quarta-feira, 13 de março de 2013

Deixar ir ou continuar a tentar...

Olá...
Hoje quero reflectir convosco sobre desafios constantes, que a Vida nos vai colocando, quer em relações, quer em vivências, e que nos posicionam em situações de escolha, em que sentimos que...ou temos de desistir, deixar ir...ou temos de continuar a tentar...

Às vezes confronto-me com clientes que me dizem que estão num divórcio que não escolheram, pois por eles a luta para salvar a relação, para a tornar possível devia ter continuado. Eles não sentem que o seu amor se tenha acabado, que as hipóteses todas tenham sido tentadas, no entanto, vivem um momento da sua Vida, em que fazem o luto e vivem a perda, do que não queriam perder.

Mas, numa relação que é verdadeiramente a dois, supostamente, quando um não pode ficar, porque não está bem, ou já não ama...aquele que ama, e que não quer deixar ir, fica numa minoria, que não vence, e vê-se confrontado com uma perda não queria, que não desejou, e que muito menos aceitou.

E agora?

Deixa ir...porque assim tem de ser, por respeito ao outro, porque o outro assim quer, porque supostamente assim é ou deve ser, ou pode tentar, querer, lutar, não desistir?

Quando é que eu, tenho de saber parar de lutar, de não deixar ir, e então sim desistir?

Quando eu própria não tiver forças? Quando eu já não gostar? Quando eu sentir que é demais ou que me humilhei?
Ou, há um momento, em que seja numa relação, ou numa outra situação, eu tenho de entender e por isso com o tempo aceitar, que há coisas que não vão poder ser.


Triste resposta que tenho para vos dar, das minhas aprendizagens de vida, de sofá, de livros, e de cicatrizes próprias...

A resposta é sempre diferente, pois vai depender de muitas variáveis, que nos momentos em que vocês estão, a viver a situação, a tentar decidir...vão estar presentes, em frente aos vossos olhos e em cima da mesa, mesmo que não as queiram ver. 

E, sim há momentos em que temos de aprender a desistir, deixando ir, mas sentindo que é com a nossa paz também, pois percebemos que já não há nada a fazer, e é para o bem comum. É como que, essa pessoa, essa situação, esse bem, o emprego, etc., já tivesse feito cumprir a sua parte na vossa vida, e a vida restante, que se lhe segue, não passa por ter a sua presença.

Mas há outras situações, ou relações, nas quais, mesmo com as variáveis na mesa, ou a dançarem em frente aos vossos olhos, vocês sentem, no coração, no estômago, na alma...que a vossa parte do caminho não acaba ali, não pode...mesmo que o outro, ou a situação pareça dizer-vos o oposto...aí, às vezes temos de seguir, de tentar, de lutar...caminhar o caminho que sentimos necessário à nossa sanidade...

Temos de fazer aquilo que naquele momento nos faz acreditar, que há possíveis a nascer daquilo que aparentava ser improvável.

Eu costumo dizer aos meus clientes, que não há sentimento pior do que acordar um dia sem algo, ou alguém, e sentirmos que tudo o que estava nas nossas mãos e ao nosso alcance, não foi feito...eu digo-lhes que estas sensações são amarras, feitas de cordas de marinheiro, presas a âncoras, no nosso passado. São pesos tão pesados, que nos magoam, nos angustiam, nos arrastam para o mundo do "e se eu tivesse...", para o mundo ainda maior do "e se...", e a vida torna-se num pesadelo, em que morremos aos poucos com arrependimentos, e tristezas, não contornáveis, pois ao passado não conseguimos nem regressar, e pior ainda, não conseguimos emendar.

Não defendo, que sejamos cegos às evidências, e que sejamos só nós a lutar por algo evidentemente perdido, mas na dúvida, e com as certezas em mim...então avançar até ter razões fortes para deixar ir, entender que tinha de ser, e em paz, despedir...dizer adeus, mas acabar a sentir que não desisti, sem antes ter feito tudo o que eu podia, para manter o que queria...sem antes ter dado todas as oportunidades ao outro, de rever posição...

E, para acabar, volto aos divórcios, que às vezes não queremos...sem dúvida, nós sabemos que estamos a deixar ir, a perder, não só a pessoa, mas o futuro desenhado a dois, como planeado, um sonho montado com peças de ambos os lados, com riscos não previstos, ou sequer, calculados...mas às vezes, por muito que isso nos custe, e que realmente tenha que ser um acto heróico  temos de sentir, que na opção do outro, esta resolução faz sentido, e nós só podemos lutar até um determinado ponto, pois ultrapassá-lo, pode colocar-nos a nós, não na tal mágoa profunda de não ter tentado, mas sim, no sentir de que me perdi, como pessoa, entidade, nesta caminhada quase cega, de reconquista ou não perda.

Cuidem de vocês, e façam-se sentir como um termóstato, que vos avisa quando é demais, se vocês quiserem prestar atenção...e ouvirem o vosso corpo, o vosso coração...e a razão, tudo em equilíbrio...vocês recebem as mensagens que vos protegem e que vossa fazem viver a vida em pleno.

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