nada, a seguir a sentir algo assim, saiba ao mesmo, tudo de certa forma perde um certo brilho, um sabor...pode tornar-se mais monótono, menos desafiante...usemos a metáfora de comparar a paixão, ao mar de inverno, revolto, com ondas inconstantes, altas, poderosas, brutas, repentinas, incontroláveis...e de repente, o amor, ou o carinho, o que fica, depois da tormenta, seria o mar calmo, tranquilo, sem ondas, sem agitação, mas profundo...

Como saber viver depois, nesta transição, nesta ausência de uma excitação suprema...como aguentar e apreciar a calma? Como renovar o sentir e aprender a viver estes ciclos na relação? Como fazer renascer a paixão, com o mesmo companheiro, uma vez, outra vez, e outra, para que faça sentido estar, ficar, amar e continuar a dar...não desistir.

Como viver o dia-a-dia, a rotina, a exaustão, tendo perdido o paladar, a intensidade, a adrenalina, que nos fazia mover montanhas, andar desertos, por cinco minutos de beijos, que não acabavam, sexo louco e selvagem.

Com muito trabalho, e com a estrutura ou as fundações no que remanesce, quando a paixão desvanece, o amor mais companheiro, um amor de mais partilha, união, caminho seguro, calmo...e dessas fundações, criar investimentos, não hesitar em perceber que o amor varia, tem tonalidades e intensidades, e que essa variância acarreta não a sua destruição, mas sim, a sua manutenção.

Se um beijo é dado de raspão, na urgência de tempos que não se têm, na fuga do outro...no não encontro comigo mesma, então um beijo não é beijo, é um ritual, uma palavra em forma de gesto, um olá banal. 

Um beijo, para ser beijo, para não deixar a chama apagar, tem de ter entrega, sabor, sensualidade, vontade de não perder, arriscar, desafio, cheiro e sabor...e tudo isto pode ser feito, dado, em segundos...os mesmos de um beijo casto, símbolo de uma palavra...isso nutre união, companheirismo, respeito, mas não alimenta o animal da paixão, a componente bravia do sentir, aquela, que mantém viva as áreas do corpo, do sexo, do fazer amor...que une também, e que renova ciclos.

Se se vive uma paixão, e se segue caminho, sem a relação evoluir, as nossas memórias físicas, sensuais, mentais, ficam invadidas de níveis de ardor, sentir, fogo...que não correspondem ao amor prolongado, após o auge do conhecimento, do enamoramento...por isso, atenção, após um relacionamento intenso, mas de curta duração, entendam, que se tiverem um também ele de começo intenso, mas com quebras, altos e baixos, não é a mesma coisa, não é sinal de que não é o tal, não é sinal do fim, é apenas uma diferente evolução do sentir, uma aprendizagem que tem de ser feita...para fazer durar, para perceber o que é preciso usar, para manter vivo o sentimento.

E cada um, tem diferentes formas de se acordar...uns redescobrem pelo beijo, pelo sexo, pelo  mimo, pela sensualidade do olhar, por mensagens eróticas e provocadoras durante o dia. Por toques descarados, ou destemidos. Por toques disfarçados, por surpresas sensuais, por massagens...

O que quero passar, destas conversas de sofá, é que a paixão reacende-se, e que é mais fácil, se as brasas ainda estiverem quentes, mas não é condição necessária. A paixão reencontra-se, é querer...é sentir que não pode um dia deixar de fazer falta, não pode um dia desaparecer, pois com isso não morre só uma parte do relacionamento, morre também uma parte de nós, que deve vibrar, respirar, pois contagia as outras áreas todas da nossa vida.

Libertem-se, a paixão é parte, é todo, é início e é reinício...a paixão é viver, a dois, a um e uma Vida!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Caças e desnudas...


Nas tuas palavras,
puxas, atiras e esperas...
predador à espreita,
encantas e cantas...poesia...
distrais defesas,
enamoras ideias,
defendes valores,
agarras-me pelo coração...

fazes deste enredo,
arte...
seduzes-me,
pela tua paixão...
 
Palavras tuas ditas,
e, levadas pelo vento...
beijam-me as faces,
e contam-me...
sobre fantasias...
e mundos de ilusão.
Que tu partilhas e provocas,
com destinos e caminhos...
sem censura,
em que actuas...livre de pudores.
E nesta loucura,
deixas-me curiosa,
espreito...e aguardo,
faço-me de presa,
mas também caço!

Mar revolto...

No escuro, 
na noite, impões a tua força majestosa...
varres com as tuas ondas,
o que está no teu caminho.

Esmurras...
lutas, contra correntes humanas...
destruindo o que te impede,
e, o vento acompanha-te...
liberta-te, aumenta a tua força.
As luzes reflectem-se em ti...
e no horizonte, testemunha-se a tua bestialidade,
as tuas tormentas...

À distância veneramos-te...
Levas-nos nos sonhos, e em pesadelos...
deixamo-nos navegar por ai...
abrindo as asas,
no desejo de voar sobre ti...
e sentir uma parcela,
do que és...

Na tua presença,
...de perto,
o repeito impede-nos,
o medo afronta-nos...
Oh! Força da natureza,
alma livre,
que carregas em ti aquilo que é belo...
e as lágrimas de quem chora,
os que lhes tiraste.

Esperança...uma forma de amar o outro, a Vida e o futuro

Esperança....sentimento difícil de manter perante as adversidades, perante os desafios da Vida que nos fazem sentir injustiçados, defraudados...

Sentimento de energia inexistente, quando somos levados à exaustão do sentir, quando nos parece, que, independentemente, do lado para que me vire...portas se fecham, umas lentamente, outras com estrondo. Quando olhamos à volta e nos parece ver pessoas a caminharem vazias, indiferentes, descrentes, e que no seu sentir e na sua forma de viver, se nos permitirmos, se tornam contagiantes.

Sentimento posto à prova quando a nossa visão se choca com imagens de miséria, de pobreza, de solidão, de maldade, de crueldade, em fim, tudo, sentimentos passíveis de serem tido pelos nossos semelhantes.

Sentimento provocado por impotências das nossas próprias limitações, das nossas finitudes...do nosso desejo de ir mais longe, de dar mais, e sentirmos que não chegamos...e na nossa mente ficam gravados os olhares, os pedidos mudos, de quem está, e para nós olha...e é nestes desafios, que surgem forças para alimentar este sentimento, que nos propele a alimentar esta vontade, este desejo que é mais do que um sentimento, é um alimento a nós, ao nosso ser, à nossa alma...se assim o quiserem ver.

É querer que o céu seja nosso, perder o desejo de complicar, e investir, em acreditar, em achar que tudo se pode, e que nada se torna impossível se sós, acompanhados, ou sós,  juntarmos essa energia, esse sentir, para ao fazer diferente, alimentar aquilo que desaparece...se não acredito.

A esperança existe, mas facilmente se enterra numa areia movediça, onde nos enterramos nós próprios, por nos deixarmos ir, no ritmo da Vida, no egoísmo próprio da nossa sociedade, nas pressas de viver o tempo, que não chega...mas do qual parece fugirmos, num movimento inverso ao que proclamamos.

Fazer algo, é sacrificar, é gerir, os tempos de forma menos mecânica, é querer acreditar que temos o poder de dirigir o rumo do nosso destino, ainda que partes do caminho já estejam traçadas. É acreditar que a Vida pode ser bonita, que as pessoas não são todas egoístas e potencialmente más, e deixar as âncoras que nos prendem, na tristeza, na mágoa, no arrependimento, na falta de fé...é cortar essas amarras e dar rumo ao barco, seguir caminho, ao longo do rio, tirando vantagens dos ventos, da água, das marés, das nossas forças. 

E isto não é poesia, não é optimismo em excesso, é factual, é algo que se pusermos à prova, conseguimos resultados, primeiro alguns, depois mais, e com o tempo, temos um grupo que nos rodeia, semelhante a nós, aos nossos princípios e crenças, vontades e desejos, e assim a mudança é maior, a conquista é mais fácil, e ganha um momentum próprio, vivo em si, que se renova e nos renova, nos dá coragem de continuar e acreditar que mesmo os maiores inimigos, presa e predador, podem ter um papel importante na conquista de algo mais universal, mais intenso, mais verdadeiro...não tenhamos medo...vamos investir, e acreditar que a nossa capacidade de amar, cria esperança; a nossa forma de agir, cria esperança; a nossa forma de nos darmos e de nos entregarmos, ganha esperança.

E daquilo que parecia impossível, surgem soluções, pequenas, minúsculas até, mas são começos. E se nem sempre obtivermos resultados positivos, tentamos e saímos da luta, com a vitória pessoal de não ter desistido, de ter tentado ir mais longe. E de repente algo pequeno, cresce, invade e ilumina, alimenta e faz crescer flores no deserto.

É a vontade de continuar a creditar em algo, a acreditar em nós, nos nossos amores, num futuro para os nossos filhos e para nós, que nos mantém vivos e com capacidade de alimentar sonhos, criar novos projectos, de nos entregarmos aos outros, de vivermos a vida com momentos de felicidade, e de não desistirmos.

Acreditar que a cada dia que nasce, a cada sol que vemos, temos novas oportunidades de renovar acções, de dar, de receber, de ter esperança e acreditar em nós!

A esperança cultiva-se, e faz com que tenhamos uma alegria interior e uma grande vontade de viver, ou não a cuidando, não a alimentando...ela vai, desaparece, e deixa-nos vazios, tristes, descrentes e sem forças, até para a caminhada natural...

Não desistam, acreditem, invistam, que ela mesmo parecendo desaparecida, bem tratada, volta.

Que tenham um bom dia, carregado de esperança e muita vontade de viver feliz!

sábado, 23 de março de 2013

Caminhos entrelaçados

Embrulhados na mente,
num cobertor de palavras...
ao vento dos sentimentos, 
brincamos, como crianças...
aos crescidos que não somos,
cedendo às loucuras em nós...
colocando fantasias, 
a rolar na realidade...

Tocando, correndo e de fugida...
roubando abraços, que não damos...
Provocamos, pelo gozo...
e pelo desafio.
Damos, entregamos...
esperamos, e recebemos.
Mas, saímos e seguimos...
caminhos distintos,
que se cruzam,
e entrelaçam.

Embrulhados em nós,
na poesia da amizade,
com palavras de beijos,
e abraços em verso,
fantasiamos, nunca estarmos sós...
vivendo em nós,
todo o tempo que me dás...
todo o tempo, infinito.

AMOR

Amo...
gosto...
sinto-te como uma parte,
...integrante de mim,
mesmo quando longe estás.

Quando penso, sonho...
idealizo...e invento caminhos,
já não estou só...
são viagens partilhadas.

Quando rio,
sinto teu dedo na face,
passeando e desenhando...
e adivinho aquele olhar que me dás...
de um carinho que é,
de quem está...e fica.

Gosto, gosto de ti...
sei bem porquê...
mas ainda tento adivinhar...

Nas memórias da minha pele,
dos meus sentidos...
és parte de quem sou,
já não cheiro a mim...
já guardei o teu sabor,
vejo tua face, cega na noite...

Já só sou,
em ti...
em mim, e nós.
Já só amo,
porque segura de ti,
vivo na asa de um pássaro, 
no ramo da árvore, 
no penhasco sobre o mar...
na gota da chuva que te mando beijar.

Já só sou, porque amo,
e porque me fazes viva...
mulher, e intensamente livre nesse amor....
Amo...

sexta-feira, 22 de março de 2013

Obrigada e agradecida...

Sinto-me viva, 
banhada pelo sol...
enroscada nos ventos que me levam...
que me mostram o horizonte em dias perdidos.

Sinto que os desafios que vivo,
são degraus,
são pequenos e ultrapassáveis...
são...
namoros com as pedras do caminho,
em, que não tropeço, não choro...
agradeço, as oportunidades....

Sinto-me agradecida,
por ser capaz de ver...
o mar,
as estrelas, o teu doce rosto.
Uma montanha verdejante,
...uma papoila,
num campo de trigo Alentejano.

Por cheirar, as rosas,
o teu perfume, a maresia,
...o bebé que mama no meu regaço,
por sentir a tua pele na minha, 
por sentir nas minhas mãos os calos de minha mãe...

Agradeço,
saborear as frutas de Verão,
os teus lábios de amor...
o doce do mel,
por ouvir os teus segredos,
as canções que me emocionam,
no sussurro do vento...
a tua voz, a dizer-me...
baixinho...
amo-te.

Agradeço, acordar...
estar viva,
ter família,
amigos...ser pessoa,
ter oportunidades de viver e amar...
dar azo a loucuras,
que me façam ter forças,
para continuar a sonhar.

quinta-feira, 21 de março de 2013

POESIA...



Poesia é a linguagem do amor, do exagero...
é o instrumento capaz de tocar,
o que nos vai na alma,
é arte...
é juntar as pessoas em sentimentos únicos,
através de palavras lidas...

É pintar sentires, e dores,
em carvão,
e conseguir, na tela ilustrar,
e tornar universal, uma dor única.

É coragem de dizer,
o que não se diz...
de entregar cartas de amor,
fingidas,
escondidas...entrelaçadas em palavras,
sempre duplas,
sempre disfarçadas de um exagero,
que permite a fuga.

É por palavras voar o mundo,
sonhar abraços...
roubar beijos,
enternecer corações...

É soltar lágrimas,
em rios e oceanos...
é amar loucamente,
é perder do cérebro a razão.
Ser poeta,
é ser escondido,
em plena luz..
revelando a alma e entranhas,
ficando nu.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Reflexões na desilusão...

Escuro,
solidão...depressão,
medo desta prisão...
que em mim reside.

Fecho,
fecho tudo...
não deixo entrar ninguém,
barro a entrada de quem está...
e de quem vem.
Vivo só, isolo-me e protejo-me,
até da mão que se estende em bem.

Não resisto, não aguento...
desisto...
Sinto-me escuro, 
no clarão do dia.
Não sinto tempo,
não sinto alento...
Não aguento!

Acreditei, confiei...
e a Vida falhou-me,
empurrou-me...
mandou-me ao chão.
Não tive a palavra certa,
ou o condão de ver...
não soube receber e,
agora não confio... 
não recebo, e não dou...
mas, também não peço.
Resisto ou desisto?

Mas isto não é meu,
isto não sou eu...
quem eu sou, não é...mas,
agora não consigo,
talvez quando a dor passar...
talvez...possa acreditar...
talvez consiga dar espaço,
deixar entrar...
talvez, não desista...
amanhã, resisto.
Amanhã, talvez tente...

Culpas...

Acho que é dos temas mais abordados em conversas, neste cantinho meu...e eu gostava tanto de poder trabalhar este sentimento com todas as pessoas do mundo...

Muitas vezes em trabalho com os meus clientes, lido com a infelicidade gerada por se sentirem culpados de mil coisas, por mil anos vividos...ou tristes e zangados, porque um alguém tem culpas na sua maneira de estar naquele momento.

E eu quero fazer-vos a proposta de fazerem o seguinte exercício:

  1. Quando se sentem culpados o que sentem? Descrevam em duas ou três palavras.
  2. Quando se sentem culpados o que fazem? Descrevam o que fazem em relação à culpa (por exemplo: choro, grito com toda a gente, vou dormir, bebo...).
  3. Quando se sentem culpados, como é que sentem que a vossa vida é afectada? Descrevam mentalmente, o impacto de viverem essa culpa, no vosso registo do dia-a-dia...

E agora vejam comigo, provavelmente a maioria de vós, responderam que se sentem bastante mal quando vivem a culpa de algo, que provavelmente ficam sem sono, preocupados, tristes, irritados, sem paciência, e sentem que a vossa vida toda fica de uma maneira ou de outra, afectada por esses sentimentos, que beiram a impotência, de se livrarem do mal-estar que sentem.

Provavelmente só uma minoria respondeu à segunda pergunta com acções, de alívio da culpa, por exemplo por reparação, por pedir desculpas, por ir tentar resolver o problema, por perdoar, por deixar cair, e entender que muitas vezes essa culpa não é minha, ou não pode ser tão pesada assim.

Por isso pergunto, qual a vantagem de sentir culpa, se não estiverem na minoria que faz algo com ela...?

O que ganhamos nós com isso, se ficamos com ela nos braços sem saber que lhe fazer?
O que ganham os que nos rodeiam, ou como podem eles ajudar, se nós não fazemos nada com "ela"...

Não estou a dizer que sentir culpa não é importante e deve ser banal, estou a dizer que é importante porque nos ajuda a lidar com a nossa noção de valores e expectativas, e faz-nos ponderar as nossas acções e compromissos, e como nos comportámos em relação a nós e aos outros. Mas só é válida, se tomarmos a sua acção positiva, de mudança, de aproximação ao outro e melhoria de quem somos, pois, se a usarmos, para nos encostarmos a um canto, em total tristeza e desespero...a sua função é nula, ou é apenas a de apertar a nódoa negra para sentir a dor...por isso eu pergunto, querem ser masoquistas, ou vão tentar aliviar o fardo?  



Sejam felizes, não se culpem, analisem, melhorem, mudem, dêem...perdoem...sigam em frente, sem amarras.

terça-feira, 19 de março de 2013

Fantasia em carvão...

Pensaste...
sonhaste, com o meu corpo...
com carvão passeaste numa folha,
branca, virgem...
parecia uma carícia,
desenhaste-me...
saindo deste mar,
desta Vida,
...olhando o céu,
de mãos caídas...
oferecendo-me a ti,
a teu corpo,
à tua alma.

Não erraste...
teus sonhos, tuas preces...
realizaram-se.
Agora sou eu,
que te entrego...
minha alma,
meu corpo...
como um desenho teu.

Agora, com pinceladas de real,
peço-te, sonha comigo...
saí deste sonho,
deste mar...
só para ti...

7.03.1991

Sereia

Num rasgo de luz,
sais desse mar...
banhas meus olhos,
com a tua imagem.
Que pensas,
ou que me queres dizer tu,
bela sereia?

Digo-te,
saindo daqui,
deixando meus pudores...
e, medos para trás...
que aprendi.

Aprendi a arte de amar,
quero que tomes minha carne,
em teus dedos...como um cálice.
Que me beijes, com teus lábios...
quentes e macios, como pão.
E que saibas.
que aquilo que seguras entre mãos,
sou eu...
e sou tua.
Guarda-me e não me deixes...
sou segredos, fantasias, e...
mistério de mulher.
Encanta-me,
descobre-me...
estou nua para ti.

7.03.1991

A meio de mim...

Eu sinto-me assim,
aqui, e meio ali...
Sinto-me dormente,
fria,
distante...
e, longe de ti...

Perdida no sentir que encontrei,
e, tudo isto, magoa...
Diz-se...supostamente...
que o tempo voa,
mas em mim arrasta-se...
pesado, 
cai-me nas mãos
e, não consigo lutar...

Sinto-me assim,
rasgada na distância,
...imposta,
na noite que não te alcança...
nos braços com que não te chego,
na ausência dos teus lábios sobre os meus...
estou fria,
não sinto teu respirar sobre mim.
Estou assim...
em espera,
quando chegas?
Quando voltas?
Ou nuca estiveste,
e foste sempre uma partida?

Sinto-me assim...
a meio de mim.

Fazer mudança...

Tenho famílias, casais, pessoas a chegarem até mim, deprimidas, cheias de receios, presas nas suas próprias vidas, pelo castelo de cartas que construíram em seu redor, tudo isto por factores externos às usas questões reais de família, ou de relacionamento interpessoal, entre os membros do sistema...chegam assim, porque para além da Vida, dos seus truques e cambalhotas, esta "nova crise", financeira, de sociedade, de valores, de escassez...está a ter um impacto enorme na maneira de estar das pessoas e nas dinâmicas geradas no sistema familiar. 

Falemos um pouco sobre isto, não da forma política, porque não é temática na qual sequer me queira envolver, mas no sentido emocional de mudança, de estratégias para seguir em frente, em paz e com mais harmonia.

Em primeiro lugar, há que preservar um espaço para a família, principalmente se existirem crianças, seguro, e que não seja invadido por constantes comentários sobre o que se passa no exterior da vossa vida, por muito que isso vos esteja a afectar.

A estratégia tem de ser descobrir até que ponto afecta, que medidas é que tem de ser colocadas em funcionamento para suportar os cortes, as faltas, estabelecer metas e listas de tarefas. 

E depois, ter uma conversa com todos, pedir a ajuda e colaboração, para implementar essas estratégias de poupança, mas terem o cuidado de não tornar este assunto uma visita da casa, que aparece a toda a hora, pois cria uma cobrança desnecessária, e um sentimento de impotência que já é difícil de suportar no adulto, muito mais na criança.

O reviver, relembrar ou constantemente cobrar, cria negativismos, e incapacita.

Uma outra estratégia crucial, é a de que têm de continuar com rotinas vossas, que já eram parte dos hábitos, e que vos traziam próximos, por exemplo, se não podem jantar fora, tantas vezes, improvisam em casa, uns pic-nics, uns petiscos, mas organizados em ar de festa. Se não podem passear tanto, por causa da gasolina, arranjem caminhadas, descobertas mais perto de casa. Se alugavam filmes, e agora não podem, usem a box para gravar uns quantos ao longo da semana, e depois vejam, numa tarde...

A ideia que estou a tentar passar, e que não tem de ser mais exemplificada, é a de que, as vossas rotinas de família, que vos ligam, unem, e conseguem dar momentos de felicidade não podem desaparecer ou ser anuladas, pois retira-vos a perspectiva do porquê dos esforços. 

E reduz drasticamente os momentos de alegria, ou felicidade, que animam, que incentivam,  para o resto da caminhada, e não vos ajudam de um todo, se vos fazem sentir pior, e mal convosco e com a vossa vida.

A solução passa por acreditar que existe uma crise, não fingir que esta situação não é real, e continuar a viver a vida como sempre, pois os custos emocionais de tal atitude são muito pesados, e acarretam consequências a seu tempo, muito mais graves. 

Mas, se se assumirem, como uma equipa a resolução, e conseguirem criar métodos, de corte, de ajuste, de adaptação, então é dar um tempo, e apenas de vez em quando, em períodos estabelecidos por vós, verificarem se está a correr bem, se precisa de ajustes, se há folgas...

Ou seja, a solução passa por sermos agentes de mudança e de adaptação, por muito que isso custe, evitando que o custo que isso carrega, se espalhe como uma gripe, pelos membros da família e por si mesmo, enquanto indivíduo, pois é sempre mais difícil seguir em frente se me sinto doente e sem forças.

É realmente desenhar projectos que permitam um equilíbrio e aí apostar em manter a boa disposição, a fé de que se consegue sair, de que se é capaz, de que muitas das coisas com que vivíamos até podem não fazer falta, é fazer uma mudança de paradigma mental e acreditar que precisamos de voltar a ser uma sociedade mais virada para o ser do que para o ter.

É pensar que a história da humanidade, está repleta de crises, umas mais sérias outras menos, que às vezes nos levam a caminhos com melhores valores, mais qualidade de vida, é focar neste momento de conflito, de adapatação, como um ponto de crescimento e desenvolvimento, aproveitando a crise para inovar, desenvolver novas estratégias, aprender velhos hábitos, recuperar velhas tradições, que existiam com esse propósito - o de poupar.

É batalhar, sempre, em esperança que a mudança está em todos nós, a solução está em todos nós...vamos fazer favores em cadeia, vamos trocar serviços e géneros, vamos recorrer à comunidade alargada, à família alargada, vamos preocupar-nos mais com a qualidade da nossa vida, do que com o que temos...deixem vir a mudança, e se focarem o vosso esforço em encontrar soluções, algumas aparecem, algumas provocamos nós.

 

Só quero é que entendam, que a mensagem que quero passar, é a de que deprimidos, ou não, tristes, ou não, este momento está a passar-se, por isso, se conseguirmos, passá-lo e ultrapassá-lo em bem, em paz e com esperanças renovadas, saímos vitoriosos da crise, sem mais prejuízos dos que aqueles que ela já deixa...

Claro que este meu discurso, optimista, e a tentar convencer-vos que o nosso cérebro, a nossa disponibilidade psicológica, tem influência na forma como nos sentimos, em momentos como estes, não quer de forma nenhuma desrespeitar, ou ofender, pessoas que se encontram em sérias dificuldades, e que não têm como tornar mais doce a sua realidade. A esses devemos todos nós, que ainda temos mais do que julgamos precisar, estender a mão e ajudar, pois podemos fazer a diferença. 


segunda-feira, 18 de março de 2013

LIBERDADE

Liberdade é sentir,
que se é capaz de deixar ir...
é viver sem paredes, nem barreiras...
é fugir...de mim, de ti,
para além...e para aqui.

Longe, perto...
não importa,
é ser capaz de levantar o olhar, 
arriscar e namorar...
dar sem consequências, 
rir, e fugir...
voltar e encontrar.

É agir sem tempo,
sem razão,
e poder viver na loucura,
de ser livre...
escondida em jogos,
sem receios,
sem regras...
com prémios de nada,
que não me impedem...
de partir.

É nadar em águas nuas,
ao luar das noites de Verão,
e sentir nos teus braços,
liberdade...apoio...
e asas que me dás,
para voar para longe de ti.

E nessa liberdade,
deixas-me... 
viver o meu tempo,
o meu eu...
e os meus dias, 
como se fossem mesmo meus,
...e as minhas aventuras, que são tuas...

E fazes-me, nessa liberdade,
querer voar para junto de ti...
aterrando nos teus braços abertos,
que acolhem...
e não apertam,
recebem-me o corpo,
enredado em nada...
livre de ser e partir.