quinta-feira, 7 de março de 2013

Amar com sacrifício...

Hoje vou reflectir sobre uma aspecto do amor, que me surge às vezes em conversas de sofá, principalmente com as mães, mas não quer dizer que seja exclusivo das mulher, pois muitos pais também o partilham.

Que quero eu dizer com amor com sacrifício...não, não se assustem, eu sei que amar os nossos filhos não é um sacrifício é um acto natural, intenso, e de total dedicação, completamente incondicional, a pontos que nos maravilha e às vezes assusta...eu vou querer é levar-vos numa viagem mental, em que vamos reflectir os nossos papéis de mães e pais, e mostrar o que quero dizer com esta expressão.

Quando os nossos pintainhos nascem, existe um amor imediato, que até já se arrasta detrás, não só da gravidez, como já da época em que brincando com os meus bonecos eu já me fazia mãe...existe um amor quase louco na sua dimensão, que me treina para os proteger, cuidar (emocionalmente), amar, para lhes providenciar tudo o que posso, cuidar das suas necessidades todas, alimentar, beijar, abraçar, levar aos médicos, chorar por eles e com eles, querer a todo o custo evitar as quedas e os arranhões...

Querer mesmo ser um Ser invencível que contra tudo e todos, dragões, papões, amigos e inimigos, vai lutar para proteger a sua cria...

Mas, eles vêm sem livro de instruções, e é no dia-a-dia do seu crescimento, que nós crescemos como mães, aprendemos, o que significa amar alguém tanto, e ao mesmo tempo ter que lidar com o seu crescimento, aumento de independência, liberdade, fases de crescimento, tristezas que não sabemos resolver. Ou seja, crescemos a ser mães enquanto eles crescem a ser filhos, a cada passo e descoberta deles, temos nós que acelerar e descobrir como estar à frente, como lidar, como fazer para sentirmos que estamos a fazer a coisa certa...

E de certeza que a maioria das mães vos diz que sabe quando faz a coisa certa, pois sente no estômago  assim como sente nesse mesmo sítio, sensações, quando algo parece não estar bem...e, nestes jogos de segurança e insegurança, crescemos todos, e aprendemos a amar assim.

Há uma entrega total, um colocar acima de tudo e todos, e há uma área do pensamento dedicada em exclusivo a estas entidades: 24 horas/ 7dias por semana/ 365(6) dias por ano.

Ao longo deste processo essencialmente de cuidar, começa a desenvolver-se um outro em simultâneo  que é o de educar e preparar para a Vida, desenvolvendo noções do certo e errado, de partilha, de verdade e mentira, de valores que consideramos essenciais...e é aqui que eu quero que comecem a viagem reflexiva comigo, pois é aqui que eu acho que surge muitas vezes uma situação de dilemas, que nos pode causar angústias, e obrigar a decisões que trazem ou acarretam sacrifício...

Ser mãe, querendo zelar por este alguém e ao mesmo tempo querer ajudar na sua educação para que venha a ser uma boa pessoa (meu objectivo máximo), significa que muitas vezes a partir de agora, por muito que eu ame esta entidade, a vou fazer sofrer, contrariar, fazer chorar, castigar, não deixar que faça o que quer, entre tantos outros exemplos de coisas "boas" que fazemos pelos nossos filhos...

Mas, que em si, nos fazem sofrer, porque no fundo, no fundo, embora queiramos que eles seja boas pessoas, e por isso os educamos, e porque não somos amigas, mas sim mães, fazemos estas coisas que eles não gostam e não compreendem, nós gostávamos de poder saltar esta parte...pois cada vez que tomamos uma medida que sabemos a 100%, de coração tranquilo que é o melhor para ele, o seu sofrimento, a sua lágrima no canto do olho, ou a sua revolta, fazem o nosso coração ser forte e manter aquilo em que acreditamos pelo bem maior, pelo bem de quem amamos, sacrificando o que sentimos.

Claro que muitas vezes o que nos apetecia era ceder, deixar fazer o que querem, não os fazer sofrer sem entendimento...mas, nós conseguimos saltar este sacrifício, pelo seu futuro e aquilo que sentimos ser o que assegura, eles conseguirem vir a ser, o melhor que podem ser. Colocando tudo isto à frente da minha dor, ou da minha vontade de não sacrificar quem amo, e não me sacrificar a mim, por quase não aguentar ver sofrer.


Mas, isto é essencial, diferencia os amigos dos pais, os avós dos pais, os tios dos pais...isto dá regras e limites, e felicidade à criança. E, mais tarde, quando os resultados se começam a tornar evidentes, e a criança já é jovem, ou adulto, percebe-se então tudo, e os nossos amores de sacrifício, são recompensados pelos adultos que criámos e com quem agora sim, podemos ser amigos, confidentes, companheiros...e mães para a Vida toda...

Pois agora que eles são crescidos, nós continuamos a querer estar lá, proteger, e representar o papel principal das nossas Vidas...sempre!

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