terça-feira, 19 de março de 2013

Fazer mudança...

Tenho famílias, casais, pessoas a chegarem até mim, deprimidas, cheias de receios, presas nas suas próprias vidas, pelo castelo de cartas que construíram em seu redor, tudo isto por factores externos às usas questões reais de família, ou de relacionamento interpessoal, entre os membros do sistema...chegam assim, porque para além da Vida, dos seus truques e cambalhotas, esta "nova crise", financeira, de sociedade, de valores, de escassez...está a ter um impacto enorme na maneira de estar das pessoas e nas dinâmicas geradas no sistema familiar. 

Falemos um pouco sobre isto, não da forma política, porque não é temática na qual sequer me queira envolver, mas no sentido emocional de mudança, de estratégias para seguir em frente, em paz e com mais harmonia.

Em primeiro lugar, há que preservar um espaço para a família, principalmente se existirem crianças, seguro, e que não seja invadido por constantes comentários sobre o que se passa no exterior da vossa vida, por muito que isso vos esteja a afectar.

A estratégia tem de ser descobrir até que ponto afecta, que medidas é que tem de ser colocadas em funcionamento para suportar os cortes, as faltas, estabelecer metas e listas de tarefas. 

E depois, ter uma conversa com todos, pedir a ajuda e colaboração, para implementar essas estratégias de poupança, mas terem o cuidado de não tornar este assunto uma visita da casa, que aparece a toda a hora, pois cria uma cobrança desnecessária, e um sentimento de impotência que já é difícil de suportar no adulto, muito mais na criança.

O reviver, relembrar ou constantemente cobrar, cria negativismos, e incapacita.

Uma outra estratégia crucial, é a de que têm de continuar com rotinas vossas, que já eram parte dos hábitos, e que vos traziam próximos, por exemplo, se não podem jantar fora, tantas vezes, improvisam em casa, uns pic-nics, uns petiscos, mas organizados em ar de festa. Se não podem passear tanto, por causa da gasolina, arranjem caminhadas, descobertas mais perto de casa. Se alugavam filmes, e agora não podem, usem a box para gravar uns quantos ao longo da semana, e depois vejam, numa tarde...

A ideia que estou a tentar passar, e que não tem de ser mais exemplificada, é a de que, as vossas rotinas de família, que vos ligam, unem, e conseguem dar momentos de felicidade não podem desaparecer ou ser anuladas, pois retira-vos a perspectiva do porquê dos esforços. 

E reduz drasticamente os momentos de alegria, ou felicidade, que animam, que incentivam,  para o resto da caminhada, e não vos ajudam de um todo, se vos fazem sentir pior, e mal convosco e com a vossa vida.

A solução passa por acreditar que existe uma crise, não fingir que esta situação não é real, e continuar a viver a vida como sempre, pois os custos emocionais de tal atitude são muito pesados, e acarretam consequências a seu tempo, muito mais graves. 

Mas, se se assumirem, como uma equipa a resolução, e conseguirem criar métodos, de corte, de ajuste, de adaptação, então é dar um tempo, e apenas de vez em quando, em períodos estabelecidos por vós, verificarem se está a correr bem, se precisa de ajustes, se há folgas...

Ou seja, a solução passa por sermos agentes de mudança e de adaptação, por muito que isso custe, evitando que o custo que isso carrega, se espalhe como uma gripe, pelos membros da família e por si mesmo, enquanto indivíduo, pois é sempre mais difícil seguir em frente se me sinto doente e sem forças.

É realmente desenhar projectos que permitam um equilíbrio e aí apostar em manter a boa disposição, a fé de que se consegue sair, de que se é capaz, de que muitas das coisas com que vivíamos até podem não fazer falta, é fazer uma mudança de paradigma mental e acreditar que precisamos de voltar a ser uma sociedade mais virada para o ser do que para o ter.

É pensar que a história da humanidade, está repleta de crises, umas mais sérias outras menos, que às vezes nos levam a caminhos com melhores valores, mais qualidade de vida, é focar neste momento de conflito, de adapatação, como um ponto de crescimento e desenvolvimento, aproveitando a crise para inovar, desenvolver novas estratégias, aprender velhos hábitos, recuperar velhas tradições, que existiam com esse propósito - o de poupar.

É batalhar, sempre, em esperança que a mudança está em todos nós, a solução está em todos nós...vamos fazer favores em cadeia, vamos trocar serviços e géneros, vamos recorrer à comunidade alargada, à família alargada, vamos preocupar-nos mais com a qualidade da nossa vida, do que com o que temos...deixem vir a mudança, e se focarem o vosso esforço em encontrar soluções, algumas aparecem, algumas provocamos nós.

 

Só quero é que entendam, que a mensagem que quero passar, é a de que deprimidos, ou não, tristes, ou não, este momento está a passar-se, por isso, se conseguirmos, passá-lo e ultrapassá-lo em bem, em paz e com esperanças renovadas, saímos vitoriosos da crise, sem mais prejuízos dos que aqueles que ela já deixa...

Claro que este meu discurso, optimista, e a tentar convencer-vos que o nosso cérebro, a nossa disponibilidade psicológica, tem influência na forma como nos sentimos, em momentos como estes, não quer de forma nenhuma desrespeitar, ou ofender, pessoas que se encontram em sérias dificuldades, e que não têm como tornar mais doce a sua realidade. A esses devemos todos nós, que ainda temos mais do que julgamos precisar, estender a mão e ajudar, pois podemos fazer a diferença. 


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