terça-feira, 26 de março de 2013

Paixão

Paixão...

Nos meus braços, na minha alma, habitas o meu ser, respiro-te, desejo-te, não consigo funcionar, anseio o momento de estar, vibro por dentro se penso em ti, não como...voo, não ando...estou apaixonada.

Estou jovem, louca, irresponsável, o meu sentir oscila entre amar perdidamente, e terrivelmente doer na ausência...com o meu coração pendurado em penas...que se agitam ao vento, e me fazem sentir o carrossel da Vida, em segundos.

Esta poderia ser uma definição de paixão, cada pessoa, a definiria em seus termos e palavras, mas basicamente é um estado de alma em que nós não somos nós propriamente, em que se gosta tanto de um alguém, que perdemos a noção de espaço, tempo, e das nossas necessidades mais básicas, perdemos as barreiras, ou as definições de onde somos nós e começa o outro.

Tudo voa, gira em torno do nosso sentir e do outro. É um estado de loucura, de vício, de entrega total e absoluta, em que se apaga, pelo menos por momentos a Vida real...podendo o adulto mais "crescido", mais responsável, ser mesmo irresponsável, inconsciente...imaturo.

Como tal é importante falar deste sentir, deste viver intenso, aqui, uma vez que nas minhas inúmeras conversas de sofá, muitos casais vêm falar do fim de tal sentimento, pondo em causa continuidades, questionando validades, futuro...como eu digo, na brincadeira, deitando o bebé fora com a água do banho (ditado Americano).

Falar da sua importância para um relacionamento duradouro, para os compromissos do para sempre, é extremamente importante, pois pode por em causa a sua continuidade. Falar sobre  a sua importância num relacionamento passageiro, também é importante, pois pode ditar sentimentos futuros, em relações mais permanentes, ou duradouras.

Por isso, falemos...

Estamos a falar de sentimentos tão fortes, que deixam  marcas e desejos tão intensos, que aceleram a Vida, o sentir... que fazem com que nada, mas mesmo nada, a seguir a sentir algo assim, saiba ao mesmo, tudo de certa forma perde um certo brilho, um sabor...pode tornar-se mais monótono, menos desafiante...usemos a metáfora de comparar a paixão, ao mar de inverno, revolto, com ondas inconstantes, altas, poderosas, brutas, repentinas, incontroláveis...e de repente, o amor, ou o carinho, o que fica, depois da tormenta, seria o mar calmo, tranquilo, sem ondas, sem agitação, mas profundo...

Como saber viver depois, nesta transição, nesta ausência de uma excitação suprema...como aguentar e apreciar a calma? Como renovar o sentir e aprender a viver estes ciclos na relação? Como fazer renascer a paixão, com o mesmo companheiro, uma vez, outra vez, e outra, para que faça sentido estar, ficar, amar e continuar a dar...não desistir.

Como viver o dia-a-dia, a rotina, a exaustão, tendo perdido o paladar, a intensidade, a adrenalina, que nos fazia mover montanhas, andar desertos, por cinco minutos de beijos, que não acabavam, sexo louco e selvagem.

Com muito trabalho, e com a estrutura ou as fundações no que remanesce, quando a paixão desvanece, o amor mais companheiro, um amor de mais partilha, união, caminho seguro, calmo...e dessas fundações, criar investimentos, não hesitar em perceber que o amor varia, tem tonalidades e intensidades, e que essa variância acarreta não a sua destruição, mas sim, a sua manutenção.

Se um beijo é dado de raspão, na urgência de tempos que não se têm, na fuga do outro...no não encontro comigo mesma, então um beijo não é beijo, é um ritual, uma palavra em forma de gesto, um olá banal. 

Um beijo, para ser beijo, para não deixar a chama apagar, tem de ter entrega, sabor, sensualidade, vontade de não perder, arriscar, desafio, cheiro e sabor...e tudo isto pode ser feito, dado, em segundos...os mesmos de um beijo casto, símbolo de uma palavra...isso nutre união, companheirismo, respeito, mas não alimenta o animal da paixão, a componente bravia do sentir, aquela, que mantém viva as áreas do corpo, do sexo, do fazer amor...que une também, e que renova ciclos.

Se se vive uma paixão, e se segue caminho, sem a relação evoluir, as nossas memórias físicas, sensuais, mentais, ficam invadidas de níveis de ardor, sentir, fogo...que não correspondem ao amor prolongado, após o auge do conhecimento, do enamoramento...por isso, atenção, após um relacionamento intenso, mas de curta duração, entendam, que se tiverem um também ele de começo intenso, mas com quebras, altos e baixos, não é a mesma coisa, não é sinal de que não é o tal, não é sinal do fim, é apenas uma diferente evolução do sentir, uma aprendizagem que tem de ser feita...para fazer durar, para perceber o que é preciso usar, para manter vivo o sentimento.

E cada um, tem diferentes formas de se acordar...uns redescobrem pelo beijo, pelo sexo, pelo  mimo, pela sensualidade do olhar, por mensagens eróticas e provocadoras durante o dia. Por toques descarados, ou destemidos. Por toques disfarçados, por surpresas sensuais, por massagens...

O que quero passar, destas conversas de sofá, é que a paixão reacende-se, e que é mais fácil, se as brasas ainda estiverem quentes, mas não é condição necessária. A paixão reencontra-se, é querer...é sentir que não pode um dia deixar de fazer falta, não pode um dia desaparecer, pois com isso não morre só uma parte do relacionamento, morre também uma parte de nós, que deve vibrar, respirar, pois contagia as outras áreas todas da nossa vida.

Libertem-se, a paixão é parte, é todo, é início e é reinício...a paixão é viver, a dois, a um e uma Vida!

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